Andrea Trindade
Com 27 homicídios, dois excludentes de ilicitude (legítima defesa) e dois latrocínios (roubo seguido de morte), a polícia de Feira de Santana registrou, em novembro deste ano, 31 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). Além disso, foram registrados seis mortes em decorrência de intervenção policial (confronto com a polícia).
Com relação a anos anteriores, o índice de homicídios no mesmo período é semelhante, porém a sensação de insegurança está aparentemente maior da população por conta do aumento dos índices durante todo o ano de 2020. Até hoje (7) já foram registrados 358 homicídios, número maior que o total registrado em todo o ano de 2019 que foi 332 homicídios de 1º de janeiro a 31 de dezembro.
Em novembro deste ano, dos 31 CVLIs três mulheres estavam entre as vítimas, sendo que duas foram mortas a tiros e um a pedradas. Com relação aos homens, um foi morto a golpes de facão e os demais a tiros. Entre as vítimas do sexo masculino há dois menores de 18 anos.
Conforme explica o delegado Rodolfo Faro, titular da Delegacia de Homicídios, a criminalidade em Feira de Santana trata-se de uma análise de realidade muito complexa. Tanto a Polícia Civil, quanto a Militar tem se esforçado para diminuir cada vez mais esses índices, porém o resultado neste ano será negativo com relação ao ano passado por conta da quantidade de homicídios ao longo do ano.
Foco nos mandantes
Além disso, o número poderia ser maior se não fossem as operações para localizar e prender tantos o executores quanto, principalmente, os mandantes dos crimes.
“A gente tem o total apoio do poder judiciário de Feira de Santana, várias representações que foram feitas e decretadas, já foram cumpridas no decorrer da semana, publicamos prisões semanais e às vezes mais de duas ou três prisões por semana, então é uma parceria que tem dado certo. A Polícia Militar também, fornecendo informações, ajudando no cumprimento dessas medidas preventivas de prisão. A polícia está fazendo o seu papel, a gente tem uma limitação muito grande porque homicídio é um crime complexo, muitas pessoas tendem a não falar a motivação para que a gente não chegue à autoria desses crimes, mas a gente não vai descansar enquanto a gente não conseguir diminuir esses índices que tem ocorrido na cidade”, declarou.
Produtividade alta
Apesar dos índices altos, o comandante do Policiamento Regional Leste (CPRL), coronel Luziel Andrade, destaca que a produtividade policial é alta. Segundo ele, os números seriam ainda maiores se não fossem as operações policiais.
“Nossa produtividade foi alta com relação a qualquer estatística que você tenha de anos anteriores. Para você ter uma ideia são mais de 25 armas de fogo apreendidas, são quase 01 por dia, tivemos uma quantidade enorme de drogas apreendidas, inclusive em um distrito mais de 80 KG em uma só prisão. Então a ação da polícia é constante e isso valoriza e motiva, porque a missão nossa máster é essa. Ser o anjo da guarda, o anjo forte da população e por mais que a gente tenha dificuldades, a gente sabe que quando você vê o reflexo do trabalho é muito bom”, declarou.
Para o Coronel Luziel, por conta de interferências causadas pela pandemia não há como fazer comparações com anos anteriores. Diversos detentos deixaram presídios e houve uma atuação forte de facções criminosas neste período.
“Há integrantes de facções aqui dentro de Feira de Santana e tivemos influência muito forte de facções de até outros estados. Feira de Santana é a segunda maior cidade do interior da Bahia. O trabalho da polícia evitou que esses números não fossem muito mais negativos, porque nós conseguimos fazer interferência no sentido de inibir a ação de vários bondes aqui em Feira de Santana. A polícia, a todo instante, está tendo combate. Desde o ano passado não tivemos nenhum alto de resistência (troca de tiros com a polícia) questionado pelo Ministério Público, isso é uma prova evidente do quanto a polícia se empenha no combate ao crime, porque você coloca sua vida em risco. Você colocar sua própria vida em defesa da sociedade, então isso são números que tem que ser apontados e que tem que ser refletidos e o mais rápido possível, porque a solução não está só na polícia, pelo contrário, a polícia recebe o reflexo da violência e cabe a ela o combate em primeira linha, quando na verdade a polícia seria a última esfera da violência a ser combatido, a ter essa reação”, declarou.
Número de homicídios registrados em novembro de 2020 em áreas das Companhias Independentes da Polícia Militar (CIPM):
64ª CIPM: 03 assassinatos
65ª CIPM: 06
66ª CIPM: 17
67ª CIPM: 03
Número de homicídios por bairros, em novembro de 2020
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Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade