Rachel Pinto
Outubro foi considerado um dos meses mais violentos de 2020 em Feira de Santana. 45 homicídios e três latrocínios foram registrados, totalizando 48 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). O coordenador regional de Polícia Civil, o delegado Roberto Leal, disse em entrevista ao Acorda Cidade que os números surpreenderam a polícia e também toda a comunidade. De acordo com ele, a cidade vinha indicando uma pequena redução, principalmente em homicídios e a elevação destes números no último mês está diretamente associada a disputa pelo tráfico de drogas.
Roberto Leal frisou que houve uma incidência alta de assassinatos em bairros como Conceição, Mangabeira, Campo Limpo e George Américo.
“Todas as investigações que são desenvolvidas tanto pela Delegacia de Homicídios (DH), quanto pela Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), apontam nesta direção de que há uma disputa pelo tráfico e um novo grupo passou a alardear, a querer invadir determinados locais, a fim de tomar as bocas de fumo, também alvejando desafetos. Isso desencadeou uma série de ações e reações. Um grupo ia a determinado bairro, executava uma pessoa envolvida com tráfico. As pessoas ligadas a essa vítima retornavam em forma de retaliação, invadiam outros bairros que tinham ligações com outro grupo e executavam o desafeto. Essa dinâmica perdurou em todos os finais de semana, até o dia 2 de novembro, quando houve uma mudança na situação dos homicídios. Mas, a tensão continua e isso tem desencadeado ações da Polícia Civil e Polícia Militar justamente na tentativa de coibir essas ações e frear essa alta dos índices”, afirmou.
Roberto Leal relatou que além dos homicídios, as tentativas de homicídios também aumentaram no último mês e esta realidade preocupa a polícia. Ele informou que a Polícia Civil está unindo forças com a Polícia Militar e Polícia Penal para desenvolver ações para os próximos dias.
Ele explicou que os grupos criminosos que atuam na cidade estão utilizando a metodologia de tomar territórios, invadir locais e estabelecer apenas uma força. Isto resulta no aumento de homicídios.
O coordenador de polícia explicou também que muitas lideranças de grupos criminosos percebem a ação das forças policiais para prendê-las e por isso, acabam evadindo-se para outras cidades e passam a controlar o tráfico à distância.
O delegado comentou que as disputas para o controle do tráfico de drogas também envolvem os conjuntos habitacionais populares e vão além dos bairros.
“Em alguns bairros há uma maior concentração desses grupos, como: Mangabeira, Conceição, Gabriela. Na Mangabeira, a situação é mais preocupante devido aos conjuntos populares. A disputa não é apenas em relação ao bairro, mas a cada conjunto popular e isto está gerando um conflito tenso que está gerando estas mortes”, encerrou.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.
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