Rachel Pinto
O acidente que ocorreu na BA-233 região da Chapada Diamantina na última sexta-feira (4) e vitimou três policiais civis entre eles Kleber Correia Cardoso, de 42 anos, Matheus Guedes Malta Argolo, de 31 e Yago da França Souza Alencar, de 39 anos, deixou a população consternada e chamou atenção do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) sobre as condições de trabalho que têm sido impostas à categoria.
O presidente do Sindpoc, Eustácio Lopes, falou ao Acorda Cidade sobre o assunto e informou também sobre a morte cerebral de Yago. De acordo com ele, o policial encontra-se internado no Hospital Geral Roberto Santos, aonde foi aberto o protocolo no sábado (5) e desde então, ele tem passado por avaliações clínicas para que se confirmada a ausência de estímulos sejam desligados os aparelhos. Eustácio lamentou a perda prematura dos colegas e mostrou a sua indignação em relação ao acidente, denunciando que o fato tratou-se de uma tragédia anunciada.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“É desvio de função dos policiais civis custodiarem presos em delegacias, remoção e transferência de presos de delegacias para o presidio que é uma atribuição do Batalhão de Guarda da Polícia Militar. Nós refutamos esse desvio de função e ao invés de estarmos elucidando crimes para colocar bandidos atrás das grades estamos tendo que capturar presos, que e função da Polícia Militar e Polícia Penal. O sindicato está investigando porque temos informações que essa viatura de 2016 não teve as revisões regulares. A Polícia Civil não faz revisões das viaturas, funcionam a base de mendicância, de cuia de esmola que os policiais civis, no interior da Bahia ficam pedindo às prefeituras e ao comércio para dar manutenção”, declarou.
O sindicalista afirmou que a viatura envolvida no acidente teve os amortecedores trocados pelos policiais civis para terem condições de transferir presos. Ele informou que essa prática de realizar viagens acontecia de duas a três vezes na semana
“O ABS não estava funcionando porque deu defeito, e a revisão que é o que infelizmente parece que motivou a tragédia não havia sido feita. Existe uma responsabilidade do gestor local que tem conhecimento e mesmo sabendo do risco estava expondo os policias civis, cobrava desses policiais que estavam em estágio probatório que eles fizessem essas conduções, rodar cerca de 600 quilômetros Seabra-Salvador, duas três vezes na semana com essa viatura que apresentou problemas mecânicos. O motor é comprometido e para fazer ultrapassagem tem que reduzir para a segunda marcha para o carro ganhar velocidade”, comentou.
De acordo com Eustácio, o sindicato irá pedir uma perícia independente para avaliar a condição mecânica do veículo.
“A Polícia Civil vai ter que apresentar as revisões, onde foram feitas, quanto foi pago e o mais grave é que os policiais eram obrigados a fazer essas viagens constantes de Seabra para Salvador sem terem assegurados os seus direitos trabalhistas, não recebiam as suas diárias para custearem a hospedagem alimentação e eram obrigados a gastar do seu próprio bolso. Trata-se de assédio moral contra esses colegas. É essa denúncia que quero fazer e cobrar providências do governo do Estado”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.