Foi realizada na manhã desta segunda-feira (8) na Câmara Municipal de Feira de Santana, uma audiência pública para discutir o atual cenário da saúde básica da cidade. O autor do requerimento foi o vereador Silvio Dias (PT).
Ao Acorda Cidade, ele explicou que este encontro foi motivado diante das dificuldades encontradas pela população em busca de atendimentos médicos ou medicamentos.
“Nós estamos aqui discutindo a atenção básica, é justamente aquela saúde preventiva e infelizmente, nós estamos observando que muitas pessoas estão reclamando da falta de atendimento médico, da falta de medicamentos e esta falta de atenção, leva-se ao agravamento das doenças, isso impacta no atendimento de alta complexidade que é realizado pelo Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA). Estamos aqui com vários representantes e para que as pessoas tenham ideia, apenas 4% das mulheres aqui de Feira de Santana, possuem acesso ao preventivo e isso é um absurdo, um exame que é tão importante para identificar o câncer de colo de útero e apenas essa quantidade possui acesso”, afirmou.
Representantes da Secretaria Municipal de Saúde e do Ministério Público do Trabalho não estiveram presentes na audiência.
“A Comissão de Saúde, na qual estou presidente, convidou a todos e nós recebemos agora pela manhã, um ofício da Secretaria de Saúde onde justifica a ausência em razão do falecimento do irmão do prefeito Colbert Martins. Já o Ministério Público não apresentou nenhuma comunicação e posso dizer que é uma grande falta, porque Feira de Santana adotou um modelo de terceirização da mão de obra. O limite de orçamento é de 54% e Feira de Santana atualmente tem um gasto de 44%, ou seja, ainda restam 10% que poderiam ser utilizados para contração de profissionais via concurso público, mas a cidade de Feira de Santana optou por fazer através da terceirização”, afirmou.
A diretora do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), Cristiana França destacou que com a falta do atendimento básico feito pelo município, sobrecarrega a unidade hospitalar.
“A saúde básica é o alicerce da saúde para qualquer município, e quando o município possui uma saúde básica e organizada, os munícipes pouco precisam de uma unidade hospitalar, mas quando isso não acontece, deixa um déficit muito grande para os hospitais, não somente o Clériston. Nós atualmente, temos um atendimento para 128 municípios, porém a maioria vem de Feira de Santana, então por exemplo, um paciente que não tem o acompanhamento básico pelo município, já chega no Clériston com um AVC, o paciente diabético já chega no Clériston com um problema grave no dedo, no pé e muitas vezes precisa ser amputado. A atenção básica precisa ser dever do município”, relatou.
Quem também esteve presente na audiência pública, foi a representante do Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia (SEEB), Cristiane de Araújo Gusmão.
Ao Acorda Cidade, ela afirmou que a responsabilidade do pagamento dos funcionários da saúde, também é da Prefeitura Municipal de Feira de Santana.
“Não é porque a prefeitura faz apenas o repasse para a empresa, que deixa de ser uma responsabilidade também do município. Existe uma correlação quanto a isso, ou seja, é uma responsabilidade primária do município que tem a obrigação de fiscalizar, verificar se as ações que estão previstas dentro do contrato assinado, estão acontecendo. Caso contrário, a prefeitura tem o direito de romper o contrato e todo mês é este sofrimento. Nós acertamos com o Ministério Público do Trabalho e este pagamento foi através de uma ação, mas ainda teremos uma outra audiência no dia 18, para falar justamente das condições de trabalho e caso não sejam resolvidas, serão judicializadas”, afirmou.
Cristiane também aproveitou para enfatizar como anda a saúde mental dos profissionais da saúde.
“Existem muitos profissionais que possuem contas para quitar e que muitas vezes, são sozinhas, às vezes mantém uma família e está faltando dinheiro para colocar comida na mesa. Eu sei de várias vaquinhas que as pessoas estão fazendo para ajudar alguns trabalhadores porque a situação ficou muito difícil. Com tudo isso, as coisas vão se acumulando, os juros aumentando e não tem como uma pessoa ficar com uma mente saudável desta forma”, finalizou.
Com informações do repórter do Paulo José do Acorda Cidade
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