Daniela Cardoso e Ney Silva
Atualizada ás 12:14
Com cerca de 1.600 ocorrências registradas de janeiro até junho deste ano, sendo dois feminicídios, uma tentativa de homicídio e 31 casos de estupros, está havendo em Feira de Santana um número alto de subnotificação da violência contra a mulher em Feira de Santana, ou seja casos que não chegam à polícia.
Em reunião ordinária, o Conselho Municipal de Defesa da Mulher analisou os dados da chamada Rede de Proteção. Para resolver o problema da subnotificação, a presidente do Conselho dos Direitos da Mulher, Josailma Ferreira disse que é importante sensibilizar os profissionais atuantes para fazer a notificação e a sinalização para a Rede de Proteção a Mulher.
“Os dados ainda não são fidedignos, ou seja, muitas vezes a mulher chega na unidade de saúde e a violência não é informada. A gente percebeu também que apenas 10% das ocorrências registradas na Deam, comparem ao Centro de Referência. Não sei se é falha, mas precisamos fazer essa buscativa para saber onde podemos avançar, pois o Centro de Referência vai atuar para que essa mulher se fortaleça e saia do circulo da violência”, destacou.
Ela informou que as mulheres têm procurado mais centro após casos de estupro. Segundo ela, é um número muito grande, tanto na Deam como no Centro de Referência, que vai acolher após o estupro fortalecendo a mulher para que ela retome a vida.
A delegada especial de atendimento a mulher, Clécia Vasconcelos, que participou da reunião, afirmou que essa rede funciona bem em Feira de Santana, mas reconheceu que o trabalho pode melhorar.
“A violência contra a mulher é um fenômeno mundial e crescente. Em Feira de Santana não seria diferente, mas a gente percebe que a cidade tem uma rede de proteção atuante, que trabalha de forma sincrônica. O trabalho não é perfeito, precisa ser melhorado e é por isso que reuniões como essa acontecem periodicamente para percebemos onde estão as lacunas, onde precisa melhorar, quais as deficiências”, afirmou.
De acordo com a delegada, as violências mais comuns praticadas contra a mulher são as ameaças e as lesões corporais. Ela destaca que apesar do número de ocorrências ser enorme, o número de feminicídio não é expresso. Este ano foram dois.
Clécia afirmou que as mulheres vítimas têm buscado atendimento e apoio na delegacia especializada e por isso o número de ocorrências tem aumentado a cada dia. Ela diz que a Lei Maria da Penha tem dado visibilidade e a mulher se sente estimulada a denunciar.
CCJ aprova notificação compulsória de casos de violência contra a mulher
Profissionais da saúde que suspeitarem de violência contra a mulher deverão comunicar o fato aos superiores e autoridades policiais.Segundo a Agência Senado, o Projeto de lei nesse sentido (PLC 61/2017) foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A relatora, senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE), afirmou que a medida é positiva para evitar a subnotificação desses casos.