Rachel Pinto
A Polícia Civil de Feira de Santana não descarta a possibilidade de existência de crime no caso da morte do catador de material reciclável Wellington Cardoso da Silva, de 39 anos. Ele morreu na quarta-feira (8), após ingerir toda a bebida alcoólica que estava em uma garrafa em troca de R$20. A bebida foi oferecida por supostos colegas da vítima e as imagens da aposta circularam nas redes sociais. Também circularam pelas redes sociais outros dois vídeos onde o catador aparece desacordado e os colegas despejam água em seu rosto no intuito de reanimá-lo e sem seguida outro vídeo no qual Wellington aparece em cima de uma carroça, sendo socorrido por dois homens para a policlínica do Conjunto George Américo.
Irmã da vítima (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)
Janaína Cardoso da Silva, irmã de Wellington, lamentou a morte do irmão e na opinião dela, as pessoas que fizeram a aposta para que ele ingerisse toda a bebida se aproveitaram da fraqueza dele com relação ao álcool. Ela afirmou em entrevista ao Acorda Cidade que desde pequeno, o irmão lutava contra o vício e inclusive a família estava buscando interná-lo em um centro de recuperação para alcoólatras. Ela salientou que a família quer justiça e que Wellington morava sozinho, trabalhava como catador de materiais para custear a bebida alcoólica e deixou uma filha de 13 anos.
“Foi uma brincadeira de mau gosto. Se aproveitaram da fraqueza dele para fazer essa maldade. Ele costumava beber com os amigos e bebia todos os dias. Até agora eu não sei direito como aconteceu. Recebi a notícia de que ele chegou à policlínica morto. Vamos dar uma queixa às autoridades e aguardar para ver o que acontece”, comentou.
Investigações
O delegado Alisson Cardoso afirmou em entrevista ao Acorda Cidade que a polícia analisa as imagens do fato e que aguarda o resultado do laudo da necropsia para saber qual foi a causa da morte de Wellington. Segundo ele, a hipótese de homicídio não é descartada e investigação vai ouvir também familiares, buscar informações sobre o comportamento da vítima e se era comum esse tipo de comportamento de ingerir bebidas alcoólicas. Ele informou que o fato foi registrado como morte a esclarecer.
Delegado Alisson Cardoso (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)
“Ainda não há um crime definido, mas nós não descartamos a possibilidade de que ao final de um inquérito policial nós cheguemos até a conclusão de um crime. Na verdade o laudo vai ser emitido pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). A policlínica nos acionou em virtude de ter chegado até lá o corpo de um homem. Com remoção desse cadáver até o DPT, nós aguardamos o laudo da perícia para definir a causa da morte. A gente tem um leque de possibilidades e eu não descarto nenhuma possibilidade, inclusive a de não haver crime. A investigação está sendo feita com base na atipicidade. Não obstante, nós temos que ver vários fatores, ouvir pessoas, buscar outros indícios e caso seja vislumbrado pela Polícia Civil a existência de um crime, nós faremos os devidos indiciamentos e seguiremos conforme a lei determina”, explicou.
O delegado declarou que a morte de Wellington tem interesse policial e para toda a sociedade e que no primeiro momento a polícia não fala em pessoas acusadas.
“A Polícia Civil não descarta a possibilidade de um crime ainda. Mas, nós podemos chegar sim até a possibilidade também de um homicídio culposo, quando a gente verifica que houve uma imprudência , negligência, ou imperícia por parte de algumas pessoas. Podemos chegar a conclusão ainda de um homicídio doloso que é aquele que há intenção de matar. Caso a gente verifique que haja a existência de um homicídio doloso, as pessoas normalmente responderão pelo crime de homicídio. E, não basta que a pessoa tenha a intenção, mas que ela assuma o risco sabendo que a pessoa poderia sofrer o resultado. Configurado dessa maneira não há nada que impeça que a Polícia Civil faça os devidos indiciamentos por meio de um homicídio doloso daquelas pessoas que estejam envolvidas diretamente com a morte do referido senhor”, acrescentou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.