Rachel Pinto
A colombiana Amalfi Liliana Rojas Acuna, de 33 anos, procurou o Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Feira de Santana, na manhã de domingo (22) para realizar exame de corpo de delito, segundo ela, para comprovação de uma agressão da qual foi vítima na manhã de sábado (22). Ela informou ao Acorda Cidade que o responsável pela agressão foi um policial rodoviário estadual que trabalha no posto do município de São Gonçalo dos Campos e a agressão teria ocorrido após ele dizer que iria multá-la uma vez que a mesma estava transportando um cooler no banco do passageiro, e ao questionar sobre a multa, o policial teria lhe pedido dinheiro. Ela proferiu uma palavra ofensiva e em seguida, segundo ela, houve a agressão.
De acordo com Amalfi, houve discussão e durante o conflito, o policial lhe agrediu com três murros na região do peito. Ela contou ao Acorda Cidade que estava indo para a chácara da família no município de São Gonçalo, quando aconteceu a abordagem e em seguida a agressão. Ela informou ainda que além dela, estavam no seu veículo, um Spin de sete lugares, o seu pai idoso e a filha.
“Eu sou motorista, tenho tudo em dias. Estava indo para a chácara e fui parada. Chegou um policial moreno baixinho, pediu a documentação e eu entreguei. Ele me falou que precisava da minha Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e nesse momento eu tinha a minha CNH virtual. Ele falou que precisava a física e eu falei ‘Senhor, eu sou motorista, eu sei que agora tudo é digital’. Ele ficou calado e pensou que eu por ser estrangeira, não sabia. Depois me pediu o documento do carro e eu entreguei. Ele falou que aquele não era o documento, aí mostrei o documento impresso. Aí ele viu pneus, viu faróis, viu tudo e fez uma fiscalização. Depois me falou, ‘você é estrangeira?’ e eu disse que era colombiana. Ele falou para baixar o vidro e estava a minha filha menor de idade e meu pai idoso. No meio deles, tinha uma caixinha cooler de mão, com gelo e nesse momento ele perguntou se todos éramos estrangeiros e perguntou se tínhamos documentos, aí mostramos toda a documentação. Ele falou que ia me multar pela caixa”, declarou.
A colombiana informou que depois do policial falar que o cooler não poderia ser transportado no banco de trás do carro, o seu pai retirou a caixa e colocou a mesma no fundo do carro. Novamente o policial lhe pediu o documento e ao abrir a carteira disse “Aqui não tem nenhum trocado”. A motorista relatou que entendeu a fala do policial como um pedido de dinheiro e questionou a ele o que estava querendo dizer. Depois disso, ela afirmou que o policial lhe entregou o documento e disse que ela seria multada.
“Aí eu desci e fui falar com outro agente que estava dentro do carro da polícia e falei que não gostei do jeito que o colega dele tinha me abordado e ele grosseiramente, falou: ‘A senhora acha que está certa? Seu carro é de passageiro ou de transporte de carga? ‘. Eu novamente expliquei estava levando o gelo para a roça porque não tenho geladeira lá e que o gelo estava em um cooler de mão. Eu falei que o colega me pediu o trocado e perguntei: ‘Isso está correto? Prefiro pagar uma multa do que dar um centavo a vocês’ e fui para o carro. O que me abordou falou: ‘está liberada’ e aí chegou o colega e falou: ‘espere, espere e ele veio, falou: ‘onde está o cooler?’. O cooler já estava atrás do carro e ele começou a me falar de leis. Eu falei, vem falar de leis e pede trocado e ele falou: ‘vai ser multada mesmo’ e eu disse: ‘vocês são uns vagabundos’. Essas foram as palavras para ele me dar três murros pela janela. O primeiro foi com a mão aberta e dois com mão fechada. Meu pai que é idoso ficou alterado, fui agredida no peito, do lado do cinto, peito esquerdo na clavícula, e desci do carro pedindo socorro”, contou.
A motorista relatou que procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do bairro Queimadinha e que ficou com o local da agressão avermelhado e dolorido. O médico que realizou o atendimento solicitou um exame de raio x, mas não foi detectada nenhuma fratura. Ela observou que os golpes foram na região do pulmão e que por ser asmática, e ter ficado agitada, apresentou cansaço respiratório e chegou a ficar na UPA por duas horas tomando nebulizações. Amalfi Liliana salientou que também tem cistos na mama e ficou preocupada com a possibilidade da agressão lhe prejudicar a saúde.
O esposo de Amalfi, o construtor de casas Leandro Castelo Alves, confirmou o fato que envolveu a família e o policial rodoviário estadual e frisou que o policial registrou uma queixa de desacato a autoridade, enquanto a esposa prestou a queixa de agressão.
“Somos pessoas de bem, somos empreendedores. Ela faz transporte empresarial e a gente pretende buscar os nossos direitos junto à Corregedoria da Polícia Militar e no Ministério Público. Esperamos que as medidas cabíveis sejam tomadas”, finalizou.
O Acorda Cidade entrou em contato com a Secretaria de segurança Pública em busca de esclarecimento sobre o fato e aguarda retorno.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.