Está sendo realizada nesta segunda-feira (14) no Fórum Filinto Bastos, em Feira de Santana, uma audiência de instrução sobre o caso Marcelinho, jovem que foi assassinado no dia 1º de abril de 2022, sob a acusação de ter efetuado disparos de arma de fogo contra uma guarnição do pelotão Asa Branca, da Polícia Militar, na Avenida Presidente Dutra.
Marcelo Felipe Guerra dos Santos Rocha, tinha 18 anos quando foi assassinado. A família contestou a informação divulgada na ocorrência policial de que o jovem teria trocado tiros com a polícia, e o caso passou a ser investigado pela Delegacia de Homicídios.
A mãe de Marcelinho, Daniela Guerra, explicou ao Acorda Cidade o que aconteceu antes do filho ser morto.
“Meu filho não tinha habilitação, ele tinha orientação que não deveria dirigir, mas ainda assim às vezes dirigia. Neste dia ele estava no sentido Tomba, quando avistou uma blitz na Avenida Maria Quitéria e conseguiu estacionar o carro antes. Ele me mandou uma mensagem avisando que demoraria para chegar em casa devido a essa blitz. A gente seguiu conversando e não imaginei que meu filho estava correndo perigo de perder a vida, até porque se ele estava diante de policiais, para mim não apresentava riscos, porque ele nada devia, ele só não tinha habilitação”, relatou.
Ainda de acordo com a mãe do jovem, ele saiu da Avenida Maria Quitéria, pegou a Presidente Dutra, quando foi perseguido por dois policiais, que atiraram contra ele.
“Eles alegaram que seria um confronto, mas já ficou provado que meu filho não tinha nenhuma arma, não teve troca de tiros, ele foi alvejado ainda dentro do veículo e como se não bastasse, eles não socorrem meu filho”, afirmou.
Durante a audiência de instrução, Daniela Guerra estava com os pertences do filho, que foram encontrados dentro do veículo no dia em que ele foi assassinado. “Dentro do carro foi encontrado uma necessaire, uma máquina de cartão de crédito e cartões de visita. Ele era empreendedor, um menino sonhador, que tinha um futuro promissor. Tenho orgulho de ter sido mãe dele”.
Na audiência de instrução foram ouvidas 13 testemunhas, sendo oito de defesa e cinco de acusação. A mãe do jovem afirma que o Ministério Público denunciou os policiais por homicídio qualificado, onde a vítima não teve chance de defesa.
“As provas que temos são os depoimentos de testemunhas que passaram na hora, imagens de câmeras que registraram a ação. Além disso, na primeira ocorrência os policiais disseram que quando foi atirar, ele tentou fugir a pé, o que é mentira. Depois disseram que quem digitou a ocorrência, digitou errado, então houve muita contradição”, disse.
Ela ainda relatou o sentimento diante dessa situação e afirmou que segue firme em busca de justiça. “É muito difícil ficar frente a frente com quem tirou a vida do seu filho, eu nunca imaginei que teria que passar por um sofrimento desse, mas sigo confiando em Deus, sigo confiando que a justiça seja feita. Nada vai trazer a vida do meu filho de volta, mas vou lutar para preservar o nome dele. Espero que a justiça seja feita”, frisou.
O Advogado Marco Aurélio, que foi constituído pela família da vítima, explicou ao Acorda Cidade que essa audiência é a primeira fase processual, onde se apura indícios suficientes de autoria e prova de materialidade.
“Ao nosso sentir, até o momento, estamos satisfeitos, já vislumbramos esses indícios suficientes de autoria e a prova de materialidade. A prova da materialidade é inequívoca, a pessoa foi vítima de homicídio, houve um sepultamento e está claro. Tem a confissão de que efetuaram os disparos e outros elementos que identificamos. Então até o momento temos indícios suficientes de autoria para que a acusação seja admitida, mas ainda temos que aguardar, faltam testemunhas serem ouvidas”, afirmou.
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Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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