Feira de Santana

Mãe cobra celeridade após 4 meses de investigações sobre morte de jovem em ação policial

De acordo com a mãe de Marcelinho, como o jovem era conhecido, as investigações caminham de forma lenta.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Nesta segunda-feira (1º), completaram quatro meses da morte de Marcelo Felipe Guerra dos Santos Rocha, de 18 anos. O jovem foi morto sob a acusação de ter efetuado disparos de arma de fogo contra uma guarnição do pelotão Asa Branca, da Polícia Militar, na Avenida Presidente Dutra, no dia 1º de abril.

A família contesta a informação divulgada na ocorrência policial, e o caso passou a ser investigado pela Delegacia de Homicídios de Feira de Santana.

De acordo com a mãe de Marcelinho, como o jovem era conhecido, as investigações caminham de forma lenta. Daniela Guerra, que é assistente social e empreendedora, pediu mais celeridade às investigações e clama por justiça, pela morte do filho.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O que de fato aconteceu naquele dia foi que meu filho estava tentando voltar para casa depois de um dia de trabalho e avistou uma blitz na Avenida Maria Quitéria. Ao avistar essa blitz, ele conseguiu estacionar o carro antes, porque não tinha habilitação. Neste momento, ele ficou conversando comigo por aproximadamente duas horas, trocando mensagens no celular, mandou fotos, falou com minha mãe, com o pai dele, com amigos e clientes. Ele estava muito tranquilo dentro do carro, trocando mensagens com várias pessoas. Depois de ter aguardado, ele resolveu sair. No momento que ele saiu, foi perseguido. Quando chegou na Avenida Presidente Dutra, a câmara mostra que ele ligou a seta, sinalizando a intenção de parar, estacionou perfeitamente o carro e logo em seguida, ele foi alvejado ainda dentro do veículo”, relatou a mãe, em entrevista ao Acorda Cidade.

Ela conta que, de acordo com as imagens que foram coletadas por câmeras presentes no local onde ocorreu a ação, quando abriram a porta do carro, o jovem despencou morto. Ela negou novamente que o filho estivesse armado.

“Em nenhum momento ele teve arma na mão, porque meu filho nunca teve arma, e essa história que a polícia disse que teve troca de tiros é mentira, não existiu. Marcelinho não teve direito nem de ser abordado. Assim que ele parou o carro, foi alvejado, covardemente, friamente. Meu menino nunca teve nenhuma má conduta, não tinha nem antecedentes criminais, e o que fez ele se desviar da blitz foi o fato de ele não ter habilitação.”

A assistente social reclamou da lentidão da justiça quanto ao caso. Para Daniela Guerra, tudo o que aconteceu foi uma grande injustiça, que ficou provada através de câmeras de segurança.

“O caso na Justiça segue com uma lentidão terrível. Nós podemos observar que existe um corporativismo muito grande. Dói demais a perda e a injustiça. O caso agora já está no terceiro promotor. Na última segunda-feira (25), eu tive uma reunião com a promotora do MP, e ela me informou que até o momento não tinha recebido o inquérito, que tinha sido devolvido por não ter sido concluído. Perguntei a ela se já tinha olhado as imagens das câmeras, mas ela me disse que ainda não visto, apesar que essas imagens já foram entregues ao órgão desde abril. Mas acredito na Justiça de Deus, que não fala falha, e mesmo a justiça daqui sendo lenta, acredito que será feita, porque esses policiais feriram a ética da corporação e a polícia pra mim não tem mas credibilidade. É perceptível o descaso muito grande na investigação, até mesmo pela lentidão”, lamentou.

Daniela Guerra relatou também que não foi feita perícia no local no crime, nem mesmo no celular do jovem. No entanto, ela afirma que foi passada a senha do aparelho para os policiais.

“O perito falou que não foi feita a perícia do local, porque não identificou, e não foi fácil eu ter que dobrar o meu joelho no local onde o sangue do meu filho foi derramado. Outro absurdo que existiu foi que o pai deu a senha de acesso ao celular de Marcelinho, que passou 30 dias para ser periciado na delegacia, e simplesmente depois ele emitiram um documento dizendo que o aparelho não foi periciado por falta de senha, e uma pessoa disse que o celular estava online, minha irmã tem prints de que o celular estava online, eu vi o celular online, o pai, clientes e amigos de Marcelinho viram. Eu sinto muita tristeza porque eu não perdi só um filho. Perdi um amigo, alguém que me ajudava muito, um menino íntegro, correto, trabalhador, cheio de sonhos. Foi com muito sacrifício que criei meu filho, mas ele me deu muito orgulho. Lamento que foi precoce a partida dele. Ele nunca me deu decepção.”

A mãe de Marcelinho acrescentou que deseja que as autoridades dêem um desfeixo ao caso. “Ele terminou o ensino médio com 17 anos; foi estagiário em um banco por aproximadamente 2 anos. Eu era uma mãe feliz. Sei que é irreversível o que aconteceu, nada vai trazer meu filho de volta, mas não posso permitir que um menino que teve a vida íntegra tenha seu nome sujo pela polícia. É doloroso demais mexer nesta ferida aberta, todos os dias da minha vida eu choro. Eu peço que as autoridades que cumpram a justiça com imparcialidade”, implorou.

O inquérito já foi remetido ao Ministério Público.

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Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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