Depois da prisão do fugitivo de uma cadeia de São Paulo, Willian Santana Pinto, 32 anos, em Feira de Santana, durante a Micareta, a polícia prendeu o líder do tráfico no Calabar, Averaldo Ferreira da Silva Filho, o Averaldinho, 21 anos. Ele foi preso quando curtia o som da banda de axé Chiclete com Banana, no domingo (18), último dia da Micareta de Feira de Santana, o traficante foi pego no pulo durante abordagem a foliões que estavam no circuito da festa.
Chicleteiro desde menino, Averaldinho não pensou que a ida para a festa seria seu passaporte para voltar à prisão. “Estava lá de boa quando teve uma confusão perto de mim e os policiais fizeram a batida. Quando o policial meteu a mão no meu bolso, pegou minha identidade e puxou no sistema que eu tinha um mandado. Fui ver o Chiclete e dancei”, disse o traficante, que foi ouvido terça-feira à noite na Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), em Salvador. Ele negou ter ido a Feira para aumentar a rede do tráfico.
Tecnologia
A indetificação do traficante, na micareta, só foi possível através de um equipamento de smart phone, usado pela polícia, que confirmou ali mesmo, perto do trio, que havia um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara de Tóxicos de Salvador contra ele, resultado de inquérito instaurado na 14ª Delegacia de Polícia (DP), na Barra, onde está preso.Ele já escapou da emboscada de traficantes rivais e de confrontos com a polícia, mas a irresistível paixão pela banda Chiclete com Banana colocou o líder do tráfico atrás das grades.
Bloco de traficante
De acordo com o delegado Nilton Tormes, Averaldinho “mandou executar rivais para se manter como a principal liderança do tráfico no bairro, além de ameaçar moradores.” Averaldinho, que já fez parte do bloco do traficante Genilson Lino da Silva, o Perna, hoje no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, diz que há oito meses, depois de cumprir um ano de detenção no Complexo Penitenciário da Mata Escura, tenta dar a voz sozinho no Calabar. “Saí da cadeia fraco. Não consigo me reestruturar. Tá difícil conseguir as coisas”, disse o traficante, referindo-se a armas e drogas. Segundo o diretor do Departamento de Narcóticos (Denarc), delegado Cleandro Pimenta, Averaldinho lidera o tráfico de drogas no Calabar e em parte da avenida Vasco da Gama.
“Ele usa principalmente da violência para tentar conseguir o controle do comércio de drogas no Calabar até o Alto das Pombas, onde rivaliza com o traficante Léo Floquet”. Pimenta destaca que a prisão do traficante tira de circulação um perigoso articulador do comércio de entorpecentes nacapital que, além do inquérito por tráfico e homicídios na 14ªDP, ainda tem uma condenação de nove anos de reclusão por tráfico na 2ª Vara de Tóxicos e Entorpecentes de Salvador.
Força
Menosprezando seu poder de fogo, Averaldinho diz que não temcomo resistir às investidas de Floquet, que faz parte do grupo do traficante César Dantas de Resende, o César Lobão, um dos dez criminosos mais procurados pela polícia baiana. “Não tem como encarar. Estou fraco. Eles têm muitos homens. Quando chegam por lá, é mais de 40, uns 50 de vez. Eles picam-lhe bala mesmo. Balearam meu pai e até minha tia que não mexem com nada”.
Juventude ligada ao crime
Seis anos dedicados ao crime. Averaldinho passou de acompanhante de traficante a líder do comércio de entorpecentes no Calabar. Quando o assunto é a mão de obra que usa para se manter no tráfico, Averaldinho desconversa. “Só entra quem quer”. O problema, segundo Averaldinho, é que Floquet é subsidiado por Lobão, que também desejaria sua morte. “Não sei onde Lobão está e se soubesse ia me defender. Ele quer me matar para tomar a boca do Calabar”, destacou o jovem traficante. Apesar das acusações de homicídio por parte da polícia como instrumento para controlar o comércio na área, Averaldinho não assume nenhuma morte.
Acorda Cidade com informações do Correio