Feira de Santana

Sindicato protesta em frente ao Complexo de Delegacias contra a transferência de policiais civis

Segundo o presidente do sindicato, Eustácio Lopes, o motivo justificado teria sido a baixa produtividade nos últimos meses.

Daniela Cardoso

O Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindipoc) realizou uma manifestação em frente ao Complexo de Delegacias do bairro Sobradinho na manhã desta sexta-feira (15). O protesto foi contra a transferência de policiais civis de Feira de Santana para Santo Estevão e Serra Preta. Segundo o presidente do sindicato, Eustácio Lopes, o motivo justificado teria sido a baixa produtividade nos últimos meses.

“Estamos fazendo esse ato de repúdio do gestor que transferiu os policiais civis, quando no ano passado esses policiais foram premiados como a região que mais reduziu homicídio na Bahia. Nesse primeiro semestre aumentou o número de homicídios e são exigidas metas”, afirmou ao Acorda Cidade.

O investigador Luiz Arthur confirmou que a mobilização é em apoio aos colegas que foram transferidos. Segundo ele, a medida é injusta e defendeu que a polícia não trabalha com produção e sim com ciência, então não justifica a alegação de baixa produção para a transferência dos policiais.

“Aqui não é uma indústria, aqui o trabalho é com inteligência e é preciso ter paciência. Crime não se elucida em um dia, então isso é uma injustiça contra os policiais. O gestor tem o direito de fazer as mudanças que ele quiser, mas aqui em Feira de Santana, que é uma cidade grande, tem muitas delegacias e as mudanças poderiam ser internas”, afirmou em entrevista ao Acorda Cidade.

Luiz Arthur disse ainda que o crime de homicídio é diferenciado de outros, pois exige pesquisa, investigação, coleta de informações para a identificação correta do autor, diferente de outros crimes, como roubo, por exemplo, onde existe um objeto a ser recuperado.

Outras reivindicações

O Sindicato dos Policiais Civis também fez outras reivindicações durante o protesto. Eustácio Lopes reclamou da falta de diálogo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), que, segundo ele, não recebe o sindicato para dialogar sobre os problemas e soluções para a categoria.

Entre as outras reivindicações está a disponibilização para Feira de Santana de um laboratório de interceptação de telefone para que a polícia possa monitorar as organizações criminosas da cidade e também de um laboratório de lavagem de dinheiro para identificar o patrimônio dos traficantes.

“A Polícia Civil não tem o essencial, que são essas ferramentas tecnológicas, e trabalhar apenas com depoimentos e reconhecimento de traficantes é difícil, pois as pessoas têm medo de testemunhar. Além disso, Feira de Santana tem uma pequena equipe, a cidade deveria ter três delegacias de homicídios. A maior dificuldade da Polícia Civil é o combate efetivo. Feira tem três equipes para investigar esse crescente número de homicídios, cada equipe tem quatro policiais, deveríamos ter no mínimo o triplo”, destacou.

Ele também defendeu que as viaturas da Polícia Civil sejam despadronizadas para realizar um trabalho de investigação de forma mais eficaz. Eustácio Lopes disse ainda que os policiais civis da cidade concordaram com o ato do sindicato, mas muitos mandaram mensagens informando que não participariam da mobilização, por temer serem identificados e punidos. O atendimento no Complexo de Delegacias permaneceu normalmente.

Coronavírus

Em relação a pandemia do coronavírus em Feira de Santana, o investigador Luiz Arthur disse ao Acorda Cidade que a reivindicação da categoria é que todos os policiais sejam testados.

“Houve a suspeita de um preso com coronavírus, que depois deu negativo, e fizeram a testagem em todos os presos. Já os policiais não foram testados. Tem dois policiais com a suspeita da covid-19 e não foi feita a testagem até o momento”, informou.

Leia também: Sindicato denuncia perseguição a policiais civis em Feira de Santana

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade 

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