Polícia

Com rosto desfigurado, cabeleireiro denuncia agressão: 'Sou gay e isso não vai mudar'

Jovem de 23 anos contou ter sido perseguido por homem que saiu de bar na cidade de Juazeiro: 'Ficava tentando me cheirar e perguntava se eu era menino ou menina', disse.

Acorda Cidade

Um cabeleireiro de 23 anos ficou com rosto desfigurado após ser agredido por um homem com um copo de vidro, no bairro Novo Encontro, em Juazeiro, norte da Bahia. Em entrevista ao G1, nesta sexta-feira (24), Jackson Ruan Rodrigues dos Santos contou que nunca tinha visto o suspeito e disse ter sido vítima do crime de homofobia. Em uma postagem nas redes sociais, ele conta que na noite do último sábado (18), quando deixava a casa da avó, o homem o seguiu, tentou cheirá-lo e perguntou se ele era menino ou menina.

"Ele tentava me pegar e eu continuei andando sem dar atenção. Fiquei com medo. Quando ele perguntou se eu era menino ou menina, eu parei e olhei para ele. Então ele veio em cima de mim e quebrou um copo no meu rosto. Eu corri e meus familiares me socorreram. Se eu não tivesse corrido, poderia ter acontecido algo pior. Isso aconteceu a uns 40 metros da casa da minha avó, em um bairro que eu cresci, onde todos me conhecem", contou o jovem.

A vítima disse que o homem estava em um bar, quando começou a perseguição. "Eu acho que ele estava bebendo em um bar e, quando eu passei, ele começou a me seguir com o copo na mão", disse.

Jackson relatou que procurou a polícia com dois advogados. A delegacia da cidade confirmou que a ocorrência foi registrada quinta-feira (23) e que está investigando o caso.

A denúncia do jovem não ocorreu somente na esfera policial. Antes mesmo de ir à delegacia, Jackson contou sobre a agressão em uma rede social.

"Eu não vou me esconder e nem me privar por uma coisa que eu não fiz, muito menos mudar o meu jeito de ser. Eu sou gay e isso não vai mudar em nada", destacou na rede social.

Jackson, que precisou levar pontos na bochecha e na sobrancelha, se recupera da agressão, mas diz que está preocupado e com medo de que essa situação se repita. "É uma mistura de sentimento. Ódio, rancor, medo por estar apanhando de graça, e trauma também. É tudo", contou.

O jovem contou que a polícia expediu guias para que ele fizesse exames de corpo de delito e que ele já passou pelos procedimentos.

Ele destacou também que após revelar a agressão nas redes sociais, tem recebido apoio de pessoas.

"Quando eu postei, foi mais um desabafo porque eu apanhei sem saber o porquê. Mas eu tenho recebido muito apoio e isso tem feito bem para mim", contou.

Leia a publicação do jovem nas redes sociais:

Sinceramente eu não queria falar sobre isso por medo ou vergonha, mas eu preciso desabafar. Sábado à noite, por volta de umas 19h, eu estava indo para casa, saindo da casa da minha avó, quando um indivíduo me seguiu, começou a tirar brincadeiras sem graça comigo e eu sem dar atenção a ele. Ele, por não satisfeito, simplesmente quebrou um copo na minha cara, na rua da casa da minha avó, onde eu fui criado. Tinham pessoas na porta e isso não intimidou ele nem um pouco, eu não tive reação nenhuma porque nem eu sabia porque aquilo estava acontecendo. Só voltei correndo para casa da minha avó, atrás de socorro, ensaguentado no meio da rua. Minhas primas, todas assustadas, sem entender, nada chamaram a polícia. Até hoje estamos esperando. Samu, a mesma coisa. Fui socorrido por um amigo, às presas porque eu estava perdendo muito sangue. Toda noite quando estou só eu choro só por me fazer uma pergunta e não ter resposta.
– Por que ele fez isso?
– O que foi que eu fiz?
E não consigo entender. Nós somos gays, não pedimos pra ser assim, simplesmente somos.
A gente vê isso acontecendo com os outros e acha que isso nunca vai acontecer com você ou com alguém da sua família, mas a maldade está aí, pessoas ruins existem sim.
Por tanto, eu não vou me esconder e nem me privar por uma coisa q eu não fiz, muito menos mudar o meu jeito de ser.
EU SOU GAY E ISSO NÃO VAI MUDAR EM NADA.

Fonte: G1

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