Nesta sexta-feira (16), ACM Neto (União Brasil) encerrou a rodada de entrevistas feitas pelo Acorda Cidade com os candidatos ao governo da Bahia nas próximas eleições, que ocorrerão no dia 2 de outubro.
Jerônimo Rodrigues, do PT, foi o primeiro entrevistado (confira aqui), e posteriormente os candidatos João Roma (PL) (veja aqui) e Kleber Rosa (Psol) (confira aqui).
Com mais de 20 anos de trajetória na vida pública, o candidato iniciou a entrevista contando como iniciou na carreira política, ainda jovem.
“A minha primeira função foi quando eu tinha 19 para 20 anos, comecei como assessor da Secretaria Estadual de Educação. Trabalhei lá até 2002, quando disputei minha primeira eleição para deputado federal. De 2002 a 2012, exerci três mandatos como deputado federal, sempre apontado como um dos mais atuantes e influentes de todo o Brasil. Depois fui convocado pela população de Salvador para assumir a prefeitura. Esse foi sem dúvida um dos maiores desafios que tive até então, porque a cidade vivia naquele momento uma das piores fases de toda a sua história. Assumi o cargo em 2013, a cidade estava quebrada, as contas destruídas, a cidade não tinha dinheiro para nada, nem para recolher o lixo na rua”, afirmou ACM Neto.
Ele afirmou que com trabalho, dedicação e compromisso, foi possível mudar o quadro da capital baiana, e após 8 anos deixou o cargo com a avaliação de melhor prefeito do país, com mais de 80% de aprovação dos soteropolitanos.
“Depois elegi o atual prefeito Bruno Reis, com a condição de mais votado do Brasil. Então eu chego aqui podendo apresentar mais de 20 anos de vida pública, uma história que me permitiu acumular experiências, vivências, já lidei com todo tipo de situação, e portanto me preparei. Tenho conversado com os eleitores, que neste momento, muito mais importante que pedir voto, é que as pessoas avaliem, comparem, coloquem a história, os currículos, as realizações de cada um dos candidatos e cheguem à conclusão de quem é o mais preparado. E eu posso afirmar que me sinto preparado para ser o governador da Bahia”, enfatizou.
Educação
Durante o bate-papo, o candidato do União Brasil falou quais são as suas propostas para elevar a Bahia no ranking da educação no país.
“Primeiro, a gente tem que tirar a Bahia da lanterninha do Brasil. Infelizmente, nosso estado está em primeiro no que deveria ser o último, e em último do que deveria ser o primeiro. Somos primeiro lugar na violência e no desemprego, e estamos em último lugar na qualidade de ensino. O próximo governador terá um enorme desafio de enfrentar essa situação, que foi deixada depois de 16 anos pelo governo do PT e é bom lembrar que o atual candidato que representa este grupo foi secretário de educação e deixou a Bahia em último lugar na nota do Ideb, de todo o Brasil. Vamos virar esse jogo, de um lado, com a parceria dos municípios, trabalhando ao lado das prefeituras, porque a educação começa na creche, na pré-escola, portanto, no ensino infantil e fundamental I, que são de responsabilidade das prefeituras, porém não dá para deixá-las sozinhas”, declarou.
Segundo ele, a proposta é criar um fundo para ações conjuntas do governo do estado com os municípios.
“A minha proposta é que a gente dê suporte pedagógico, ajude na qualificação profissional, preparação dos professores, na avaliação externa dos alunos, e finalmente, que a gente possa premiar as prefeituras que tiverem melhor desempenho no avanço da educação. Acho que é um estímulo adicional, e não interessa qual o partido do prefeito, para que ele possa investir na educação. Do outro lado, a grande estratégia, que tem a ver com o ensino médio, e é de responsabilidade direta do governo do estado, é ampliar significativamente o ensino em tempo integral, para que os estudantes possam estudar os dois turnos e com isso tenham uma educação muito mais completa. Queremos levar os conceitos de empregabilidade, colocação no mercado de trabalho, empreendedorismo, para a grade curricular do ensino médio, afinal de contas muitos jovens se ressentem de concluir e não se sentem preparados para encarar os desafios do mercado de trabalho”, disse.
De acordo com ACM Neto, será preciso investir em qualificação profissional e a preparação de mão de obra dos jovens, aliando tudo isso ao uso da tecnologia.
“Vamos trabalhar tudo isso com tecnologia, conectividade, vamos dar um tablete para cada aluno da rede estadual, de maneira que ele possa ter um aprendizado mais atualizado e tenha condição de recuperar o tempo perdido, porque a gente sabe que a pandemia tirou dois anos consecutivos dos nossos jovens. Então, com a tecnologia, vamos completar o que ele aprende na sala de aula e dar o reforço escolar para que recupere o que foi perdido no passado”, destacou.
Saúde
No campo da saúde, o candidato destacou como desafio a gestão da fila de regulação no estado, que, segundo ele, não deve acabar, porém precisa ser melhor administrada.
“Eu acho que de todos os problemas que a gente enfrenta, talvez esse seja o mais sentido pelos baianos do interior. Tenho sido muito sincero e quem conhece sabe que não virei aqui com promessas eleitoreiras. Sou muito cuidadoso e tenho muito compromisso com minha palavra. O que vamos fazer com a regulação? Não dá para acabar com ela, mas dá para acabar com essa longa espera, primeiro, refazendo a regulação. Hoje, a gestão da regulação se perdeu. É preciso ter profissionais qualificados, trabalhar com tecnologia, colocar a fila para andar. São Paulo, que é um estado muito maior que a Bahia, tem um modelo de regulação que funciona. O primeiro desafio vai ser enfrentar a gestão da regulação e mudar o perfil dela no estado. Por outro lado, vamos ter que ampliar os serviços, a rede de assistência à saúde, para retirar da regulação alguns procedimentos que são urgentes e não podem esperar. São os chamados procedimentos de socorro à vida”, disse.
