O empresário feirense Zé Chico, que foi candidato ao cargo de deputado federal pelo União Brasil e obteve 34.540 em Feira de Santana no primeiro turno da eleição, expressou novamente nesta terça-feira (1º) o seu descontentamento com o grupo político, liderado no município pelo ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho, e adiantou que existe a chance de não permanecer no partido, caso não obtenha uma posição favorável.
Na avaliação dele, os números alcançados pelo partido em Feira de Santana falam por si só, e faltou mais apoio por parte dos políticos que fazem parte do grupo na cidade à sua candidatura. Desse modo, segundo Zé Chico, ele entende que precisa avaliar sua participação dentro do grupo e por isso há possibilidade de seguir por outro caminho.
“Se você olhar os números de Feira de Santana no primeiro turno, vai ver que o candidato a governador ACM Neto teve 140 mil votos e nós tínhamos uma preferência como candidatos do União Brasil em Feira de Santana e tive 35 mil. Os números dizem por si só: que o grupo, infelizmente, me quer como apoiador, empresário, a pessoa que quando vêm as campanhas, eu estou totalmente disponível e fiz isso em 2020 muito, as pessoas viram em Feira de Santana que participei da coordenação da campanha. Mas, quando eu coloco o meu nome, eu acho que, politicamente, as pessoas me vêem mais como empresário do que como político”, refletiu Zé Chico nesta manhã, em entrevista ao Acorda Cidade.
Ele acredita que apostou muito na cidade e no grupo liderado por Zé Ronaldo, acreditando que teriam um olhar diferente para ele, mas se decepcionou com o retorno.
“Infelizmente, muitas dessas pessoas não tiveram, e a gente tem que fazer uma reflexão, que foi o que fiz durante esse período do segundo turno. Fui claro e não fui para a campanha como deveria ir, não saí do grupo, mas fui procurado por vários amigos do outro lado, e são pessoas que são do meu trato também, como Wilson Cardoso, Ângelo Almeida, que é meu primo, e outras pessoas que me ligaram, então a gente tem que saber realmente qual é o nosso papel neste grupo, se é só apoiador ou se tem espaço para ser candidato. Porque você ser candidato duas vezes e não ter o respaldo do grupo em geral, com algumas exceções lógico, mas para se ter uma ideia, eu só tinha três vereadores. O que Feira de Santana quer? Representantes que morem aqui, que são daqui, e conheça os problemas, ou vai ficar sempre tendo essa avalanche de deputados que vem aqui pegar o voto e que a gente nem sabe quem são. Quando você tem filhos da terra e que têm representatividade, tem que ser mais abraçado, e infelizmente eu não fui abraçado da forma que eu esperava”, declarou o empresário.
Segundo Zé Chico, ele quer se reunir com o grupo político antes de tomar uma decisão sobre a sua permanência ou saída.
“Os números dizem por si só: 140 mil votos para ACM Neto e 35 mil para mim, e 5 mil para a deputada Dayane Pimentel. Aí só deu 40 mil votos, então tem alguma coisa errada, que precisa ser consertada. Se o grupo quer crescer e permanecer unido tem que sentar à mesa e dizer por que pessoas trouxeram candidatos de fora. A maioria do grupo que teve capacidade eleitoral trouxe candidatos de fora. É isso que precisa ser explicado. E isso não é só para mim, é para qualquer feirense que colocar o seu nome à disposição. Para participar de uma eleição dessa forma é muito complicado”, afirmou.
Para ele, a votação de Pablo Roberto, que conseguiu se eleger para deputado estadual com 55.585 votos, sendo que somente em Feira, foram 42.635 votos, obteve o apoio do grupo, mas o mesmo não foi visto em relação a Carlos Geilson e a ele na eleição.
