Dia do Beijo

Troca de olhares, sensações e toque: como nosso cérebro atua na química do beijo

O beijo não começa com o ato físico em si, primeiro ocorre no campo do pensamento.

Dia do Beijo_ Foto Freepik
Foto: Reprodução/ Freepik

“O beijo começa com uma conexão de almas, energética”, define a sexóloga Anne Sthephany, que atua em Feira de Santana, sobre o ato de beijar. Nesta quinta-feira (13), quando se comemora o Dia do Beijo, ela traz algumas considerações sobre a prática, que passa pela emoção, mas também por reações químicas específicas do corpo humano, capazes de ativar neurotransmissores importantes no cérebro.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Anne Sthephany descreveu como o beijo libera hormônios responsáveis por aumentar a sensação de prazer e felicidade.

Sexóloga Anne Stephany_ Foto Ney Silva Acorda Cidade
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“O beijo é a nossa capacidade, de através dos movimentos da boca, nos sintonizar com nosso parceiro ou parceira. Este contato de intimidade começa com todo um estímulo nervoso, que vem dessa parte oral, do toque, primeiro dos lábios, depois da língua, e isso vai ativando toda a nossa parte cerebral com a liberação de hormônios, como endorfinas, serotonina, dopamina, e isso traz uma grande sensação de bem-estar”, explicou.

Ela destacou que o beijo não começa com o ato físico em si, primeiro ocorre no campo do pensamento.

“O beijo, quando estamos ali naquele envolvimento, ele não começa no ato físico. Antes de a gente pensar no ato físico, já existe toda a sensação neuronal, de tudo que a pessoa pensa sobre a sua parceria. Inclusive, o beijo pode ser bom ou ruim, a depender da pessoa com a qual alguém está envolvido. Então é uma atitude primeiro emocional, está atrelada ao sistema límbico. Quando a gente parte para o ato físico em si, já existiu todo um comportamento de olfato, de tato, de olhar. O olho no olho antes do beijo faz todo um sentido de conexão”, salientou.

Ao exercitar o beijo, existe a liberação de neurotransmissores, que liberam adrenalina e estimulam os batimentos do coração, tornando-os mais acelerados, podendo levar também ao ato sexual.

“O beijo de língua, através das glândulas, estimula a produção de testosterona entre os envolvidos, e isso vai liberar aquela sensação de relaxamento. Para os homens vai haver o enrijecimento peniano e para a mulher o enrijecimento do clitóris, o que estimula a sensação do toque e que o sexo aconteça de uma melhor maneira possível.”

Segundo a sexóloga, a falta do beijo durante o sexo pode interferir diretamente na qualidade dessa relação e dificultar o orgasmo.

“Um estudo da Neuroscience mostrou que 70% dos casais não se beijam durante a relação sexual. A falta do beijo tem uma relação direta com a qualidade deste sexo, por exemplo mulheres têm mais tendência a não ter o orgasmo e homens a terem disfunção erétil. Isso dificulta o comportamento sexual do casal.”

Para estimular o ato de beijar entre os casais, a profissional sugere pequenas carícias ao longo do dia entre pessoas que se relacionam.

“Um processo de intimidade durante o dia, com beijos, carícias, tem todo um preparo. A gente precisa pensar em sexo desde a hora em que acorda e já começa a estimular, mandar uma mensagem, faz um toque, aquela carícia, um beijo no pescoço, e a pessoa começa a gastar as calorias desde a manhã.”

Mas, para ela, o beijo não significa apenas um caminho que conduz ao sexo, é antes de tudo um ato de aconchego.

“O beijo também traz um processo de aconchego, afago e carinho, mas tudo isso é emocional. Já para pessoas que foram traumatizadas, o beijo pode ser uma situação negativa, a exemplo de pessoas que foram beijadas à força, que sofreram abuso sexual, cenas que foram vistas de alguma maneira e que possam ter gerado algum tipo de trauma, então aquele toque já não é confortável. Então precisamos saber quem estamos beijando, para que isso não gere um desconforto”, ressaltou.

O beijo traz qualidade de vida, enfatizou Anne Stephany. E deve ser praticado por todas as pessoas de todas as idades.

“Se você tem um estado de parceria que te proporciona essa sensação de intimidade, isso já é cientificamente comprovado a liberação de todos os neurotransmissores responsáveis por melhorar a qualidade de vida, sendo a dopamina e a serotonina os mais importantes, e a ocitocina, que é o neurotransmissor da excitação.”

Entre amigos, pais e filhos e pessoas próximas, o beijo fraternal também é sempre bem-vindo e fortalece as relações.

Beije muito, sua parceria, seus filhos, seus pais, a si mesmo. Às vezes, a gente não se ama e não se valoriza. E se abraçar e se acolher faz tanta diferença no nosso dia a dia. O beijo é uma manifestação de carinho e a gente só precisa estar atento a como o outro recebe isso. Toda vez que você estiver diante de uma pessoa que te aceita naquele processo de intimidade não hesite em beijar, porque é algo extremamente positivo”, refletiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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