Feira de Santana

Familiares de garoto de 14 anos apontado como líder do tráfico não sabiam do envolvimento dele com o crime, diz delegada

Ao Acorda Cidade, a delegada ressaltou que amizades ruins podem influenciar o adolescente a se envolver no mundo da criminalidade.

Maconha
Foto: Agência Brasil

Na última quarta-feira (22), a equipe do Catti Sertão de Feira de Santana apreendeu, em flagrante, um adolescente de 14 anos pela prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas.

Conforme divulgado pelo portal Acorda Cidade, as equipes tomaram conhecimento por meio de denúncia anônima, a informação de que ele ficava no entorno da praça do Feiraguay, vendendo drogas durante todo o dia e diligenciaram ações no intuito de localizá-lo.

O trabalho de inteligência realizado pela polícia verificou que o adolescente é ligado a um grupo criminoso e seria uma espécie de gerente do tráfico na região.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a delegada titular da Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI), Daniele Matias, informou que os familiares não tinham conhecimento sobre o envolvimento do adolescente com o mundo do crime.

Daniele Matias
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A gente entende gerente do tráfico, como uma pessoa que vai dar uma certa organizada ali na área onde ele atua, logicamente este adolescente negou fazer qualquer tipo de gerência, mas ele foi conduzido aqui por uma equipe da coordenadoria da sede, então houve a investigação para culminar esta conclusão. O adolescente negou, familiares, inclusive assustados, não tinham nenhum conhecimento desse envolvimento deste menor. Ele, na verdade, assumiu uma parte do entorpecente, mas acabou confirmando que é uma região realmente que outras pessoas também traficam. Quando chega para a polícia este termo, que ele é um gerente, é justamente a pessoa responsável naquela região por estar organizando o tráfico de drogas, que naquela região pertence provavelmente à uma facção específica”, explicou.

Ao Acorda Cidade, a delegada informou que muitos adolescentes, mesmo sem ter muito conhecimento, se intitulam fazer parte de alguma organização criminosa.

“Apesar da gente estar todos os dias lidando com adolescentes em conflito com a lei, chama a atenção a idade dele, um adolescente muito novo, 14 anos, inclusive a gente comentou com os familiares, porque quando se pergunta a ele sobre questão de facção, ele afirma o nome de facção, então você percebe um envolvimento dele, e é algo muito sério. Muitos adolescentes têm isso, de se intitularem participantes de facções, a gente percebe que quando são adolescentes, muitas vezes podem até não conhecer nada, não conhecem comando de facção, eles não têm formação nenhuma dentro de facção, mas eles acabam usando também pelo “oba oba”, de se intitularem em determinadas facções. A gente sabe que isso, na prática, na realidade, pode trazer inclusive riscos a vida daquele adolescente, então, se ele participa mesmo, a investigação vai dizer, mas ele querendo ou não, já se intitula como participante”, disse.

Para a delegada Daniele Matias, amizades ruins podem influenciar o adolescente a se envolver no mundo da criminalidade.

“As amizades acabam influenciando, é uma idade propícia que o adolescente, por ser uma pessoa em desenvolvimento, está tentando se inserir em algum grupo, se sentir importante e muitas vezes quando para nesse tipo de grupo de um bairro, a graça para ele, é participar de uma facção, é usar uma droga, ele vai sim inserir e ali ele vai querer chamar a atenção, se fazer importante, e aí está o perigo. Quanto menos maturidade tem aquele adolescente, o risco de ele cometer atos mais graves é maior, infelizmente se tem um homicídio cometido por um adolescente, muita das vezes, aquele adolescente comete o homicídio sem querer saber das consequências, inclusive, que podem vir para ele próprio. A gente percebe inclusive quando é uma morte que é cometida por um adolescente, um requinte de crueldade, não tem medo. Muitas vezes é com uma cara limpa, é justamente pela questão da idade, por este desenvolvimento, eles não têm muito a perder, mas infelizmente eles também estão se colocando em risco”, disse.

Família

De acordo com a titular da DAI, muitos adolescentes crescem sem a presença física do pai, apenas sob os cuidados da mãe, e esta mãe precisa trabalhar o dia inteiro, não tendo conhecimento das amizades do filho.

“Muitas vezes os pais não sabem, os pais estão trabalhando, a gente percebe nesse tipo de caso uma desestrutura familiar, a mãe não tem a presença do pai, então a mãe precisa trabalhar, ela sai cedo de casa, passa o dia todo fora de casa para dar uma vida digna, um alimento dentro de casa para aquele filho, e infelizmente, até mesmo pelo local que se vive, ela acaba não tendo este controle de quem o filho tem amizades durante o dia, e quando vai ver, o filho já está inserido neste mundo criminoso”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

Leia também: Adolescente de 14 anos, gerente do tráfico na região do Feiraguay, é apreendido em Feira de Santana

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