Grande torcedor da Micareta de Feira de Santana, o professor, radialista e Chefe da Divisão de Cultura Popular do município, Edilson Veloso, sabe bem o que dizer quando é questionado sobre o evento momesco (assista a entrevista em vídeo no final desta reportagem).
Vivenciando grandes histórias que marcaram épocas, artistas e foliões, Edilson Veloso esteve no segundo episódio do Projeto Micareta de Feira, no Programa Acorda Cidade, na Rádio Sociedade News, para trazer momentos marcantes e uma avaliação sincera do maior Carnaval fora de época do Brasil.
Veloso, como carinhosamente é conhecido, possui uma conexão com a Micareta desde que nasceu. No bate-papo com o radialista e âncora Dilton Coutinho, ele falou que, ao nascer, morou em uma garagem de trios elétricos.
“A minha relação vem desde bebê, cheguei a morar em uma garagem de trio. Meu pai abandonou minha mãe grávida e, quando nasceram as duas coisas lindas, que eu sou gêmeo, minha mãe precisou ir para a casa do pai dela, que, uma certa vez, precisou decidir entre a minha mãe e a esposa, e mandou minha mãe embora. Como ela não tinha para onde ir, morou na garagem de trio elétrico. Já morei também na Tertuliano Carneiro, que era onde acontecia a Micareta, eu via os trios antigos estacionados”, disse.
E, se há ligação desde a infância, a defesa da continuidade do evento também permanece. Edilson Veloso foi ainda questionado sobre os comentários a respeito da extinção da Micareta de Feira. Em um tom sereno e objetivo, o professor destacou que quem não gosta de Micareta é porque envelheceu “precocemente”.
“Tem pessoas que envelheceram precocemente, porque a velhice não está na idade, está na mentalidade. Quem defende que a Micareta tem que acabar é quem já ganhou muito dinheiro e hoje despreza. Conheço muitos que cansaram de ganhar dinheiro, tem gente que quer ganhar para trabalhar, mas tem que trabalhar para ganhar. O que cai do céu é chuva e avião de vez em quando”.
Curiosidades
Em um bom diálogo sobre a música baiana, não poderiam faltar também as avaliações sobre bandas, a exemplo de Bell Marques, que decidiu seguir carreira solo após 31 anos à frente do Chiclete com Banana.
Para Veloso, além de impactar o público que curte o Axé Music, a saída do cantor foi um ato de “revolução”, que também trouxe um novo significado à banda onde Bell Marques foi reconhecido.
“Ele se reinventou, abriu a mente para novos horizontes. Se você passar a vida toda na mesmice, você não vai a lugar nenhum. Bell pegou Walmar Paim, um excelente baterista de Santo Amaro, disse para ele montar a banda, ele pegou os melhores músicos. Só Walmar Paim foi com Bell, o restante dos músicos, nenhum é do Chiclete. Chiclete com Banana era um negócio interessante porque você não conseguia chegar perto de um integrante, era uma banca, uma bazófia. Depois que Bell saiu, o Chiclete estava ligando para as rádios para pedir entrevista. Tem gente que aprende no amor, e tem gente que aprende com a dor”, frisou.
Neste episódio, o professor e radialista Edilson Veloso também relembrou momentos que ficaram guardados na memória dos foliões, como o Arrastão do Carro da Pitú e da marcante “Chora Bananeira” tocada nos trios. E ainda, a inesquecível “Ave Maria”, tocada por Ademar Furta Cor, em 1984, na Praça Castro Alves, em Salvador.
Assista a a entrevista abaixo:
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