Como exemplo de procedimentos que devem ser priorizados e retirados da espera da regulação, estão o AVC, infarto, partos de urgência e acidentes. Estes, segundo o candidato ao governo, devem receber atendimento imediato.
“Para os demais casos, é preciso continuar havendo a regulação. E o caminho é aumentar a produtividade dos hospitais já instalados, colocando para atender uma quantidade maior de pessoas e com um número maior de serviços. Segundo, é construir novos hospitais regionais, pois existem regiões na Bahia com verdadeiros buracos assistenciais na saúde, que só vamos resolver com a construção de hospitais regionais. A próxima estratégia é a implantação de hospitais microrregionais. Vamos verificar quais são as cidades da Bahia que já tem hospitais municipais que funcionam e que podem ser ampliados, com novos serviços, pessoal, equipamentos, e a partir disso, transformá-los em microrregionais, para atender a oito ou dez municípios, e claro o governo vai pagar uma parte da conta”, informou.
Outro ponto abordado pelo candidato é a ampliação da parceria do estado com hospitais privados e filantrópicos.
“Para o cidadão que precisa da consulta ou do exame, não interessa se o serviço que está sendo prestado é público ou privado, o que interessa é que a pessoa seja atendida. São dois grandes desafios: de um lado a gestão e do outro mais investimentos. É preciso priorizar a vida e o cuidar das pessoas”, pontuou.
Segurança Pública
Quando à segurança pública, caso seja eleito, ACM Neto garantiu que irá trabalhar para reduzir os índices de violência e mortes, além da influência das facções criminosas dentro e fora dos presídios.
“O crime organizado, o tráfico, as facções criminosas chegaram, inclusive, dominando os presídios, e tudo isso acontece com o olhar compassivo por parte do governo do estado. Precisamos reagir, contratando policiais, fazendo concursos da Polícia Militar e para várias carreiras da Polícia Civil. O absurdo é hoje, em 2022, a quantidade de policiais, o efetivo da Bahia, ser menor que há 16 anos. As cidades cresceram, a população, os problemas se multiplicaram e o efetivo é menor. Vamos qualificar o policial e valorizar a carreira, dar um salário mais digno. O policial estará no centro da nossa estratégia”, disse.
O candidato do União Brasil prometeu investir em tecnologia para combater o crime. Ele informou que irá reforçar a segurança dos presídios existentes e construirá novos equipamentos de segurança máxima.
“Outro grande desafio é a questão dos presídios, onde mais da metade dos crimes cometidos no estado tem origem do presídio. O preso e a facção criminosa estão lá dentro sendo bancados pelo estado, portanto, pelo cidadão, pois quem paga a conta para manter o preso somos nós e está de dentro do presídio dando ordem para a prática de crimes. Então vamos ter que reforçar a operação dos presídios que já existem e implantar novos presídios de segurança máxima, cortando qualquer comunicação de dentro para fora e fazendo que lá seja um lugar de efetivo cumprimento de pena”, declarou ACM Neto.
Por último, segundo o candidato ao governo, será preciso trabalhar em articulação com o Poder Judiário e o Ministério Público.
“Não dá para a polícia prender e a Justiça soltar. Então vou colocar na mesma mesa todas as autoridades envolvidas para que cada um compreenda a sua responsabilidade e faça o seu papel”, salientou.
Questionado sobre a última pesquisa Datafolha, que indicou uma queda de 5% nas intenções de votos dos eleitores em relação a ele, ACM Neto argumentou que prefere não comentar os números e focar em um cenário que aponta para sua vitória logo no 1º turno.
“Todas as pesquisas sérias que foram divulgadas na Bahia até o momento, apontam para uma vitória nossa em 1º turno. É claro que a decisão será do eleitor, se terá 2º turno, quem vai ganhar. Isso não cabe a mim, sou candidato, tenho apresentado minhas propostas, minha vontade de trabalhar pela Bahia. A pesquisa é um retrato, que pode ou não se confirmar, e eu espero que se confirme, mas é claro que a escolha será dos baianos no dia eleição”, destacou.
Sobre a possibilidade de apoiar algum candidato à presidência, em um eventual 2º turno no Brasil, e as chances de compor com João Roma, ACM Neto ressaltou que não mantém contato com o candidato do Partido Liberal, e que prefere não se adiantar em relação às alianças.
“Eu não tenho mantido nem estabelecido diálogo com João Roma, já há muito tempo. Não está nos meus planos qualquer tipo de aliança com ele. Agora esse é um assunto que eu não tenho que antecipar. A gente não sabe o que vai acontecer no dia 2 de outubro. Vamos esperar o resultado das urnas, para depois conjecturar qualquer tipo de aliança e como vão ficar as composições. Uma coisa posso assegurar ao meu eleitor, que manterei a minha coerência, o meu discurso. Tudo o que me ouviram falar até aqui, a exemplo do compromisso de governar a Bahia com o próximo presidente que será escolhido em outubro está mantido”, encerrou.
Ouça a entrevista na íntegra:
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