Programa Acorda Cidade

Analistas políticos discutem resultado das eleições 2010 em Feira

Humberto Cedraz e Glauco Wanderley participaram de um bate-papo no programa Acorda Cidade. Dentre os assuntos abordados, os criticos falaram sobre a derrota de Colbert Martins e Sérgio Carneiro; Eliana Boaventura nas eleições; Votação de Graça Pimenta; e Fidelidade partidária.

Atualizada às 16h47

Williany Brito

Em um bate-papo com tema livre, participaram do programa Acorda Cidade, na manhã desta segunda-feira (18), o analista político Humberto Cedraz e o jornalista Glauco Wanderley, do jornal A Tarde. O resultado das eleições foi destaque na conversa em estúdio, com o apresentador Dilton Coutinho.

O primeiro assunto foi a derrota de Colbert Martins e Sérgio Carneiro.

Humberto Cedraz: Colbert faltou entrar um pouco no jogo. Ele está acostumado com o voto de opinião, que tradicionalmente é o correto. Foi assim que fez ao longo da vida e perdeu de vista a evolução política. Como se diz, é bom ter essa precaução descarada de votos. Feira perde muito e a Bahia também, pois ele é um bom parlamentar. Faltou gastar um pouco mais de tênis e caminhar um pouco mais. Ele teve o crescimento vegetativo. Teve 54% e foi para 58% em Feira.

Glauco Wanderley: Agora tem uma diferença muito grande entres os dois (Colbert e Sergio) nessa eleição. Colbert corre sozinho na pista no PMDB,  No estado inteiro, ele é um dos principais nomes mais bem votados por conta da votação que ele tem concentrada em Feira de Santana. Mas, enfim, Colbert tem o voto cativo dele. Ele não precisa sair de casa para ter aquela votação. Tanto é que ele teve o mesmo percentual de votos em Feira de Santana, e faltou pouco. Deveria ter tido um pouco mais para se eleger.

Já o Sérgio Carneiro, foi vítima da própria estrutura do PT. Foi um esquema pesado dentro do PT para eleger o pessoal que estava na cúpula. A cúpula do partido foi quem escolheu quem ia sobreviver. O resto, “se vira ai. Se conseguir, você vai”. O senador João Durval entrou na campanha, no final, para ver se salvava a candidatura de Sérgio Carneiro. 

H.C. – As pessoas não gostam muito de Sérgio no PT. E não tem razões, pois ele tem demonstrado uma afinidade com o PT e tem sido leal aquilo que o PT determina. A verdade é essa. Sérgio não merecia o tratamento dado pelo PT, de indiferença a figura dele dentro do partido.

G.W. – Cresceu bastante, em Feira, a votação para Sergio Carneiro. Mas, é isso. Só Feira não deu para eleger nem Colbert, que teve muito mais votos.

Eliana Boaventura nas eleições

H.C. – Candidata a prefeita. Agora só tem essa conversa com Eliana. O passado não interessa mais.

G.W. – Como diz Humberto, o passado não interessa mais. Ela tem que pensar pra frente na carreira dela. Mas eu acho que no momento em que ela declarou em teu programa a candidatura em 2012 e que não abre mão de jeito nenhum, está correto no ponto de vista de que como candidata a prefeita aumentava o cacife dela. Ela, ao ter recuado e desistido das candidaturas, onde ela tinha o apoio do partido dela ( PP), perdeu, realmente, com isso, ao não ser candidata. E, ao tentar, compor com um grupo onde tinha como candidato o prefeito Tarcízio Pimenta, que sempre foi um inimigo . A união entre eles durou alguns meses, como a gente previa.

H.C. – Era uma amizade que não podia ter encontro, porque senão tinha briga.

Votação de Graça Pimenta

G.W. – Talvez o prefeito Tarcízio Pimenta esteja decepcionado por ela ter sido em terceira e não primeira em Feira de Santana, já que tinha essa campanha ostensiva de Graça Pimenta. Para onde a gente olhasse, Graça Pimenta estava. A gente andando ouvia a música de Graça Pimenta o tempo inteiro.

H.C – A campanha teve muita visibilidade. Mas a verdade é que eu esperava uma votação maior. Tarcízio teve 38,500 votos na outra eleição. Graça é uma figura simpática, ninguém sabe o que aconteceu.

Acho que o excesso e a Ostensividade da campanha, visualização, terminou metendo um pouquinho de medo no eleitor e houve uma reação contrária dos outros candidatos, que partiram para cima, tentando desconstruir a campanha. Acho que aconteceu um pouco disso. A desconstrução comprometeu.

G.W. – Agora, uma ressalva, o voto não é de Graça. O voto é de Tarcízio. Graça é uma Dilma. Tirou do bolso do colete: “Olha aqui, essa é a candidata”. Ninguém conhece e ninguém sabe quem é Graça. Obvio que ela já exerceu cargos públicos como Dilma, também, exerceu. Mas o povo, não conhece Graça Pimenta.

H.C – Não vou dizer que o prefeito foi traído. O pessoal achou que o voto vinha com muita facilidade e não saiu de casa.

G.W – Uma outra resalva que precisa se feita é que Graça Pimenta fez campanha com Geddel e César Borges, quando eles vinham na cidade, com Paulo Souto, e apareceu em fotografia em Anguera, ao lado de Otto Alencar, vice do candidato Jaques Wagner. Ou seja, estavam participando de todas as coligações. Nesse sentido, a votação dela decepciona, sim. Mas, se elegeu.

Fidelidade partidária

H.C. Fica difícil ser candidato hoje. O político não é bola, para ficar rodando. Político tem que ter lado, posição. Isso, para o eleitor dizer: “Vou seguir esse, porque a linha ideológica dele é essa. É isso que o eleitor pensa. Senão, o eleitor fica doido mesmo.  Os partidos tem que fazer cumprir. Traiu, bota para fora. Tira esses PTs traidores. Pede cassação. Se não fizer isso, não vale a pena fazer política. Tem que virar uma anarquia mesmo.

Carlos Geilson, José de Arimatéia e Fernando Torres

H.C. – Nenhuma novidade na vitória. Geilson trabalhou. Ele urgiu. Ele costurou a campanha dele. Ele não ficou em casa. Ele saiu as ruas, trabalhou, e conseguiu com louvor esse mandato.  Fernando, também, trabalhou muito e correu atrás.

G.W – É notável, no caso de Geilson, o fato dele ter conseguido a eleição exclusivamente em Feira de Santana. Porque a gente acabou de falar no caso de Colbert Martins, extremamente votado em Feira de Santana, liderando a votação aqui e muito a frente do segundo mais votado, que foi Fernando Torres.  E Torres se elegeu e Colbert Martins não se elegeu e Geilson conseguiu.

H.C – Meu voto é de opinião. Não houve o convencimento, da forma que eu precisava. Eu tenho trabalhado muito no meu dia a dia e não poderia me ausentar do meu trabalho. Então não posso ficar devendo a ninguém. Não posso fazer o que muita gente faz sem poder, sem problema nenhum. É compreensível. Não tenho do que me queixar.  

José Ronaldo

H.C. – Ele fez um bom mandato, é o detentor do poder dentro do DEM. Ele diz: “O candidato é Tarcízio e eu sou eu”. Tarcízio é um dos cinco membros do diretório e Ronaldo tem os outros quatro. A relação está desgastada, e ninguém tem dúvida disso, ou tem? Para ficar, como vocês dizem, engomando? Está desgastada. Não se aperta a mão com vontade e não olha um no olho do outro. E Tarcízio só tem um jeito: é pegar cela e cair fora. 
 

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