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Gileno Mugambi: médico, Capitão da PM, defende combate ao racismo diário e aos mecanismos que criam vulnerabilidade e poder

Gileno traz neste bate-papo do podcast do Acorda Cidade, a importância de ensinar aos filhos a necessidade de autoconhecimento racial.

Médio e policial Gileno
Foto: Arquivo Pessoal

Criado no bairro do Tomba, em Feira de Santana, Gileno Mugambi, de 38 anos, é referência para jovens de todo Brasil. Trabalhando desde os 9 anos na mercearia de seus pais, o médico formado pela Uefs e Capitão da Polícia Militar sempre escolheu estar entre os livros.

De origem humilde, ele traz com orgulho e muita consciência os processos que sofreu ao longo da sua vida e como sua busca por conhecimento permitiu que ele não fosse preso nessas desigualdades. Ele é um exemplo vivo de ascensão sóciorracial no Brasil.

Tornou-se conhecido em todo o país, após participar no final do ano passado, do Programa de Luciano Huck, “Quem quer ser um milionário?”, onde seu vasto conhecimento em história, arte, geografia e sua qualidade inesgotável por conhecimento, lhe levou a faturar R$ 300 mil – valor muito bem direcionado para sua Residência Especializada em Cirurgia no exterior.

Aventureiro e mergulhador recreativo, Gileno tem muita disposição no que faz. Percorreu mais de 30 países, em especial, países do continente africado, como Namíbia e Egito, onde pode conhecer sua ancestralidade, inclusive ele conta como realizou o teste de ancestralidade e traz no Podcast Escuto Cá Entre Nós, detalhes sobre o processo.

Mas nem tudo são flores, o médico plantonista de UTI, que estando em espaço de disputa de poder, sofre diariamente em suas profissões por conta do racismo, seja ele velado ou direto. Ele alerta as pessoas para a importância de se combater o racismo estrutural, recreativo e científico, que retira a humanidade da pessoa negra e não lhe dá condições iguais de oportunidade. Neste caminho, Gileno levanta uma série de intelectuais, negros, negras e não negros, que explicam as condições do afrodescendente, não somente no Brasil, mas como protagonista na história mundial.

Pai de uma garota de 13 anos, Gileno traz neste bate-papo do podcast do Acorda Cidade, o Escuto Cá Entre Nós, a importância de ensinar aos filhos a necessidade de autoconhecimento racial para que jovens negros se tornem protagonistas de sua própria história. Além de seres humanos melhores, indivíduos combatentes das mazelas sociais e raciais que atingem diretamente a sociedade como um todo. Ele cita a fala da ativista norte-americana, Angela Davis. “Não basta não ser racista, É preciso ser antirracista” afirmou.

Gileno dos Santos Cerqueira é uma oficialidade. De origem queniana, Gileno Mugambi, nome que escolheu pela necessidade de reconhecer sua ancestralidade, é representatividade, resistência e referência por onde passa. Ele é o exemplo que o Brasil precisa para crianças, jovens, adultos e idosos se espelharem. Esperamos os próximos capítulos dessa jornada brilhante que ainda inspire muita gente mundo afora.

Ouça o podcast no player abaixo. O Escuto Cá Ente Nós também está no Spotify, Deezer e Google Podcasts. Siga @escutocaentrenos e @acordacidade no Instagram  e no Facebook para acompanhar as gravações ao vivo ou, se preferir, inscreva-se no canal do YouTube.

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Mustapha

Parabéns ao nobre cidadão, de fato sua trajetória é realmente brilhante, serve de exemplo principalmente para os jovens. Entretanto, acredito que atualmente existe predominantemente a segregação é socioeconômica, pois infelizmente muitos ditos afrodescendente, uma vez conquistado sua relevância social, passam a praticar os mesmos ritos antes sofridos. Médicos e pedreiros são profissões distintas e igualmente importantes – o que muda é o olhar e valor dado pelos seres humanos no empinar do nariz.

Roberto Carlos Pinheiro

Capitão Gileno, um exemplo para nossa instituição “Polícia Militar da Bahia”, grande profissional da área médica e sem dúvida um excelente Oficial de Polícia. Tive a honra em ter trabalho junto com esse amigo e irmão, mesmo em um período curte “Campanha Política” no município de Canarana-Ba.

Deus te abençoe sempre Capitão Gileno!

Respeitosamente,

Roberto Pinheiro

Liza Veiga

E pasmem! Em nossos dias um preto quando ascende socialmente incomoda!

Deck

Sou negro e a minha cor não me torna menor nem maior que ninguém sou igual, não quero fazer parte dos benefícios que disponibilizam para os negros as chamas (cotas), isso nos torna diferente gente, porque um negro tem que disputar privilégios com brancos em cotas?.
Os tais benefícios e cotas já caracterizam racismos, diferença,,,, e outros mais.
Sou negro mais me sinto igual, não quero que ninguém me chame de branco pois odeio mentira, me chame de negro mesmo. (Verdade)

Cidadão

Também sou negro nesta questão penso igual a você

Roberto

Você é muito é burro. Precisa estudar mais. Se tiver paciência pra ler, leia “Racismo Estrutural” de Silvio de Almeida e sua concepção sobre a merda que você escreveu vai mudar.

FEIRA

É ISSO MESMO DECK GOSTEI AMIGO SABIAS PALAVRAS SOU BRANCO MAIS EU SEMPRE FUI CONTRA A ESSA POSIÇÃO DE COTA TODOS SÃO IGUAIS E VIVA A RAÇA HUMANA FILHOS DO MESMO DEUS MARAVILHOSO

joao m costa

serar muito bom comessa pala PM afinal não a uma instituição mas racista pra quem dúvida basta ver em oculto uma abordagem a um branco e a um negro

Deck

Concordo plenamente

Marcos

Interessante como o discurso identitário começa a ganhar espaço na mídia local. Basta observar por qual motivo o concurso da Câmara Municipal foi paralisado e teve o edital retificado. Milhares de feirenses, que são pardos, sofreriam eliminação sumária dos especialistas em raça. Combater o racismo estrutural (cuja origem é inglesa) tornou-se genocídio dos pardos no Brasil (maior nação mestiça, mundo). Pergunta ao entrevistado se todos os coleguinhas brancos e pobres dele tornaram-se médicos? Daí saberemos se temos racismo estrutural ou pobreza estrutural na educação, saúde e segurança.

Joao

O racismo estrutural e individual, é tão real que basta tocar no assunto para despertar incômodo em quem detém os privilégios. Afinal de contas, se periféricos e pretos acessarem educação de qualidade, quem limpará o chão e assentará o piso para os privilegiados???? O jeito é negar a existência do racismo, dos preconceitos assim como se negou o alto risco associado ao vírus da Covid, a eficácia das vacinas, etc.
Nunca foi fácil, nunca será, mas com diálogo e conhecimento a gente segue na luta. E o doutor Gileno ainda vai incomodar muita gente.

Marcos

Talvez incomode vc. Pois o case Gileno prova justamente o contrário, não temos racismo estrutural, mas episódico. O grande problema social do Brasil está na mudança de classe. O que é diferente da alienação de culpar o racismo por tudo neste país. A alienação é tão grande que somam todos os pardos como negros. Se, fenotipicamente, isso fosse verdade, a cada 10 baianos, 8 teriam que ser pretos. Dentre os pardos estão ACM Neto e Rui Costa. Racismo Estrutural em uma nação com 100 milhões de pardos? kkkk Falta leitura e conhecimento em estatística!

Joao

Inferência Bayesiana. Pelo jeito, tens doutorado em estatística! Puxa, que aula… nem na UFBA eu vi tão impressionante professor…

Jaime Amorim

Te falta, MUITO, conhecimento sobre o assunto. Cá tenho minhas dúvidas se por ignorância ou puro cinismo.

Pedro

Assisti ele no programa de Luciano Huck, inteligente demais, exemplo a seguido, imagino o orgulho que a família deve ter.

Lilian

Eu também assisti e fiquei apaixonada no bom sentido. Pela personalidade dele. Uma pessoa humilde e inteligente. Que Deus abençoe sempre a família de seu Gileno.

Seu Marbinho

A assessoria já está polindo o cara pra disputar algum cargo político

Jorge Santos

Prova viva que, pese os seus terríveis problemas sociais,nesse ainda é o país da oportunidade e nascer pobre, favelado, preto, não justifica a escolha pela vida de traficante ou ladrão. Essa conversa dos advogados petistas culpando a sociedade e o país pela escolha individual dos que buscam facilidade está provada como uma mentira criminosa.

Joao

Fico contente de ver que Gileno trata destes temas tão importantes e incômodos aos racistas. É preciso falar com nossos filhos negros e nao negros e conscientizá-los quanto a não praticar nem apoiar qualquer tipo de discriminação. Um médico negro oriundo de um bairro periférico tem um lugar de fala muito importante para despertar esses jovens da escola pública, das periferias que eles são tão inteligentes e capazes quanto qualquer outro jovem de classe média/alta. Além disso, é importante que os governos promovam políticas públicas para reduzir o racismo estrutural, dando mais oportunidades para jovens periféricos, em sua maioria negros. Como diz Caetano, “Gente nasceu pra brilhar”. O sol nasce pra todos!!

VICTOR

Ser humano extraordinário e um excelente profissional, quer seja na medicina ou na PMBA. Orgulho de Feira de Santana.