Eleições 2012

Candidatos das cidades com pior IDH da Bahia preveem gastos milionários

No ranking dos 20 municípios do estado com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), terá uma campanha a prefeito quase cinco vezes mais cara que a de Salvador, na proporção custo por habitante

Acorda Cidade

Umburanas, na microrregião de Senhor do Bonfim, uma das mais de 200 cidades  baianas assoladas pela seca deste ano. , 31% dos 17 mil moradores são analfabetos, de acordo com o IBGE. Nenhuma das nove unidades públicas de saúde locais tem equipamento de hemodiálise, serviço de emergência, internação ou UTI.

E, mesmo no ranking dos 20 municípios do estado com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), terá uma campanha a prefeito quase cinco vezes mais cara que a de Salvador, na proporção custo por habitante.

Os dois únicos candidatos  de Umburanas declararam à Justiça Eleitoral a intenção de gastar R$ 1,3 milhão na campanha. A previsão de Roberto Bruno (PRP) foi de R$ 1 milhão. A da adversária, Mirian da Silva (PDT), mais R$ 300 mil. O que resulta em um gasto médio de R$ 76,47 por habitante.

Para efeito de comparação, em Salvador, a média declarada pelos seis prefeituráveis foi de R$ 15,80 por pessoa. Confrontado com os índices, Roberto Bruno  contemporiza: “Foi um valor alto, que o representante da coligação daqui colocou. Devemos gastar 25% desse valor”.

Briga de milhões
Entre as 20 cidades que estão na rabeira do IDH baiano, Umburanas é a campeã no gasto de campanha. Mas não está sozinhaJuntos, os candidatos dos municípios menos desenvolvidos planejam gastar R$ 21,6 milhões nas eleições, média de R$ 45,74 por pessoa. Na maioria dos municípios da lista, apenas dois postulantes concorrem e, em 13 deles, a população não passa de 20 mil.

É o caso de Santa Brígida, com 15 mil moradores. Os dois concorrentes da cidade, situada na divisa com Sergipe, planejam gastar R$ 49,80 por habitante.  E, assim como em 18 outros municípios com baixo IDH, Santa Brígida integra o rol dos assolados pela seca, com 86,5% da população afetada, de acordo com a Defesa Civil do estado.

Para chegar ao poder, sete candidatos das cidades menos desenvolvidas da Bahia estimaram gastos dignos de uma campanha nas maiores cidades baianas. Em Araci, no Nordeste baiano, a prefeita Maria Edneide Pinho (PSD) pretende gastar R$ 1,7 milhão na disputa pela reeleição no município de 51,2 mil habitantes. O valor é R$ 200 mil a mais do que foi previsto pelo seu único concorrente, o fisioterapeuta Antônio Carvalho Neto (PDT).

Ambos planejaram desembolsar mais do que o prefeito de Feira de Santana, Tarcízio Pimenta (PDT), que previu gastos de R$ 1,2 milhão. Com a diferença de que a população de Feira é dez vezes maior que a de Araci. E, para completar, tem fatores que encarecem uma campanha, como os custos com a produção de propaganda na TV e no rádio.

“Existem urgências aqui, com as quais esse dinheiro poderia ser gasto”, opina o vendedor Antonio Brito, morador de Araci 36 anos. Para Brito, a educação é a maior necessidade do município, onde apenas três escolas públicas têm ensino médio e nenhuma delas é municipal.

Coordenadora de uma escola particular de Araci, Manuela Teixeira acredita que a grana da campanha seria melhor investida se aplicada na formação dos professores municipais. “Se esse dinheiro fosse empregado na saúde ou na educação seria insignificante, mas para uma campanha é alto”, avalia.

Tem razão: De acordo com o portal da prefeitura, de janeiro a junho de 2012, os gastos em saúde e educação somaram R$ 6,4 milhões e R$ 18,1 milhões, respectivamente.

Arte: Correio

Fonte: Correio

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