O subcomandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPR-L), Tenente-coronel Muller, fez uma avaliação do número de homicídios registrados desde o fim de semana em Feira de Santana, chegando a um total de oito. Ele destacou que a polícia vem se esforçando e fazendo tudo que está ao alcance para prevenir que os homicídios aconteçam.
“Nós ficamos preocupados, estabelecemos novas formas de agir para fazer contenção de imediato, no domingo, um helicóptero fez sobrevoo na cidade, mas nos chama a atenção que desses homicídios que aconteceram, teve uma variação de ocorrências. Teve crime dentro de casa, em locais inóspitos como matagal, teve crime que nos remete a acreditar que houve ação de facções, teve execução de pessoas, crime passional, crime envolvendo parentes. O número oito é muito alto e chama a atenção, mas tem que entender que numa metrópole, por vezes, temos essas variáveis que merecem ser enfrentadas”, analisou.
Dentro do trabalho desempenhado pela polícia na luta contra a criminalidade, o subcomandante destacou a alta produtividade com bons índices de apreensão de arma de fogo, de prisão e de apreensão de droga em Feira de Santana.
“Os números são diferenciados em relação ao restante do Estado da Bahia. Temos uma Polícia Militar e Civil atuantes e a gente fala com convicção que as polícias têm trabalhado muito. Quando tem picos como o que nós tivemos aí no final de semana e numa segunda-feira, a gente não pode carregar essa responsabilidade sozinho. Eu não estou dizendo que nós não somos responsáveis pelos esforços para evitar o crime, mas existe uma complexidade de fatores que determinam isso”, afirmou.
Entre esses fatores, o Tenente-coronel Muller apontou problemas nas estruturas familiares, e lembrou que muitos jovens de 13, 14 anos estão praticando crimes de homicídio. Ele destacou que é necessário políticas sociais e a contribuição dos pais e mães, além da sociedade de forma geral, para mudar a atual realidade.
“Temos garotos envolvidos com organizações criminosas se tornando vítimas de violência. E aí nós nos perguntamos, o garoto de 14 anos se entrega para participar de uma organização criminosa, é a polícia militar que vai blindar esse garoto de dentro de sua casa? Não responsabilizamos diretamente pais e mães, talvez em um contexto social, mas nós temos uma juventude que não reconhece mais a autoridade de pai e mãe e precisamos de uma ação social muito bem desenvolvida para essa mudança de consciência e não só ficar nessa de questionar as polícias”, afirmou.
O subcomandante destacou a importância da consciência coletiva e citou como exemplo as ocorrências de perturbação por som alto que são atendidas pela Polícia Militar. Ele lembrou que quando uma guarnição é deslocada para atender esse tipo de ocorrência, ela pode deixar de estar em outro local atuando na prevenção de um crime de homicídio.
“As pessoas têm que ter essa consciência coletiva. O cidadão tem que ter consciência das suas obrigações, dos seus deveres. Eu, como cidadão, tenho que concorrer para o bem-estar de todos, da coletividade, não é só aquilo que eu gosto. Precisamos virar essa página de a todo e qualquer problema de violência se atribuir tão somente às polícias”, declarou.
De acordo com o Tenente-coronel Muller, ainda existem outros problemas que contribuem para o aumento da violência e da criminalidade.
“Existe um problema sério da impunidade, do egresso do sistema penitenciário que volta a reincidir e praticar novos crimes, quando não faz de dentro do presídio e comanda o crime do lado de fora. Nós temos um esforço muito grande da Secretaria de Segurança Pública na Bahia, a gente acredita que isso vai levar ao resultado que nós desejamos e precisamos, mas não é uma luta só da Segurança Pública”, disse.
Ele citou alguns programas desenvolvidos no estado que tem o objetivo de coibir a criminalidade e destacou a importância da educação para os jovens. O subcomandante ainda lembrou que a juventude precisa de boas referências e afirmou que, não apenas para os jovens, mas para toda a sociedade, está faltando valores de boa convivência, que permitem viver em sociedade, além de faltar respeito às leis.
