Salvador

Briga por dívida de R$ 100 para comprar droga teria motivado morte de dentista

Delegadas informaram resultado das investigações nesta segunda-feira (18).

Dentista
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O homem preso suspeito de matar o dentista Lucas Maia de Oliveira, de 36 anos, no prédio de luxo Celebration Garibaldi, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, disse em interrogatório para a polícia que tinha uma relação de amizade com a vítima, mas os dois brigaram por causa de uma dívida por drogas no valor de R$ 100.

O suspeito foi encontrado na manhã desta segunda-feira (18), na casa em que morava com a namorada, no bairro do Engenho Velho da Federação. Ele estava escondido embaixo de uma pia, enrolado em um cobertor.

O homem pediu para a companheira falar que ele não estava no imóvel. A mulher foi ouvida pela polícia e disse que o namorado confessou ter matado o dentista. Ele confessou o crime para ela após a companheira reconhecer a tatuagem dele em uma reportagem na televisão.

O suspeito contou para a polícia que conheceu o dentista cerca de um mês antes do crime em uma praça, na Avenida Garibaldi. Ele negou que os dois tenham tido qualquer envolvimento amoroso e sexual.

De acordo com as delegadas Zaira Pimentel e Pilly Dantas, os dois discutiram por causa da dívida e entraram em luta corporal. Lucas Maia teria pedido para o suspeito comprar drogas e depois não pagou o valor que o suspeito gastou.

O homem disse que achou que o dentista estava desmaiado. Decidiu então amarrar os pés da vítima e roubar uma televisão, o notebook, um relógio, uma mala com roupas e o carro.

O suspeito disse para a polícia que agiu sozinho. As investigações não apontaram a participação de outras pessoas no crime.

O suspeito informou ainda que vendeu a televisão de Lucas Maia em uma plataforma online, além do notebook e um relógio em uma feira. O celular e as roupas do dentista teriam sido descartados.

Apesar de o suspeito ter dito que vendeu a televisão, a Polícia Civil encontrou uma semelhante na casa dele e apreendeu o aparelho para a realização de perícia, que será realizada no Departamento de Polícia Técnica (DPT).

De acordo com a Polícia Civil, a identificação e localização do suspeito aconteceram após a análise de imagens de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas, amigos e familiares. A tatuagem que ele tem em um dos braços ajudou nas investigações.

Homicídio qualificado e furto

No dia 5 de dezembro, a polícia revelou que a morte do dentista era investigada como homicídio qualificado e furto. Até aquele momento, 21 pessoas tinham sido ouvidas no inquérito.

No mesmo dia, a Polícia Civil informou que 121 horas de filmagem dos circuitos internos de câmeras de segurança do edifício foram analisadas.

Em novembro, um homem suspeito de envolvimento na morte do dentista foi identificado. A informação foi confirmada para o g1 e TV Bahia por uma fonte da Polícia Civil. No entanto, a identidade não foi revelada para não atrapalhar as investigações.

Além disso, outro homem foi ouvido na delegacia na companhia de um advogado. De acordo com a delegada, elementos de provas foram analisados e foi constatado que ele não era o mesmo que apareceu nas filmagens do elevador como principal suspeito do crime.

Pai diz que filho foi asfixiado

A causa da morte do dentista não foi divulgada. No entanto, Lourenço Sampaio, pai de Lucas Maia, disse que o filho pode ter sido asfixiado antes de ter os pés amarrados com o lençol da cama.

“Nós não entramos no apartamento. A polícia passou que foi tudo quebrado, fizeram uma grande devastação, mas que não há sinais de violência. Provavelmente foi morto asfixiado”, disse.

Lourenço Sampaio confirmou ainda que há um ano o filho foi vítima de um golpe conhecido como “boa noite, Cinderela”. Nesse tipo de crime, as vítimas são dopadas e roubadas.

Na ocasião, Lucas teria ficado dois dias desacordado. Ele teve objetos do apartamento e o carro roubado.

