Foi realizada nesta sexta-feira (14), na Câmara Municipal de Vereadores, uma audiência pública com o objetivo de discutir a prática de esportes realizados com cavalos em Feira de Santana.
O evento foi proposto através de requerimento apresentado pelo vereador Silvio Dias e contou com a presença da Associação de Cavalgadas do município, representantes do poder público municipal, especialistas da área de saúde e bem estar animal, além do deputado federal José Neto.
O presidente da Associação de Cavalgadas de Feira de Santana, Jucimário Vitório de Jesus, conhecido como Mário do Gás, informou em entrevista ao Acorda Cidade que o esporte de cavalgadas é também uma cultura e fonte de renda para a região.
“Não tenho um número exato, mas hoje são realizados em Feira uma média de quatro cavalgadas por final de semana, aos sábados, domingos e feriados. De 200 a mil animais participam destes eventos, que às vezes conseguem o apoio do poder público, como toldos, carros de som, atrações, palco, a depender se a festa fizer parte do calendário do município, que possui seis ou sete eventos registrados, nos distritos de Governador João Durval (Ipuaçu), Jaguara, Socorro, em Tiquaruçu, Alecrim Miúdo, Caatinga, Jaqueira e Boa Vista”, explicou.
Para ele, o apoio que é dado pelo poder público municipal ainda não é suficiente.
“Precisa de mais apoio do governo municipal e também estadual. Mesmo a festa fazendo parte do calendário, temos a questão da estrutura física, mas as atrações eles não dão, e o que dizem os projetos de lei é que o poder público vai arcar com esses eventos, que movimentam muito a economia da cidade, por meio das cervejarias, selarias, lojas de roupas e calçados, marca de bebidas, alimentação, então é muita coisa. Nos últimos 4 e 5 de março, conseguimos trazer pessoas de mais de 20 municípios para a Carnavalgada, do grupo Chapéu de Couro, onde tivemos pessoas do poder público municipal, políticos de outras cidades, e através da associação, que é de Feira e outros municípios, conseguimos o apoio de outras cidades”, exemplificou.
O vereador Silvio Dias salientou que a cultura do cavalo em Feira de Santana é muito forte, pois faz parte da história da cidade.
“É cultura, lazer, mas também economia. Nós vimos aqui nesta audiência pública a importância econômica que têm esses eventos, por isso nós propomos esse encontro e trouxemos aqui vários grupos, que existem mais de 50 em Feira de Santana. Tivemos a associação que organiza esses eventos aqui, e temos aqui presentes doutores da Ufba (Universidade Federal da Bahia), veterinários e o poder público municipal para discutir a importância de dar visibilidade e buscar formas de potencializar ainda mais esses eventos em nossa cidade”, destacou.
Além da questão do potencial econômico, conforme Silvio Dias, foi tratada também a questão do bem estar animal na audiência.
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“Temos aqui próximo a Feira de Santana uma unidade da Ufba, que cuida da equinocultura em nossa região e poucas pessoas sabem disso. Temos aqui também representantes da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), que têm um trabalho de equoterapia importante na cidade, então há várias áreas, tanto da saúde, como do lazer e da economia, que lidam com cavalos, que está intrinsecamente ligado à nossa história. Temos a cavalgada, a pegada do boi, o team penning, então são vários esportes da equinocultura ligados à nossa região, que precisam ser valorizados.”
O Professor doutor Domingos Caxineiro Rodrigues Dias, médico veterinário e professor da Escola de Medicina Veterinária e coordenador do Centro de Desenvolvimento da Pecuária da Ufba, afirmou na tribuna livre da Casa que Feira tem a segunda maior tropa de cavalos do Brasil.
“Esse é um dado oficial do Mapa, que é o chamado complexo agronegócio do cavalo. Isso é um estudo, se não me engano de 2017, e está bem documentado. Essa pujança da equinocultura não está só documentada em publicações oficiais, a gente vê isso na atividade. Tratamos muito hoje da atividade de cavalgada, mas existem outras, principalmente a vaquejada, team penning, argolinha, que representam essa cultura da ligação milenar do homem com o cavalo, uma cultura enraizada, e aqui em Feira de Santana a gente sabe que a cidade foi criada no lombo do cavalo, do muar, dos tropeiros, toda essa história que é bem conhecida. Então viemos aqui representar a Escola de Veterinária e Zootecnia da Ufba, que fica em Oliveira dos Campinhos, que é o nosso hospital veterinário, o qual atende ruminantes e equinos, colocando-nos à disposição para ajudar na promoção da saúde e do bem estar dos animais envolvidos nessas atividades”, explicou.
Ele defendeu ainda que o tema do bem estar animal em esportes é algo que precisa ser debatido à luz da ciência.
“Eu acho que a primeira coisa a ser feita é procurar quem tem expertise nesse assunto. A questão do bem estar animal, infelizmente, na sociedade, é muito tratada com base em ideologias, de opiniões pessoais, que tornam esse tema uma bandeira a ser defendida, quando na verdade o que nós propomos é que esse tema seja debatido à luz da ciência. Propomos que esses eventos sejam feitos, da mesma forma como na vaquejada, que tem regulamento, manual de bem estar, a presença do médico veterinário, juiz de bem estar animal, pois o cavalo nessas atividades é o protagonista e precisa ser bem cuidado. O profissional que domina essa ciência é o médico veterinário, o zootecnista, então nossa proposta é que os organizadores das cavalgadas, vaquejadas, esportes equestres, regulamentem a atividade baseado no que a Medicina Veterinária e a Zootecnia têm a dizer, de forma científica”, propôs.
O deputado federal Zé Neto aproveitou a sua participação na audiência pública para anunciar investimentos no setor e um grande evento a ser realizado em Feira de Santana até o final do ano, com participação do governo do estado.
“A Associação de Cavalgadas estava aqui representada pelo seu presidente, Mário do Gás, e outros grupos também já conversamos, e disponibilizei R$ 200 mil de emenda parlamentar, já havia colocado na entidade uma caminhonete nova, mais R$ 100 mil este ano, e agora no final do ano, vamos realizar com o apoio do estado, a maior cavalgada do Nordeste, e se possível do Brasil. Queremos chamar o município e as forças econômicas da cidade, porque por trás dessa cultura do cavalo em Feira tem um grande arsenal econômico, social, cultural e de preservação das nossas origens. Então acho que a gente tem condições de fazer uma grande festa e consolidar de vez o que a gente já tem e só precisa ser consolidado. Feira tem a segunda população de cavalos embaiados do Brasil, sem contar os que são criados nas propriedades. No total já são R$ 570 mil em emendas. Quero colocar mais daqui até o fim do ano, para a gente fortalecer essa cultura do cavalo em Feira”, anunciou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
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