Andrea Trindade
A polícia de Feira de Santana registrou 33 homicídios no mês de Janeiro deste ano em Feira de Santana. No mesmo período em 2019 foram registrados 21 homicídios. É o maior número de homicídios em janeiro dos últimos anos. Destas 33 vítimas, duas são mulheres. No mês passado também houve três duplos homicídios.
Segundo o levantamento feito pelo repórter Aldo Matos, do Acorda Cidade, 29 homens foram mortos a tiros e dois a facadas. Com relação as mulheres, uma foi morta tiros e outra a facadas. Dois menores de 18 anos estão entre as vítimas de homicídio. Além dos 33 homicídios, foram registrados cinco mortes em decorrência de intervenção policial (troca de tiros). Nenhum latrocínio (roubo seguido de morte) foi registrado.
O bairro que mais registrou homicídio em janeiro de 2020 foi o Santo Antônio dos Prazeres com três mortes violentas.
Veja a seguir a quantidade de homicídios por bairros e por áreas das Companhias Independente da Polícia Militar:
Número de homicídios registrados em áreas das CIPMs
64ª CIPM – 06 homicídios
65ª CIPM – 05 homicídios
66ª CIPM – 17 homicídios
67 ª CIPM – 05 homicídios
Atuação da PM
O comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL), Coronel Luziel Andrade, informou ao Acorda Cidade que além de Feira de Santana, houve aumento também nas cidades de Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas e Araci. Em todas as demais cidades atendidas pelo CPRL houve redução.
Ele informou que a Polícia Militar vai continuar trabalhando para reduzir os índices de homicídios e destacou que já houve prisões de suspeitos de assassinatos do mês de janeiro e outros já foram identificados. Além disso, em toda a região do Comando Leste já foram apreendidas 50 armas de fogo, sendo 16 só em Feira de Santana.
O coronel Luziel informou também que 548 pessoas foram conduzidas por policiais militares para as delegacias em janeiro deste ano sendo 97 em Feira de Santana, e que os PMs realizaram 91 apreensões de drogas, sendo 19 ocorrências em Feira.
Tráfico de drogas
Já o delegado Rodolfo Faro, titular da Delegacia de Homicídios, declarou que o aumento é preocupante e que 19 dos 33 homicídios estão relacionados ao tráfico de drogas.
“É uma avaliação preocupante. Iniciarmos o ano de 2020 com mais de trinta homicídios, tivemos dentre esses, três duplos homicídios e o que preocupa é o direcionamento de 19 desses homicídios estarem relacionados ao tráfico de drogas, bem mais da metade. É algo que nos tem preocupado e nos faz repensar quais as estratégias a serem realizadas a partir deste ano no sentido de ter uma repressão maior, em um combate maior ao tráfico de drogas para que esses crimes não tomem conta dos índices que vem ocorrendo nos últimos anos”, disse.
A Delegacia de Homicídios já identificou nove suspeitos de assassinatos em janeiro.
“As investigações não param, nós temos um passivo muito grande, uma quantidade de homicídios enorme em Feira de Santana, e estamos remetendo os inquéritos que foram instaurados no ano passado e há diligências que demandam tempo em razão de algumas medidas sigilosas. Nos crimes ocorridos no mês de janeiro, nove já estão com com indicativo de autoria com remessa ao judiciário”, informou o delegado.
Banalização da criminalidade
Lamentando a banalização da criminalidade, Rodolfo Faro disse ao Acorda Cidade que além do tráfico de drogas há crimes envolvendo familiares e pessoas inocentes e que a população precisa ajudar a polícia a localizar os autores. Ele destacou que o sigilo da fonte é garantido e que a comunidade não precisa ficar com medo.
“Temos suspeitas de filhos matando pai, enteados matando padrasto, primo matando primo. Então a banalização da violência de forma geral está dessa forma, assustando toda a comunidade. A gente clama para que a sociedade de certa forma ajude, não só a polícia, mas a si mesma porque esses crimes acontecem na frente de nossos familiares ao lado da nossa casa. Há crimes que também atingem pessoas que não têm nada a ver diretamente com aquele crime, uma bala perdida, por exemplo. A sociedade tem que ajudar a polícia a tirar esses indivíduos”, disse.
“O crime que aconteceu no Aviário poderia ter sido evitado se houvesse essa ajuda da população no sentido de direcionar as investigações até a autoria desse delito. O sigilo da identidade dessas pessoas são preservados, não há como os investigados tomarem conhecimento de quem fez essas denúncias. Com essas denúncias a gente pode direcionar as investigações, representar pelas medidas cabíveis e tirar esses indivíduos dessas localidades”, continuou.
Ordens de dentro do presídio para matar
O delegado disse que a prisão de criminosos não tem impedido que eles continuem praticando crimes e que líderes de facções estão sendo transferidos para unidades que proporcionam um isolamento maior.
“Infelizmente os presídios de forma geral não impedem que aquelas pessoas condenadas continuem a cometer delitos. O serviço de investigação da Coordenadoria daqui de Feira de Santana conseguiu encaminhar três chefes de facção criminosa para o regime disciplinar diferenciado em Serrinha. Isso tem acarretado em uma resposta por parte desses traficantes ao verem seus líderes isolados, mas a longo prazo a retirada desses elementos do Conjunto Penal de Feira de Santana para cumprirem suas penas em um regime disciplinar diferenciado, vai trazer os resultados que a gente espera, que é a diminuição da violência”, disse.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade