Laiane Cruz
Diante dos 358 homicídios já registrados este ano em Feira de Santana, o novo comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL), coronel Adalberto Oliveira Piton da Silva, declarou na manhã desta quinta-feira (9), durante coletiva de imprensa que a sua tropa irá ‘partir para cima’ da criminalidade no município.
De acordo com ele, há muitos grupos envolvidos com o tráfico de drogas na cidade e que contribuem para o aumento do índice de homicídios.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Existem grupos que se rivalizam pela venda de material entorpecente e isso reflete em homicídios, que são um tipo de crime muito difícil de se prevenir. Muitas vezes, a vítima fica perambulando naquele ambiente em que está sendo ameaçada e é assassinada até dentro de casa. Nós não podemos perder o foco de que é muito triste ver tantos jovens sendo assassinados. Eu não sou da tese que bandido bom é bandido morto, mas digo o seguinte: a nossa tropa vai pra cima. É uma tropa preparada e instruída e vamos continuar combatendo, para manter os índices dentro de um nível suportável”, afirmou o coronel.
O coronel disse que está fazendo um estudo preliminar da mancha criminal em Feira de Santana, para identificar quais os locais onde há maior incidência de homicídios.
“Não podemos baixar a guarda. Então estou fazendo o estudo da mancha criminal de Feira de Santana, onde há maior incidência de homicídios, e não apenas a análise quantitativa, mas a qualitativa. Pra isso podemos contar com a Polícia Civil, a Rodoviária Federal, com todos os órgãos de segurança, a Guarda Municipal, todos os seguimentos, que possam nos ajudar em nosso trabalho.”
Blitze
Adalberto Piton destacou que de imediato, após ter tomado posse como comandante regional, irá intensificar o policiamento no centro da cidade e já solicitou também do comandante-geral uma aeronave para operações aéreas.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Precisamos trabalhar em cima da prevenção, essa é a estratégia principal. E para isso precisamos da colaboração de todos os seguimentos da sociedade. Eu peço um tempo para que a gente possa ajustar a estratégia. Evidentemente não vamos revelar detalhes das estratégias, porque ainda preciso conversar com os seguimentos da segurança pública, e quero lembrar a todos que a Polícia Militar é uma peça da engrenagem. Nós não somos todo o sistema, portanto, precisamos azeitar a máquina para de forma integrada atacar os principais problemas de segurança de Feira de Santana e região”, salientou.
O novo comandante do CPRL reforçou também que continuará investindo em blitz para combater a criminalidade na cidade. De acordo com ele, a estratégia é manter o foco na prevenção.
“Na blitz, você tira uma arma das ruas, prende alguém com mandado de prisão em aberto. Por isso são necessárias as blitze. Vamos continuar fazendo muitas blitze. E para isso a gente precisa da colaboração de todos, de entender que quando a polícia está operando, a gente precisa ter compreensão e que é para o bem da sociedade”, justificou.
Projetos sociais
O coronel informou que além do estudo da mancha criminal, ele buscará o apoio de entidades que realizam projetos sociais.
“As bases comunitárias já fazem um trabalho, mas eu gosto muito de trabalhar com o seguimento religioso, a educação, o esporte, lazer. Vou ainda discutir com a prefeitura. Porque não adianta um bairro que tenha problemas de violência só a polícia comparecer lá. Muitas vezes a polícia é o único órgão que visita aquele bairro, mas e a educação, a saúde, a energia elétrica, então são muitas coisas que refletem na violência. Nossa ideia nesses lugares onde a violência é muito intensa é buscar fazer um trabalho multidisciplinar”, disse.
Outro ponto abordado durante a coletiva foi sobre a saúde mental dos policiais militares. Segundo o coronel Piton, ele pretende investir não só na saúde física da tropa, mas também nas dimensões psiquícas e espirituais dos policiais.
“Tive a alegria em Feira de Santana de encontrar o Servap, que é um centro que acompanha e valoriza o policial, com psicólogos, vários técnicos, e uma equipe multidisciplinar. A gente precisa ampliar algumas necessidades logísticas desse centro. O comandante-geral Paulo Coutinho tem recomendado essa questão da saúde mental da tropa, porque lida diariamente com a violência e isso afeta psique do policial, e dentro do meu plano de comando eu pretendo cuidar não só da saúde física, mas também a saúde mental e também da dimensão espiritual. O foco é que o policial vá trabalhar em paz, habilitado a exercer suas funções com tranquilidade”, afirmou.
Outra possibilidade de se aproximar mais das equipes, de acordo com ele, é criando um novo canal de comunicação e uma ouvidoria.
“Já há uma ouvidoria-geral do estado, onde o cidadão faz a sua denúncia, sua sugestão, elogio, mas isso demanda um tempo. Mas eu gostaria de criar um canal mais rápido. A nossa ideia é ativar a ouvidoria daqui. O CPRL tem quase 4 mil policiais nas 99 cidades. E eu quero estabelecer esse canal de comunicação com a tropa para o policial falar mais rápido com o comandante e a assessoria. Então a ideia é ativar mais um canal de whatsapp e a ouvidoria através de e-mail.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.