As investigações sobre um crime que chocou o Brasil devem ser concluídas nos próximos dias. Na madrugada desta sexta-feira (5), completa seis meses que quatro ortopedistas foram atacados por traficantes em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. Três dos médicos morreram na ocasião.
Investigadores da Delegacia de Homicídios descobriram que os quatro traficantes morreram nos dias seguintes ao crime – assassinados por ordem de chefes da facção criminosa. Um 5º participante do crime morreu cerca de um mês e meio depois, durante um assalto.
Agora, eles analisam todo o material colhido com as quebras de sigilo, obtidas com autorização judicial, para definir qual o chefe de uma facção criminosa mandou matar, na noite seguinte ao crime, quatro dos executores.
Os médicos foram mortos porque os traficantes confundiram um deles, o médico Perseu Ribeiro Almeida com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.
Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste do Rio. Taillon e Dalmir foram presos pela Polícia Federal em outubro de 2023.
As investigações da DH apontam que realmente houve a confusão. Os traficantes pensaram que o médico Perseu Ribeiro Almeida era Taillon.
Perseu e outros três médicos participavam de um congresso que acontecia em um hotel em frente.
Quem são os 3 mortos?
Marcos de Andrade Corsato, 62 anos. Médico assistente do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Morreu na hora.
Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos: Especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Fez aniversário dois dias antes do crime, em 3 de outubro. Morreu na hora.
Diego Ralf Bomfim: tinha 35 anos e morreu no Hospital Lourenço Jorge após ser socorrido. Era especialista em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Ele era irmão da deputada Sâmia Bomfim.
Quem foi o sobrevivente?
Daniel Sonnewend Proença, 32 anos: Formado pela Faculdade de Medicina de Marília em 2016, é especialista em cirurgia ortopédica. Foi levado com vida para um hospital com 14 tiros. Faz tratamento em São Paulo para se recuperar dos disparos.
A execução dos criminosos
Ao saber da confusão dos criminosos, a facção decidiu por executar todos que participaram do ataque aos médicos.
Na noite seguinte, quatro deles foram executados: três deles estavam no carro que parou ao lado do quiosque e desceram para atirar contra os médicos. Um deles, Ryan Nunes de Almeida foi o responsável, segundo a polícia, por atirar em Perseu, achando que se tratava de Taillon.
Ryan, Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis foram mortos na comunidade da Chacrinha, na Zona Oeste do Rio, na noite seguinte ao crime. Eles integravam a chamada equipe Sombra e monitoravam Taillon há meses. O grupo foi formado para assassinar adversários da facção.
Dias depois que os criminosos mataram os médicos achando que estavam atacando o miliciano, Taillon foi preso, no fim de 2023. Ele já tinha sido detido em uma operação, no fim de 2020.
O mandante do ataque aos médicos, Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk, estava no Complexo da Penha. Lesk foi morto na mesma noite na comunidade da Zona Norte do Rio.
O único poupado naquela noite pela facção foi o motorista do veículo, Elias Thiago Reis, de 24 anos, conhecido como Militão.
Escapou da facção mas, segundo as investigações, acabou morrendo enquanto tentava cometer outro crime. Em 22 de novembro de 2023, 47 dias depois de dirigir o carro para os traficantes que mataram os médicos, Elias Thiago Reis, de 24 anos, pilotava uma moto e tentou roubar um veículo no Recreio dos Bandeirantes.
O motorista do carro, em movimento, percebeu a ação dos assaltantes e jogou o veículo contra eles e acabou capotando. A moto tombou. Um assaltante fugiu. Militão ficou ferido e morreu a caminho do hospital. Ele tinha de 16 passagens pela polícia.
Quebras de sigilo, com autorização judicial, levaram a DH a descobrir que o celular de Militão estava na orla da Barra da Tijuca, próximo ao quiosque, na noite do ataque aos médicos.
Agora, a DH analisa todo o material que chegou com as quebras de sigilo telemático. A ideia é tentar descobrir quem determinou a execução dos traficantes. A suspeita recai sobre os chefes da facção que estão em liberdade.
Um dos suspeitos investigados por mandar matar os criminosos é o traficante Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW. A polícia já sabe que ele estava baleado no dia da execução dos traficantes, o que coloca em dúvida se ele deu a ordem ou não de assassinar os integrantes da quadrilha.
Fonte: g1
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