Com um tiro no peito, o cabo da Polícia Militar Leandro Marques Pereira, lotado no Grupamento Especial Penitenciário (GEP), matou um colega de corporação, o cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Leslie Luís Pinheiro, de 36 anos. O crime aconteceu ontem à tarde, em Santa Cruz, quando Leslie foi comprar parafusos em um bazar. Segundo testemunhas, ele ainda chegou a dizer que era policial, mas foi baleado mesmo assim. Socorrido pelo atirador, o PM morreu no Hospital Pedro II.
Leandro e o agente penitenciário aposentado Rubens de Souza Lisboa faziam a segurança de uma van que descarregava cigarros em estabelecimento da Rua Silon Cunha Bueno, na localidade Urucânia. Eles estavam em um Palio cinza. De acordo com testemunhas, havia outro carro na escolta, um Uno. Leslie, que estava de folga, foi ao local comprar parafusos para afixar TV na parede, por volta das 15h30. Testemunhas contaram que os seguranças acompanharam a van até a Avenida Brasil, mas, desconfiados do volume nas costas do cabo, voltaram ao local.
Leandro teria surpreendido Leslie por trás, gritando ‘Perdeu, perdeu’. O policial do Bope levantou a camisa e se identificou como militar. O cabo do GEP disse que também era policial e atirou várias vezes.
Em pânico, vizinhos gritaram que Leslie era PM. Ao ver a carteira funcional do cabo, Leandro usou o carro da própria vítima no socorro. No hospital, ele se ajoelhou diante do pai do morto — o tenente reformado Paulo José Pinheiro — e confessou o crime.
“Ele começou a gritar: ‘Meu padrinho, me perdoa! Matei seu filho’. Tomei a arma dele e o apresentei ao policial de plantão no hospital. Fiquei 30 anos na PM e nunca vi esse tipo de coisa. O cara que faz isso é despreparado e maluco. Se fazia segurança, não tinha que abordar ninguém”, criticou Paulo, Leandro foi indiciado por homicídio doloso e ficará preso no Batalhão Especial Prisional.
IMAGENS
A câmera de segurança de uma loja mostrou quando Leandro e Rubens voltaram e, depois, socorreram a vítima. A Corregedoria da PM vai investigar o caso. Vizinhos e policiais do Bope ficaram chocados com o crime e lotaram a 36ª DP (Santa Cruz).
Com 12 anos de profissão, 11 deles no Bope, Leslie era um apaixonado pela família e pela profissão. Ele integrou a Unidade de Intervenção Tática, responsável pelo resgate de reféns, e, atualmente, fazia parte de equipe operacional. Casado, tinha uma filha de 2 anos. “Ele era fundamental em operações”, lamentou o capitão Ivan Blaz, do Bope.