Nesta quinta-feira (10), o atendimento de pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro da Queimadinha, está restrito por tempo indeterminado devido a falta de pagamento aos trabalhadores da Saúde, há quase dois meses.
Uma funcionária relatou ao Acorda Cidade que o atendimento está sendo destinado somente às pessoas que apresentam um problema mais grave ou risco eminente de morte.
“O atendimento não está suspenso, está restrito. Ou seja, aqueles pacientes que chegam à unidade com risco eminente de morte que são aqueles classificados como amarelo e vermelho, esses sim, estão adentrando à unidade. Os demais pacientes que são classificação como verde e azul, que são os pacientes que não correm risco eminente de morte, este paciente passa pela triagem e é verificado os sinais vitais e partir daí ele é direcionado para outra unidade de Saúde ou PSF,” disse a enfermeira, Maria Evanice.
A enfermeira disse que esse atendimento restrito deve-se a falta de pagamento.
“Os médicos estão há quase dois meses sem receber, os outros profissionais não receberam no mês passado, com mais de 20 dias de atraso. Este mês que era para sair até o quinto dia útil ainda não recebemos. A prefeitura que é responsável para fazer o repasse para a empresa e até onde eu sei não está sendo feito o repasse, e por conta disso está acontecendo isso,” ressaltou.
Ao Acorda Cidade, a enfermeira contou que segundo informações esses repasses estão chegando atrasados há um ano.
“E mesmo sem dinheiro, os trabalhadores estão todos aqui. Assumindo suas escalas e trabalhando, mas de forma restrita, só estamos atendendo pacientes com risco eminente de morte. Inclusive até as nossas férias foram suspensas, eu mesma estaria de férias agora em novembro, e quatro dias antes de gozar das minhas férias eu recebi uma ligação, não foi nem por escrito, e eu achei uma falta de respeito com o profissional. Eu recebi a ligação que minhas férias foram suspensas, porque não teriam dinheiro para pagar,” revelou a profissional.
A enfermeira disse que não tem previsão até quando continuarão com os atendimentos de forma restrita.
“Até quando o chefe de plantão determinar vamos continuar com o atendimento restrito. Todos os médicos estão aqui na unidade, mas só estão atendendo pacientes com risco de morte, como pacientes que chegam com suspeitas de infarto,” informou.
A enfermeira destacou que estão aguardando o pagamento.
“Todo mundo tem compromisso, a gente tem colega aqui que só tem um vínculo, temos alguns colegas que estão passando necessidades, e isso é uma falta de respeito com os profissionais, uma classe tão importante que lida com vidas ter seu salário atrasado, a gente já ganha pouco e atrasar fica difícil. A expectativa é orar e pedir a Deus para que tudo isso seja normalizado. A gente trabalha com amor, agora só por amor ninguém trabalha não,” frisou.
O senhor Crispiniano Silva, corretor de imóveis, foi a UPA da Queimadinha buscar atendimento para o seu filho, mas não conseguiu.
“Meu filho está com a febre oscilando, tivemos aqui semana passada, mas ele voltou a oscilar novamente. E nos deparamos com essa situação aqui de que o atendimento está suspenso devido a falta de pagamentos dos funcionários. A gente fica preocupado, porque é a área de Saúde, uma área sensível e cabe a quem é responsável regularizar a situação para que a população não venha sofrer, porque a população depende do sistema de Saúde público, e isso precisa ser melhorado em todos os aspectos. Agora vou aguardar para ver se eles vão abrir uma exceção, porque é criança, e senão, vamos procurar outra maneira para resolver a situação da criança,” relatou.
Cileide Simone de Jesus foi buscar atendimento para o irmão que necessita trocar a sonda.
“Eu fui informada que o atendimento foi suspenso. Meu irmão tá com um problema de próstata. Agora vamos ter que nos deslocar para outra unidade de Saúde, porque eu não posso voltar para casa com a sonda furada. Já trouxe ele aqui outras vezes e fomos atendidos, só que dessa vez, eu não sei o que foi que aconteceu, fomos informados que não está sendo feito esse atendimento aqui,” concluiu.
Ao Acorda Cidade, a Secretaria Municipal de Saúde enviou a seguinte nota:
A Secretaria Municipal de Saúde não recebeu oficialmente a Carta Aberta dos médicos que atuam na UPA da Queimadinha. Conforme apurado pela SMS, a pendência existente é da folha salarial do mês de setembro, cujo vencimento foi no dia 20 de outubro.
A Prefeitura de Feira de Santana esclarece que o atraso no repasse de recursos para as empresas que fornecem mão de obra para UPAs e Policlínicas é uma consequência da falta de dotação orçamentária. Os projetos de lei foram encaminhados para a Câmara desde o mês de agosto e o Município aguarda apreciação por parte do Legislativo. A Prefeitura dispõe de dinheiro em caixa, mas precisa da autorização legal da Câmara.
Vale ressaltar que os recursos para manutenção destas unidades são de receita própria do Município.
Com informações são do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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