“Simplesmente não vimos. Temos que falar a realidade, e se vai doer em alguém, isso não me compete. Eu tenho certeza que o grupo não se empenhou, a maioria trouxe candidatos de fora, inclusive em órgãos do município. Agora como vai se cobrar os candidatos de fora que ganharam votos daqui, onde vamos achar essas pessoas para cobrar? Vamos votar nos candidatos que tenham compromisso com a cidade. Eu só fiz aliança com candidatos a deputado estadual de Feira de Santana. Tive oportunidade de trazer de fora, mas não fiz, porque eu respeitei o que eu pregava. 35 mil votos é uma votação boa, mas em um colégio eleitoral de mais de 400 mil pessoas imaginávamos um quantitativo maior de votos. Agradeço as pessoas que votaram, mas vamos repensar muito como vamos conduzir a nossa política”, declarou.
O empresário lembrou que quando foi suplente do senador João Durval , trouxe R$ 10 milhões em emendas para Feira de Santana.
“Está aí a Ayrton Sena, que foi uma emenda que nós fomos lá brigar e aconteceu, o telhado do Feiraguay e outras pavimentações que tiveram em Feira de Santana. A minha ideia era essa como feirense, empresário da cidade e como político, era trazer o máximo de emendas possível para a cidade. Até brinquei com Zé Neto sobre isso, e o interessante é que ele não me deu trabalho. Conseguimos fazer uma campanha em que ninguém tirou o voto de ninguém, e conversei com ele que a gente ia brigar para ver quem traria mais recursos para Feira de Santana, e ele deu risada, e ele queria isso e não entende por que o nosso grupo não colocou meu nome como deputado federal. Não houve realmente empenho de certas pessoas do grupo, que votaram em pessoas de fora”, disse.
De acordo com Zé Chico, após o resultado do primeiro turno, ele esperava também um diálogo maior com as lideranças do União Brasil.
“Eu tive uma conversa por telefone com Zé Ronaldo e em dois dias com Fernando de Fabinho, mas o candidato ACM Neto não me ligou e ninguém da cúpula de cima. Como é que eu vou sentar à mesa com pessoas que não votaram em mim e tiraram minha eleição? Se eu sou correto com as pessoas, têm que ser corretos comigo. Temos que tirar essa máxima da política que só presta a pessoa que é enrolada. Tem muita gente boa lá e que cumprem o que falam. Eu não fui para a campanha do segundo turno de ACM Neto, mas meu pessoal foi, eu não me senti confortável em sentar com essas pessoas”, comentou.
Sabendo da insatisfação de Zé Chico, após a eleição, políticos de outros partidos, a exemplo do PT, ligaram para ele. No entanto, o empresário disse que só irá tomar uma posição após conseguir entender o que realmente aconteceu dentro do grupo de José Ronaldo.
“Ângelo Almeida, a vida toda é me chamando para o PSB, é uma pessoa com quem eu convivo, mas eu tenho outra linha e também respeito a linha dele. Rui Costa me ligou, e Jerônimo também. A gente não poderia tomar nenhuma posição neste sentido, mas acho que tem que ficar claro qual é a minha participação no grupo. Em 2020, fomos para a campanha e conseguimos eleger Colbert e Fernando de Fabinho. Eu imaginava que iria ser abraçado e acolhido, da mesma forma que fui para ir para a campanha. E o grupo, com exceção de algumas pessoas, não fez essa mesma volta”, declarou.
Zé Chico salientou que existe uma divergência dentro do grupo do União Brasil em Feira, algo que é notório, de pessoas que não aceitam a liderança de José Ronaldo.
“Eu acho que o grupo tem alguma divergência de liderança, é notório isso. Tem uma participação muito forte do nosso amigo Zé Ronaldo, mas acho que existe dentro do próprio grupo pessoas que resistem a essa participação. O problema é tão grande que estivemos na iminência de perder em Feira de Santana. Eu não tenho cargo no governo do estado, não tenho cargo no governo municipal, mas o nosso pessoal também não pode ficar à deriva. Eu não vou tomar uma posição até ter uma conversa com o grupo. Mas se for para ficar no grupo vamos ter que ter uma conversa muito clara e explicativa sobre o que aconteceu, pois eu vi órgãos da prefeitura trabalhando para pessoas de fora”, reiterou.
Ouça a entrevista na íntegra:
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