Vacina contra Polio

Jornalista e escritor feirense conta drama após irmão contrair poliomielite e ressalta importância da vacinação

Ao Acorda Cidade, André Pamponet relatou que o irmão faleceu aos 18 anos por complicações da doença que ocorreram de forma progressiva.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Na última sexta-feira (23), o jornalista e escritor André Pamponet escreveu um artigo, publicado no Blog da Feira, contando sobre as experiências vivenciadas por sua família após seu irmão ser acometido pela poliomiolite.

O texto foi idealizado diante da recusa que muitos pais têm tido em vacinarem seus filhos contra a infecção, que pode causar a paralisia dos membros inferiores e atinge mais as crianças.

A campanha de vacinação contra a poliomielite encerra na nesta sexta-feira (30). E em Feira de Santana, apenas 41% do público-alvo, que é de 39 mil crianças, foram vacinados.

Ao Acorda Cidade, André Pamponet relatou que o irmão faleceu aos 18 anos por complicações da doença que ocorreram de forma progressiva.

“Eu vivi essa experiência dolorosa na minha infância, faz muito tempo, quase 40 anos. Meu irmão faleceu quando tinha 18 anos. A doença avançou quase que progressivamente. E eu publiquei um artigo na imprensa feirense depois de ver esse baixo índice de vacinação contra a poliomielite, que é uma doença terrível, para tentar ver se as pessoas se conscientizam e levam seus filhos para se vacinarem e efetivamente manterem a proteção, porque é uma experiência terrível e acredito que todo alerta e toda advertência, todo cuidado, eu acho necessário, e um depoimento pessoal creio que traz uma contribuição também”, relatou.

De acordo com o escritor e jornalista feirense, a doença foi incapacitando o irmão para qualquer tipo de atividade e para a família também foi muito doloroso. Segundo ele, ter uma pessoa doente em casa, impossibilitada de andar e fazer qualquer movimento é sempre algo que dificulta muito.

“Sempre essa é uma situação que pode ser evita, basta você levar o seu filho para vacinar, que previne. E embora ainda não tenha casos dessa doença no Brasil já existe uma advertência da Organização Panamericana de Saúde para que vacinem as crianças e evitem esse problema, que é terrível, traz muita dor e muito sofrimento para a família. Ele em uma fase ficou na cadeira e depois foi para a cama sem nenhum movimento, nenhuma autonomia. Isso é um sacrifício que se impõe para a família”, recordou.

Medo das vacinas

Na opinião de André Pamponet, o medo que se criou das vacinas nos últimos anos é algo que não se justifica. E no Brasil, esse movimento antivacina tem crescido, trazendo o risco de doenças já erradicadas voltarem à cena.

“Esse medo da vacina é uma coisa que surgiu no Brasil recentemente e de contestar a vacina. Esse negacionismo que temos vivido neste momento é que tem conduzido a essa situação terrível e inexplicável. A vacina é algo que tem garantido a sobrevivência das pessoas, evitado doenças, e a própria vacina contra a Covid tem demonstrado isso, então eu acho que as pessoas têm que perder esse medo”, ressaltou.

Leia o artigo completo:

A tragédia da paralisia infantil

Tenho visto com frequência, no noticiário, a informação de que a vacinação contra a poliomielite – a paralisia infantil – está bem abaixo do patamar desejável no País inteiro. As campanhas vem sendo prorrogadas mas, até aqui, os pais não compareceram como deveriam aos postos de vacinação com suas crianças. Há, até, o risco de a doença reaparecer no Brasil. O alerta foi feito pela Organização Pan-Americana de Saúde, a OPAS. Vê-se que o negacionismo e a irresponsável postura antivacina não produziram efeitos nefastos só em relação à Covid-19. Experimentei dolorosa vivência com a paralisia infantil. Um dos meus irmãos – o único homem – faleceu em decorrência dessa doença, aos 18 anos, no começo dos anos 1980. À medida em que sua saúde se deteriorava, o que o incapacitou, privando-o das coisas mais simples, cresciam o sofrimento dele – sofrimento enorme, para gente grande – e o da própria família. Simplesmente não existem palavras suficientes para descrever a dor que vivemos.

Quando meu irmão contraiu a doença não havia acesso amplo à vacina, nem campanhas de vacinação. Atravessava-se a abominável ditadura militar. Também não havia apoio ou suporte na rede pública de saúde, nem benefício social para os doentes. Quem não tinha recursos, enfrentava o drama com estoica resignação. Era o que restava. Revolta? Inconformismo? O amor falava mais alto no enfrentamento àquele calvário. Assim, confesso o espanto com a relutância de quem – por ignorância ou outra razão qualquer – priva o filho da vacina e do direito de não se expor a uma doença horrorosa, cujos efeitos são trágicos. Imagino que não há dor maior do que ver um familiar sem andar, preso a uma cadeira de rodas ou – pior ainda – a uma cama. Sobretudo se isso decorrer de negligência, negacionismo, ignorância. Torço para que, nos próximos anos, a energia da morte se dissipe, dispersando também a contestação à ciência, às vacinas. Torço ainda para que, em Brasília, haja governo, e as campanhas de vacinação que tornaram o Brasil referência mundial sejam retomadas. Esse momento, infelizmente, ainda não chegou. Mas é sempre possível fazer um chamamento individual à lucidez, à razão. Se você tem filhos, não vacile! Vacine!

Lançamento de e-book

O jornalista também falou ao Acorda Cidade sobre o lançamento de um livro em formato de e-book , intitulado ‘Crônicas, lembranças e pandemia’. A obra foi escrita por André Pamponet durante os meses de pandemia da Covid-19, sobre os temores e as apreensões decorrentes da urgência sanitária que atingiu o planeta.

“Passei pelo Feira Hoje nos anos 90, posteriormente trabalhei em vários veículos de comunicação, sempre em impressos, trabalhei na Ascom da Câmara, e tenho uma trajetória longa no jornalismo. Então selecionei alguns artigos que contam a história de Feira e alguns relatos sobre esse período da pandemia de Covid e resolvi lançar em formato de e-book. O formato digital é mais democrático, tem um custo menor e atinge maior número de pessoas”, informou.

Para ter acesso ao livro basta fazer o download através deste link.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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Sérgio Suzarte

Triste também tive a doença quando tinha 4anos de idade hoje tenho 48anos e estou com SSP Sindrome Pós Polio é o agravamento da doença e ñ temos orientação e nem apoio .