“Eles entraram, roubaram alguns pertences do apartamento e abandonaram o carro em Lauro de Feitas. Depois ele recebeu uma ligação anônima e foi lá buscar”, contou o pai do dentista.

Os sinais apresentados no apartamento sugerem que pode ter ocorrido uma luta corporal antes de a vítima ter os pés amarrados entre a cama e o guarda-roupa. Lucas Maia também estava sem roupas quando foi encontrado.

Percurso do suspeito

O homem suspeito de matar Lucas Maia fez um percurso de uma hora com o carro da vítima antes de abandonar o veículo na região da Avenida Vasco da Gama, próximo da região do Vale da Muriçoca, a cerca de 2,5 quilômetros do edifício.

Segundo investigadores da Polícia Civil, o veículo modelo Nivus é automático e tinha rastreador. O homem que cometeu o crime ficou entre 20 e 30 minutos dentro do carro, na garagem do prédio, que fica na Avenida Cardeal da Silva, no Rio Vermelho, antes de deixar o local.

Confira abaixo o trajeto feito pelo suspeito:

  • ? O suspeito deixou o prédio Celebration Garibaldi, que fica na Avenida Cardeal da Silva, na altura do bairro Rio Vermelho, às 2h10;
  • ? O homem passou na frente do Hospital Jorge Valente, localizado na Avenida Anita Garibaldi;
  • ? Em seguida, percorreu por bairros como Federação e Engenho Velho de Brotas, passando pelo prédio da Fundação Pierrer Verger;
  • ? O veículo foi abandonado na Avenida Vasco da Gama, próximo da região do Vale da Muriçoca, a cerca de 2,5 quilômetros do edifício.

A polícia investiga a possibilidade de uma outra pessoa tenha esperado o suspeito, em um outro carro, no ponto que ele deixou o veículo da vítima. Ele teria fugido com as TVs, o notebook, roupas e dinheiro.

Dentista enviava fotos de pessoas com quem se relacionava para amigos por segurança

Suspeito usou capuz para evitar câmeras de segurança

A câmera de segurança da garagem flagrou o momento que o suspeito caminhava pela garagem, que, de acordo com identificação da câmera, seria o segundo pavimento de estacionamentos, o G2.

O homem usava capuz e caminha com tranquilidade, enquanto empurrava a mala até desaparecer da imagem. As imagens não mostram o suspeito com os pertences roubados. Os investigadores acreditam que ele tenha usado o elevador várias vezes, para fazer o transporte dos itens.

A cronologia do crime

Segundo informações obtidas pela reportagem da Rede Bahia, o dentista Lucas Maia de Oliveira teria chegado ao prédio por volta de 18h de quinta-feira (23), acompanhado do suspeito.

No mesmo dia, por volta de 21h, um vizinho interfonou para a portaria do prédio e disse ter ouvido um pedido de socorro. O profissional teria subido até o 10º andar, onde fica o apartamento de Lucas Maia. Porém, o porteiro teria tentado contato, sem sucesso. Após escutar apenas o barulho feito pelo ventilador, o porteiro não teria chamado a polícia e retornou para a portaria.

Na madrugada de sexta-feira (24), o suspeito saiu do apartamento de Lucas. Ele usou as escadas para descer do 10° para o 8° andar, de onde chamou o elevador.

Neste momento, o homem já usava um casaco que seria da vítima, com o qual é flagrado pelas câmeras no elevador. A mala utilizada pelo suspeito também pertencia ao dentista. Antes de deixar o local, o suspeito ainda teria ficado por cerca de 30 minutos no carro e depois saiu.

Ainda segundo informações obtidas pela reportagem, ao menos duas televisões, um notebook, um celular, dinheiro, roupas e o carro, que já foi localizado, foram levados pelo suspeito. Um martelo quebrado foi encontrado no quarto.

Fonte: g1 Bahia

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