Em Feira de Santana, o número de vidas ceifadas relacionadas ao tráfico de drogas é bastante alto. A rivalidade entre os grupos criminosos para a comercialização de drogas é uma das principais causas dos assassinatos recorrentes na região. Somente em dezembro do ano passado, 26 pessoas foram vítimas de homicídios na cidade.
O delegado Deivid Lopes, titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) de Feira de Santana, apresentou ao Acorda Cidade um balanço sobre o trabalho da Polícia no combate ao tráfico de drogas no ano de 2023. Segundo ele, mais de uma tonelada de maconha foi apreendida
“A gente concluiu o ano de 2023 com resultado bastante positivo nesse combate à criminalidade, finalizamos o ano com 29 prisões efetuadas, chegamos quase a marca de três operações por mês, além disso, 20 armas de fogo foram apreendidas nesse período, importante, ressaltar que cada arma apreendida a gente tira de circulação esse objeto que pode causar danos à comunidade, além desse indivíduo também que está portando essa arma, é preso e conduzido à delegacia e essas ações acabam enfraquecendo as ações de tráfico, os traficantes na localidade para a gente conseguir trazer um pouco mais de tranquilidade para a nossa população”, relatou.
Para contabilizar as apreensões da DTE no ano passado, é preciso levar em consideração que além da Polícia Militar, outros órgãos de segurança tem participação no resultado das apreensões, como a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Civil. O delegado destacou sobre as apreensões.
“Foram apreendidos de maconha aproximadamente 1 tonelada e 100 quilos e de cocaína aproximadamente 400 quilos, desse quantitativo, do resultado das nossas operações da DTE, a gente tem aproximadamente 100 quilos de entorpecentes entre cocaína e maconha”, detalhou.
A droga mais apreendida
A droga mais apreendida do ano foi a maconha. Deivid Lopes explicou porque ela se destaca dentro da comercialização do tráfico e pontuou que uma grande parte do entorpecente vem do estado de Pernambuco.
“Mantendo o que a gente já vinha acompanhando nos últimos anos, a maior quantidade de droga apreendida foi de fato de maconha, muito provavelmente pela fácil comercialização, por ser uma droga mais barata e sobretudo por ser uma droga de produção nacional. Muitas das apreensões são resultantes de cargas que vinham de Pernambuco, inclusive até da Bahia, aqui da região de Senhor do Bonfim, que produz bastante entorpecente e por conta dessa facilidade, de fato é uma droga que se visualiza mais nas praças de tráfico e por consequência é mais fácil a sua apreensão”, explicou.
Outros entorpecentes como o crack e a cocaína não possuem uma produção nacional, por isso, chegam no estado provenientes de outras regiões oriundas de outros países.
“Quando a droga chega aqui em Feira na maioria das vezes ela já foi recebida em São Paulo ou em um estado do sul do país e depois é direcionada aqui para a Feira de Santana, então a maior parte das nossas apreensões de drogas de cocaína, crack, até de drogas sintéticas são oriundas da região sul e sudeste do país”, informou.
No trabalho realizado durante o ano barreiras e operações são montadas nas rodovias para que o ‘tráfego’ das drogas seja enfraquecido, mesmo assim os entorpecentes conseguem circular pelo país.
“A gente visualizou ao longo do ano diversas operações da PRF que tiveram resultados muito positivos, várias apreensões, tanto apreensões de veículos de pequeno porte como caminhões, pessoas trazendo esse entorpecente no ônibus. Então a gente visualiza de fato uma união dessas forças policiais para impedir e dificultar a chegada dessas drogas e isso culmina com a grande quantidade de apreensão de drogas que foi realizada nesse último ano”.
Segundo o delegado, nos casos em que há a suspeita de que passageiros e motoristas pelas rodovias não sabiam que a droga estava sendo transportada, há um procedimento pelas forças de segurança para chegar a conclusão da veracidade das informações, conseguindo assim elucidar a ocorrência.
“Tem que verificar a situação concreta para identificar se esse indivíduo tinha conhecimento daquela droga. Como aquele material estava embalado? Qual o cheiro que aquele material possuía? Se seria facilmente identificado, se aquele material foi conferido e a partir dessas circunstâncias, dessas informações, a gente consegue verificar se de fato ele sabia ou se ele estava levando aquele material enganado”, pontuou o delegado ao Acorda Cidade.
Para o delegado, o grande objetivo do tráfico de drogas é o lucro monetário almejado pelos envolvidos. Em contrapartida, o resultado é muito efêmero e os riscos enfrentados são letais.
“A gente vê que as prisões são de pessoas muito jovens, pessoas com 18, 19, no máximo 21, 22 anos que já estão presas, já vão para um presídio, já perdem a maior parte da sua juventude encarcerados e aí acaba sendo um tipo de lucro que não vale a pena. Quando você coloca na balança, qualquer lucro que possa vir desse comércio e a liberdade que esse indivíduo vai perder, com certeza essa liberdade é um bem muito maior”, ressaltou.
No município, a disputa pelo tráfico nas localidades é grande. Para reverter isso, o delegado pontuou que a Polícia Civil tem monitorado esses grupos criminosos, a fim de prevenir o aumento da criminalidade e os danos dela que atingem a população.
“A Polícia Civil vem acompanhando esse desenvolvimento desses grupos criminosos dentro dos bairros, vem realizando esse controle, fazendo as investigações. O que culmina nessas prisões, tanto da DTE, quanto nas prisões das Territoriais, da Delegacia de Homicídios, da Coordenadoria, sempre buscando evitar que esses grupos criminosos cresçam e consigam o maior poder dentro da nossa cidade”, afirmou.
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Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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