Feira de Santana

Polícia apura se houve tentativa de homicídio em situação envolvendo empresário e advogado em churrascaria

Câmeras de segurança registraram o momento em que um empresário aparece pegando uma faca e indo em direção a um advogado.

Acorda Cidade

A Polícia Civil de Feira de Santana está investigando o fato ocorrido em uma churrascaria de Feira de Santana na tarde do último domingo (22). As imagens das câmeras de segurança mostram o momento em que uma pessoa pega uma faca e avança em direção ao advogado João Pedro de Brito Borges que almoçava com a família no momento.

A pessoa que aparece pegando a faca é o empresário Sebastião Soares Jr, que se apresentou à delegacia para contar sua versão do fato nesta quarta-feira (24). 

Ao Acorda Cidade, o advogado de João Pedro, Joari Wagner, informou que a ação se configura como tentativa de homicídio, mas o advogado do empresário discorda. 

“Ele se prepara, se levanta, pega a arma branca tipo faca, vai em direção à vítima, levanta essa arma branca em direção também a vítima e a esposa da vítima se levanta, puxa o braço e puxa o cidadão. Então ele inicia os atos . É o que chamamos de tentativa incruenta ou tentativa branca, é quando não atinge a vítima, mas aí a gente tem que analisar também o dolo do agente, o dolo do cidadão. Qual era a intenção daquele cidadão quando pega uma faca do churrasqueiro e parte para cima da vítima? Qual seria a intenção? Qual seria o dolo? Então é justamente isso que está em questão no nosso entendimento, assim aí, é uma tentativa de homicídio. Ainda que não tenha atingido a vítima. Volto a dizer, juridicamente falando, é o que chamamos de tentativa branca ou tentativa incruenta, mas isso não deixa de ser uma tentativa de homicídio porque não atingiu”, explicou.

A motivação

João Pedro (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)

A vítima, João Pedro, contou ao advogado Joari Wagner, sua suspeita sobre o que teria motivado Júnior a ter tomado aquela atitude.

“ Na visão dele, foi justamente o processo movido contra a empresa de turismo da esposa do cidadão (Júnior) em 2016 ou foi 2017, e que uma parte foi julgada procedente, que foi referente aos danos materiais, e que foi julgado improcedente os danos morais. Dr. João Pedro informa que não tinha conhecimento, nunca tinha visto esse cidadão, nem conhecia, só conhecia a esposa dele, que falou com ela uma vez por telefone, e que a encontrou nas audiências no juizado especial. Ele está muito perplexo ainda, as filhas, obviamente, estão completamente traumatizadas. A esposa, inclusive, do Dr. João Pedro, ficou de prestar os esclarecimentos hoje perante a autoridade policial, e isso obviamente, o próprio cidadão Sebastião Junior vai ter também o seu direito de defesa”, informou o advogado relatando também que algumas testemunhas também serão ouvidas.

“Isso vai parar na mão do Ministério Público, eventualmente pode virar uma ação penal (…) e ele vai ter o direito de se explicar. O vídeo está claro. Ele estava sentado com suas filhas na mesa, inclusive com uma no colo, no ato de total reflexo de desespero e até heroísmo mesmo da esposa de João Pedro, ela se levanta, consegue colocar a mão na faca ou na mão do cidadão, consegue afastá-lo, outras pessoas conseguem contê-lo, e aí pelo vídeo fica claro”, disse.

João Pedro de Brito Borges, que é advogado trabalhista, disse que prestou esclarecimentos na delegacia e que quer justiça. Ele afirma que nunca tinha visto aquele homem, e que após pesquisar descobriu que se tratava do marido da proprietária de uma empresa contra a qual foi movido um processo. João Pedro afirma ainda que o fato presenciado pelas suas filhas, duas crianças, as traumatizaram.

“Estive hoje com a delegada Klaudine Passos e informei tudo o que aconteceu e que está bem descrito no vídeo que está nas redes sociais. Eu estava totalmente vulnerável com a minha filha de três anos no colo, outra criança no parquinho. Eu estava sentado virado para o salão, foi a minha sorte, que eu agradeço a Deus, e esse agressor, simplesmente levantou-se da mesa com uma peixeira de churrascaria, altamente afiada, e partiu pra cima de mim. Ele gritava, me xingava, dizia que ia me matar. Do nada. Eu nunca o vi, nunca troquei uma palavra com ele, e não sabia de que se tratava. Eu fiquei sem reação e fui salvo pela minha esposa, a verdade é essa, e pelas pessoas do restaurante. A única que fui pesquisar deste cidadão – primeiro que eu achava que era um maluco porque ele nunca me viu e veio pra cima de mim e depois eu percebi que existia um processo em 2015 no qual eu figurei como parte e o Dr. Joari como advogado, contra a empresa da esposa dele. Provavelmente a esposa falou com ele, eu não sei o que aconteceu, não sei como ele chegou até mim, mas neste disse ele resolver fazer isso depois de tanto tempo. Pra mim isso foi uma tentativa de homicídio claro, não tem o que discutir. (…) uma das minhas filhas está com síndrome do pânico, não consegue mais dormir sozinha, tem medo do escuro, tem medo de que eu saia de casa: ‘ papai o homem da faca vai te pegar’, me pediu para morar fora de Salvador não quer ir a restaurante (…)”, relatou João Pedro fazendo agradecimentos a esposa que o protegeu no momento e a OAB, que inclusive emitiu uma nota de apoio

Nota da OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Feira de Santana, no exercício da sua missão constitucional, vem a público manifestar total repúdio aos atos de violência praticados em desfavor do advogado João Pedro Brito Borges na tarde de ontem (22/11), nas dependências de uma churrascaria da cidade.

