Nos últimos dois meses, maio e junho, a Polícia Civil conseguiu recuperar 57 aparelhos roubados de seus proprietários em Feira de Santana e nas áreas circunvizinhas. Esse número reflete o alto índice de roubos e o interesse crescente dos criminosos por esses dispositivos.
Para o delegado da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (1ª Coorpin), Yves Correia, recuperar os celulares é um serviço que as forças de segurança pode ofertar para as pessoas, mas sobretudo, é fundamental identificar os criminosos para que os delitos ou crimes maiores não cheguem a acontecer novamente.
Recentemente, a Polícia Civil realizou uma cerimônia de entrega para devolver aos proprietários seus aparelhos roubados.
“Uma vez que a gente sabe que o aparelho hoje está a vida das pessoas e a importância da recuperação desses aparelhos para a sociedade e, ao mesmo tempo, identificar essas pessoas que estão receptando, enfim, os que roubaram e furtaram. O trabalho todo envolvido é para isso. É lógico, a recuperação é importante, mas também identificar esses autores de receptação ou então de que estão vendendo produtos roubados para poder também responsabilizá-los criminalmente”, explicou.
O coordenador da 1ª Coorpin ressaltou que, hoje, o celular vai muito além do valor monetário, neles há memórias pessoais valiosas para os proprietários, inclusive, conteúdos que não podem ser recuperados.
“O aparelho hoje tem um valor, não só monetário, mas também a gente sabe que existem vários bens e sentimentos dentro do aparelho como diversas fotos, vídeos, às vezes que a pessoa não consegue recuperar por fora, nem todo mundo tem nuvem no celular para poder pegar em outro o aplicativo, por isso a importância de recuperar e devolver esses bens para os legítimos donos”.
Bloquear aparelho e registrar ocorrência
Para a recuperação do aparelho, seja ele roubado ou perdido, Yves destacou em entrevista ao Acorda Cidade, a importância das pessoas realizarem o boletim de ocorrência na delegacia. Este é o primeiro passo para conseguir reverter a situação, caso o dispositivo seja localizado. O outro passo importante é, assim que comprar o celular, anotar o IMEI, que é a identificação do aparelho.
Para descobrir, basta abrir a tela de discagem do celular e digite *#06# que o código vai aparecer. Este recurso que auxilia o proprietário a comprovar a titularidade do aparelho, rastrear o dispositivo por meio de sites ou aplicativos, controlar o sistema remotamente no caso de problemas com a operadora ou fabricante, e até mesmo bloqueá-lo.
“O IMEI você consegue o número na própria caixa ou então com poucos dígitos ali no celular você consegue identificar o seu IMEI. Uma vez identificado, a Polícia Civil com trabalho de inteligência consegue buscar um novo cadastro e localizar onde esse celular se encontra, uma vez localizado, vamos buscá-lo para poder já fazer recuperação e devolução e, ao mesmo tempo, responsabilizar e investigar os possíveis autores”, explicou Yves Correia ao Acorda Cidade.
Conforme o delegado, em casos de recuperação, a própria polícia informa sobre a devolução. Assim que o resgate do aparelho é realizado, os agentes identificam a vítima para devolver.
Geralmente, os aparelhos recuperados não estão mais em posse dos criminosos. Segundo o delegado, o aparelho é localizado nas mãos de um novo adquirente ou de um receptador. São raros os casos em que a pessoa que se encontra com o celular roubado é a mesma que praticou o delito. Ele também explicou porque muitas pessoas que compram celulares roubados não fazem parte diretamente da ação criminosa.
“A maioria a gente já pega no na mão de um inocente ou então de um receptador. E inocente eu digo por quê? Porque muitas das vezes essas pessoas compram de boa fé mesmo. Chega numa loja, compra o celular e pega até nota fiscal naquela loja com valor razoável para um valor de segunda mão no mercado e a pessoa acha que está tudo certo. De repente é surpreendida com a polícia e detalhe, ela vai perder aquele bem. E aí só vai restar ela buscar uma reparação cível contra aquela pessoa que vendeu aquele bem roubado ou furtado”, explicou.
Justamente por conta desse aproveitamento por parte dos criminosos, Yves reforçou a necessidade de registrar a queixa com todas as informações do celular. Locais que vendem aparelhos roubados também estão no radar da Civil.
“Eles vendem mesmo na “cara de pau”, achando que a impunidade vai restar configurada. Ou então tentando mesmo impor essa prática como se fosse algo comum e normal, mas não é. Então a gente está investigando também logicamente donos de lojas que estão vendendo aparelhos roubados ou furtados até para saber se eles estão associados criminalmente com os autores”.
Um detalhe importante apontado pelo delegado é de que proprietários de lojas que vendem celulares furtados ou roubados respondem pelo crime que está sendo praticado.
“Em última análise eles são partícipes ou coautores desses crimes de roubo de furto. Então que são até mais graves do que o crime de receptação. De modo que uma vez descobertos nesse sentido, vão responder também pelo crime praticado”.
Conferir a procedência do aparelho
O delegado ainda orienta que as pessoas verifiquem as informações do aparelho assim que adquirir o produto, principalmente, aqueles vendidos de segunda mão.
“É importante demais verificar com esses dígitos que falei, até no Google você acha quais são esses dígitos. Importante você digitar já no próprio aparelho, se tiver alguma restrição, vai aparecer. Com esses dígitos que você vai colocar para ver o IMEI do aparelho você já consegue ver se tem alguma restrição naquele aparelho. Ela vai conseguir perceber que aquilo ali é um produto ilícito. Se for o caso, deve devolver, pegar seu dinheiro de volta para evitar um futuro prejuízo. Então é importante prestar queixa para gente poder buscar fazer nosso trabalho de polícia judiciária”, acrescentou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram