Acorda Cidade
Segundo uma mulher que trabalha no sistema penitenciário de São Paulo declarou ao Ministério Público, o avô paterno de Isabella, Antônio Nardoni, pode ter participação na morte da menina de 5 anos. As informações foram publicadas no Fantástico deste domingo (7). Ela diz ter ouvido a revelação dentro da prisão onde Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella, cumpre pena pelo assassinato.
A funcionária revelou que Anna Jatobá assumiu, em conversa dentro do presídio em 2008, ter batido na menina e contou que o marido Alexandre jogou a própria filha pela janela. “Falou que ela bateu na menina porque a menina não parava de encher o saco. Que a menina estava enchendo muito o saco. Que não era para ser tão grave. Pensou que matou, pensou que a menina estivesse morta.Ela fala que não estrangulou a menina. Que ele colocou a menina no chão, acreditando que a menina estivesse morta, enquanto ela ligava para o sogro”.
Segundo a mulher que preferiu não se identificar, Anna Carolina também citou, dentro do presídio, o envolvimento do pai de Alexandre no caso. “Falou para o sogro que matou a menina e ele falou: ‘simula um acidente. Senão, vocês vão ser presos’. Aí, tiveram a ideia de jogar a menina pela janela. Que o Alexandre só jogou a filha porque acreditava que ela estivesse morta e que ele entrou em choque depois que jogou. Desceu, e a menina estava viva”, disse.
Na época do crime, com a quebra do sigilo telefônico do casal, ficou comprovado que, a partir das 23h51 da noite da morte de Isabella, Antônio Nardoni e Anna Jatobá conversaram durante 32 segundos. “A ligação teria sido feita logo depois do corpo ter sido jogado. É isso que a investigação indicou. Mas nós temos que apurar se havia outro telefone, usaram outro celular? Não sei, nós temos que ver agora”, disse Francisco Cembranelli, promotor do caso.
A funcionária disse que Anna Jatobá nunca denunciou o sogro porque é ele que sustenta toda a família. “Com certeza, é pelo silêncio dela. Ela recebe muita coisa de fora. Coisas que outras presas não recebem. Vários tipos de queijos, brincos. O colchão que ela dorme é especial. Foi presente do seu Nardoni para ela. Porque estava dando problema na coluna dela o colchão da penitenciária”, contou.
Segundo os promotores do caso, a menina foi asfixiada em 29 de março de 2008 pela madrasta e depois jogada pela janela do 5º andar pelo pai, Alexandre Nardoni. O casal vivia em um prédio na Zona Norte de São Paulo. Dois anos depois, Anna Jatobá foi condenada a 26 anos de cadeia e Alexandre, a 31 anos de prisão. Os dois continuam em presídios de Tremembé, no interior de São Paulo.
O Ministério Público garantiu o sigilo. “Ninguém saberá o nome ou qualquer identidade dessa testemunha. Se as investigações evoluírem, é claro que é possível que surja um novo júri”, diz o promotor Paulo José de Palma, que ouviu o novo relato.
Cembranelli disse que o avô chegou a ser investigado na época. “Durante a investigação, havia suspeitas, sim. Porque houve um contato do casal com o pai num momento muito próximo ao crime. Suspeitou-se de participação, mas nós não conseguimos na investigação também trazer responsabilidade para outras pessoas. Por isso, somente o casal foi denunciado”.
As revelações feitas pela testemunha podem repercutir imediatamente. O depoimento dela será analisado nesta semana por uma promotora do Fórum de Santana, onde tramita o caso Isabella. Depois, policiais devem ouvir Anna Jatobá, Antônio Nardoni e a testemunha que fez a denúncia.