Polícia

Motorista de aplicativo é associado injustamente ao crime após passageiro ser flagrado com drogas e armas

Motorista vai ingressar com uma ação contra o estado

Gabriel Gonçalves

O motorista de aplicativo Jean Santos passou por uma situação delicada na noite do último sábado (24), em Feira de Santana. Após aceitar uma corrida de um passageiro no bairro Parque Ipê, foi surpreendido com uma abordagem policial, que flagrou o passageiro portando uma arma e drogas.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Jean informou que a abordagem foi feita por um policial, mas que estava em um carro particular. Após o flagrante do passageiro em poder das drogas e da arma, os dois foram fotografados algemados, e a foto está sendo compartilhada nas redes sociais indicando Jean também como criminoso.

"Eu aceitei o pedido da corrida na região do Parque Ipê. Quando o passageiro entrou, eu fiz a manobra do veículo porque tinha entrado em uma rua sem saída. Foi nesse momento que tinha um carro de frente, ele me deu a passagem e segui. Logo em seguida, ouvi uma pessoa gritando: 'Polícia Polícia'. Parei o carro, encostei e o policial militar me fez a abordagem pedindo para descer do carro. Nesse momento, o passageiro informou que estava com uma arma na cintura e que na sacola havia drogas. Ele solicitou o apoio e quando chegaram as viaturas, foi feita uma foto minha ao lado desse passageiro e esta foto está sendo compartilhada nas redes sociais, me associando ao tráfico de drogas. Não tem o menor cabimento isso, não tem lógica, porque eu estava trabalhando naquele momento, buscando a subsistência da minha família e estou sendo taxado desta forma", lamentou.

De acordo com Jean, a corrida tinha como destino o bairro Muchila.

"A corrida indicava como destino o bairro Muchila. Eu não tenho como saber quem são os passageiros. O aplicativo escolhe o passageiro e encaminha para o motorista que está mais próximo, então você não conhece, você não tem dados, simplesmente faz a corrida, presta um serviço ao aplicativo. Depois que foi feita a abordagem, cada um foi conduzido em uma viatura, eu prestei os esclarecimentos na delegacia e fui liberado, mas infelizmente a situação é muito constrangedora. Você, um cidadão, trabalhando de forma honesta, é bem complicado, porque não abala somente a mim, abala a minha família, minha esposa e digo que minha imagem não vai se restabelecer como antes. Muitas histórias diferentes estão sendo compartilhadas com a minha foto, dizendo que eu estava assaltando um mercadinho, dizendo que eu sou traficante, então é muito humilhante", destacou.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade | Advogado Ronaldo Mendes
 

O advogado Ronaldo Mendes, que está acompanhando o caso, informou à reportagem do Acorda Cidade que esta situação foi cometida a partir de uma falta de habilidade das autoridades públicas, que permitiram que o motorista fosse fotografado junto com o passageiro.

"Para a sorte do Jean, este passageiro, que está envolvido com o tráfico de drogas, assumiu que era traficante, foi flagranteado e ficou preso. Jean foi liberado da delegacia. Até aí, isso parecia algo natural para o motorista. Mas aconteceu a infelicidade por falta da habilidade das autoridades públicas, que fizeram a abordagem e permitiram que ele fosse fotografado sentado ao lado do marginal. A partir daí, essa foto está circulando nas redes sociais, e as pessoas começam a comentar, que o Jean estava assaltando mercadinho, porque essa foto do Jean com as mãos algemadas associa ele com o mundo do tráfico. Realmente, está muito complicado você sair de casa para trabalhar e ser sujeito a esse tipo de abordagem não profissional que expõe as pessoas à situação de marginalidade", disse.

Ainda segundo o advogado, o primeiro passo que está sendo dado para este caso é desmentir a situação que foi causada e uma ação será movida contra o Estado da Bahia.

"Iremos mover uma ação contra o Estado da Bahia, pois foram os agentes públicos que permitiram que essa imagem fosse veiculada, associando uma pessoa de bem com um marginal. Iremos tomar todas as providências para que se minimize o dano que já foi causado à imagem e dignidade pessoal e profissional do Jean. Todos os dados estão registrados no sistema do aplicativo. No momento que ele estava saindo do local, foi abordado por este policial que estava saindo do serviço, ainda estava de farda, mas já não estava mais no serviço e fez esta abordagem. Infelizmente por conta disso tudo, o Jean não está trabalhando porque não há estrutura psicológica para trabalhar. Uma pessoa de bem, não consegue ficar tranquila com tudo isso, uma foto que se espalha como pólvora, sendo acusado de assalto, de tráfico de drogas", concluiu.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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