Laiane Cruz
Atualizada às 19h30
Uma enfermeira, que não quis se identificar, procurou a Delegacia de Homicídios, na manhã desta terça-feira (12), acompanhada de um advogado, para prestar esclarecimentos e se defender acerca da circulação de um vídeo e mensagens nas redes sociais acusando-a de ter furtado o celular do segurança e estudante de Direito Wilker Correia da Costa, 24 anos, que foi morto a tiros enquanto trabalhava, em um bar da Avenida Fraga Maia, em dezembro do ano passado.
(Foto: Arquivo pessoal/ Wilker Correia foi assassinado a tiros no dia 16 de dezembro enquanto trabalhava no bar)
De acordo com a enfermeira, em depoimento ao delegado Fabrício Linard, ela foi ao bar no dia do ocorrido após sair de um show em outra casa de eventos. Ela relatou que após dez minutos no local, houve os disparos na porta do estabelecimento.
“Na hora dos disparos, todo mundo correu, e eu e um grupo de pessoas corremos para o banheiro e nos abaixamos, esperando cessar o barulho e a confusão, pra gente se sentir seguro em sair. Quando tudo estava mais calmo, eu, duas amigas, e um grupo de pessoas desconhecidas, saímos do banheiro. Eu vi um corpo no chão, várias pessoas ao redor, o bar estava repleto de policiais, e tinha uma pessoa fazendo massagem cardíaca na vítima no chão. Como eu vi vários policiais, eu me senti segura de abaixar pra ver a pulsação do corpo que estava no chão e vi que estava sem pulso, pois sou enfermeira, sei o protocolo do Samu, que quando a gente pede por socorro, eles pedem algumas informações, pergunta se a vítima está respirando, se está com pulso, e eu já sabendo desse protocolo, fui averiguar e vi que ele estava sem pulso”, declarou a enfermeira.
A mulher afirmou que após o dia do fato passou a ter seu nome vinculado ao furto do aparelho celular da vítima e está sendo alvo de ameaças.
“Meus amigos me ligam, minha família está em pânico e eu não sei explicar o porquê. A única coisa que eu fiz, respaldada pelo Coren, foi prestar socorro. Fui ameaçada de estar protegendo alguém que eu não conheço. Só vi quem efetuou os disparos pela própria imprensa no outro dia, fiquei sabendo o nome, pois divulgaram as fotos. Não conheço, não tenho vínculo nenhum com a pessoa, inclusive fiquei tão pasma quanto os outros quando vi minha foto nas redes sociais”, disse a enfermeira.
Ela desabafou ainda que se sente injustiçada e teme pela própria vida. “Vim prestar esclarecimentos, muito mais por temer por minha vida, e me sinto injustiçada de ter ido ajudar, prestar socorro, fazer o que aprendi na faculdade, e estou sofrendo ameaças por eu ter feito a minha obrigação naquele momento. Estou sendo marginalizada, por fazer uma coisa que fui instruída a fazer durante todo o meu curso.”
O delegado titular da DH, Fabrício Linard, salientou em entrevista ao Acorda Cidade, que todos os fatos relacionados ao homicídio do segurança foram esclarecidos e as pessoas acusadas de participar do crime já foram identificadas e o caso remetido à Justiça. Segundo Linard, as imagens do vídeo que mostram a enfermeira são inconclusivas e não provam que o celular tenha sido furtado naquele dia e pela pessoa que está sendo acusada.
“Não acreditamos que esse celular traga um fato novo que venha modificar o nosso trabalho de investigação sobre esse homicídio. No entanto, os parentes do Wilker registraram um boletim de ocorrência na Delegacia de Furtos e Roubos. Esse telefone foi furtado, não estava com a vítima e nem com outra pessoa no local do levantamento cadavérico, então cientes que tem esse boletim, fiz esse contato com o chefe da especializada, procedi ao termo de interrogatório que ela apresentou. Eu particularmente acho que o vídeo é inconclusivo e não dá pra fielmente acreditar que ela pegue algum objeto e entregue a alguém ou coloque no bolso. O vídeo não é determinante para se afirmar que foi naquela ocasião, e que foi essa pessoa que subtraiu o celular”, declarou o delegado.
Ele ressaltou que além da investigação sobre a morte do segurança, que já foi concluída, há ainda a investigação acerca do furto do aparelho e a partir de agora a que irá buscar a autoria da acusação contra a enfermeira.
“Aí temos outra investigação para se chegar às pessoas que estão caluniando, maculando sua imagem nas redes sociais. A 2ª Delegacia então seria competente para apurar de onde partiu e quem está difundindo e passando adiante essas informações, inclusive com fotos dela como procurada, oferecendo recompensa”, concluiu.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.