“O Estado da Bahia criou o Bahia pela Paz agora com a integração de todas as secretarias. A gente acredita nesse movimento atrelado a educação com esses colégios de tempo integral. Nós precisamos fomentar a matrícula dessa garotada nessas escolas para que eles se afastem do convívio com organizações criminosas. Integrante de organização criminosa é bandido, é marginal, ele é inimigo da sociedade e é como deve ser identificado. O herói da criança deve ser o soldado de polícia, o policial civil, o professor, o médico, o arquiteto, o advogado, o radialista, o profissional sério, o homem da limpeza pública. Esses devem ser vistos como heróis porque são pessoas que estão batalhando de forma honesta. Nós temos problemas de referência, a referência para a juventude deve ser o trabalhador honesto, a pessoa com dignidade”, declarou.
Mortes em confronto
O subcomandante da Polícia Militar ainda comentou sobre os resultados de operações no estado na Bahia que resultam em mortes de suspeitos. Segundo ele, esse é o resultado do trabalho que é realizado contra a criminalidade.
“Dizem que a polícia militar da Bahia é a que mais tem resultado morte e a gente costuma dizer que a polícia militar da Bahia é a que mais confronta, porque é uma a determinação do comando. Nós temos tido muito enfrentamento e o resultado por vezes é o revés para os marginais e é assim que tem que ser. O soldado de polícia militar tem que voltar para casa, ele é um trabalhador, ele está ali na defesa da sociedade e merece respeito”, frisou.
Críticas relacionadas a blitz do IPVA
O Tenente-coronel Muller também falou sobre as críticas as blitzes do IPVA, que as pessoas relacionam ao trabalho da Polícia Militar. “Eu não gosto dessa expressão, e tenho o direito de manifestar isso como um policial militar, profissional que sou, de dizer que algumas ações da PM são blitz do IPVA. Primeiro que IPVA é obrigação. Eu tenho meu veículo automotor, minha esposa tem e nós pagamos IPVA. Gostaríamos de pagar valores menores? É de lógico que sim, mas quando a gente adquire um veículo, sabe que o IPVA é obrigação, então é difícil essa discussão. Não existe uma única blitz com orientação de se aprender veículo porque não pagou IPVA, muito embora seja uma obrigação da PM. Nós temos que valorizar todos os esforços que são feitos pela Polícia Militar na cidade e não ficar por vezes, até de forma jocosa, com essa coisa de blitz do IPVA”, afirmou.
Ele considera que não é justo o que muitas pessoas falam sobre a polícia militar e civil de Feira de Santana. “Não é justo, não é adequado. Nós somos a última linha que nos separa do estado de barbárie. Ainda hoje alguém da imprensa me perguntou o que é que falta fazer e eu remeti no sentido inverso. E se nós não fizermos o que nós fazemos? Que cenário nós teremos? O que é que a gente quer tirar dessa Polícia Militar, dessa Polícia Civil? Querem nos tornar super-homens? Nós somos seres humanos e temos nossas limitações”, afirmou.
O subcomandante ainda falou sobre questionamentos e críticas a uma blitz realizada pela Polícia Militar no último domingo (26), quando um homem furou o bloqueio e provocou um acidente na Avenida João Durval Carneiro.
“A lei brasileira é muito clara. A pena não passa da pessoa do réu. Quem deu causa a ocorrência foi quem praticou a fuga e não a Polícia Militar. Claro que é ponto de vista e as críticas são bem-vindas e gente faz estudo de caso para redirecionar nossos esforços de maneira que se evite isso. Agora quem deu causa às pessoas feridas foi quem estava à frente do veículo e ao que se sabe sob efeito de bebida alcoólica. A gente não pode redirecionar a culpa. A responsabilidade é sempre de quem praticou o ato”, frisou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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