Segundo relato do colega João Pedro Brito Borges, os atos de violência tiveram como motivação o fato de o mesmo ter ingressado com uma ação judicial em face da empresa de turismo de propriedade da esposa do agressor.

Tal fato, nos causa grande preocupação e indignação, tendo em vista que, em pleno século XXI, não podemos admitir, nem muito menos tolerar a violência, a barbárie e a política da justiça com as próprias mãos.

O Direito de ação é garantido constitucionalmente a todo cidadão, devendo ser exercido com total liberdade e independência, não sendo aceitável que tal Direito venha a ser mitigado por qualquer tipo de ameaça ou ato de violência.

O Poder Judiciário é órgão competente para apreciar e julgar as demandas que lhe são postas, objetivando, justamente a pacificação social, não sendo admissível que a sua procura, seja fato ensejador de atos violentos.

Por fim, a OAB Feira de Santana, manifesta total apoio e solidariedade ao colega João Pedro Brito Borges, bem como, informa que irá acompanhar o processo criminal por ele instaurado para que o agressor seja, nos limites da Lei, responsabilizado pelos atos de violência praticados.

O QUE DIZ A DEFESA

Gabriel Soares (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)

O advogado e irmão de Júnior Soares, Gabriel Soares, afirmou que a narrativa exposta pela outra parte não “não condiz com a realidade”, e que vai comprovar. Além disso, o advogado também afirma que o que houve não foi uma tentativa de homicídio.

“Inicialmente relatar que no caso em tela, a narrativa trazida aos fatos, à autoridade policial sobre o ocorrido, a narrativa trazida pela outra parte, vamos em sede do inquérito judicial, comprovar que não condiz com a realidade. Vamos trazer fatos que comprovam que o que ocorreu domingo, nada mais foi do que uma reação a uma ação. Não foi nenhuma tentativa de homicídio. Foi apenas uma situação em que houve uma exasperação na qual para tirar satisfação, houve um excesso. Não houve uma tentativa, não houve um dolo, não houve nada em relação à vida da outra parte e queremos ressaltar que a narrativa trazida não condiz com a realidade dos fatos e a autoridade policial, de forma muito competente, confiamos, no trabalho da autoridade policial, e elucidará a verdade dos fatos ouvindo os dois lados, e irá ao final, entender o que achar melhor, como sempre faz, de forma muito perfeita”, declarou o advogado ao Acorda Cidade.

Gabriel Soares declarou também todas as informações foram passadas e que não entrará em detalhes.

“Além de advogado de Sebastião, eu sou irmão dele e como irmão dele e advogado , agindo de forma profissional, independentemente do laço de família, sou um profissional com quase dez anos de advocacia e militância em advocacia criminal. Quero aqui dizer que a narrativa que o meu irmão não é um meliante, não é um vagabundo, não é uma pessoa de índole ruim. É um trabalhador, um empresário que fomenta mais de 300 empregos, para mais de 300 famílias, renda e sustentabilidade em Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos. Meu irmão é uma pessoa que faz parte de trabalhos sociais, trabalhos de igreja e o que ocorreu domingo foi apenas um lapso, um momento único e isolado. Meu irmão não responde a mais nenhum processo em nenhuma seara, seja cível ou criminal e peço que a sociedade faça uma reflexão e veja que um julgamento tem que ser feito pela autoridade competente seja na seara judicial, seja ela na seara em sede de delegacia e que a sociedade entenda que toda história tem dois lados da moeda. A narrativa trazida até então é uma narrativa que não condiz em nada com a realidade”, afirmou.

Guga Leal (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)

Também advogado do empresário, Guga Leal, informou que Júnior Soares esteve no mesmo dia do ocorrido na delegacia com sua esposa, e ela se apresentou ao delegado plantonista. Posteriormente ele se apresentou, sem a necessidade de intimação.

“Ele explicou tudo que de fato ocorreu no restaurante e agora a gente vai ficar à disposição da delegada para qualquer eventual esclarecimento futuro que venha ter. Em momento algum ele tentou matar João Pedro. O vídeo é claro e graças a Deus existe o vídeo e em momento algum Júnior, tentou matar João Pedro. Júnior se dirigiu a João Pedro com a faca em mãos, para tirar satisfações, perguntar a ele por qual motivo, o João Pedro fica denegrindo a imagem da sua esposa perante todos os presentes. No dia do Los Pampas existiu uma situação anterior aquela do vídeo, que fez com que a mulher de Júnior viesse a chorar e contou a ele o que de fato ocorreu. Sendo assim, ele de fato foi tirar satisfação. É uma situação que já ocorre há algum tempo e a justificativa da suposta vítima não deve ser levada em consideração, uma vez que um processo que ele adentrou e a esposa de Júnior que não tem nada a ver com Júnior, ganhou em todas as circunstâncias e foram totalmente julgados improcedentes. Quem devia ficar com raiva era ele e não Júnior”, informou o advogado Guga Leal que também comentou acerca de um vídeo feito João Pedro contra Júnior Soares, o chamando de meliante.

O caso está sendo apurado pela 1ª Delegacia, que tem como titular a delegada titular Klaudine Passos. 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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