Saúde

"Estava vivendo de forma desequilibrada, trabalhava de 12 a 14 horas por dia", diz deputado federal ao descobrir vitiligo

A intensa rotina de trabalho trouxe um custo emocional significativo, resultando no surgimento do vitiligo, apontou o deputado federal José Neto.

Deputado Federal Zé Neto
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

O vitiligo é uma condição autoimune que causa despigmentação da pele na forma de manchas, resultante da morte ou inatividade das células produtoras de pigmento. Essa despigmentação pode ocorrer em qualquer área do corpo, incluindo a boca, cabelo e olhos, sendo mais perceptível em pessoas de pele mais escura. Embora o tratamento possa melhorar a aparência da pele, ainda não existe cura para a doença. Alterações ou traumas emocionais estão entre os fatores que podem desencadear ou agravar o vitiligo.

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Em uma entrevista ao Acorda Cidade, o deputado federal José Neto compartilhou sua experiência pessoal com o vitiligo, revelando como a condição impactou sua vida e carreira. O deputado descobriu que tinha vitiligo em 1993, em um período de grande sucesso profissional.

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“Eu estava na melhor fase de expansão profissional. Eu estava no meu terceiro ano de formado em Direito pela Ufba, com escritórios em várias cidades da Bahia e trabalhando 12 a 14 horas por dia. Um amigo meu observou uma mancha no meu pescoço e me disse que parecia vitiligo”, relembrou.

Na época, Zé Neto gerenciava quatro escritórios e cuidava de mais de 2.700 processos. A intensa rotina de trabalho trouxe um custo emocional significativo, resultando no surgimento do vitiligo. Zé Neto destacou a negligência com sua saúde emocional como um fator crucial para o desenvolvimento da doença.

Fusca de Zé Neto
Foto: Arquivo Pessoal

“Eu estava vivendo de forma desequilibrada, o que gerou um entrave emocional. Eu não tinha tempo para a família. Em pouco tempo, 25% do meu corpo foi afetado, com manchas aparecendo no rosto, pescoço e braços. Eu não tinha ninguém na minha família com vitiligo, por isso acredito que esteja relacionado ao estresse e ao desequilíbrio emocional que vivia naquele período”, afirmou.

O processo de regressão da doença começou quando o deputado decidiu voltar à política, passando a ficar mais tempo com a família e retomando hobbies como tocar violão.

“Eu gostava de advocacia, mas me excedi na dose. Só houve um processo de regressão quando, em 1995-96, eu decidi voltar a fazer política, que era o que eu gostava de fazer na minha juventude. Consegui equilibrar o meu trabalho profissional com o fato de fazer política e, por incrível que pareça, houve uma regressão grande no meu vitiligo. Estabilizou e ficou nas extremidades. Aprendi a conviver com ele, e ele me ensinou coisas que talvez eu não entenderia se não tivesse passado por isso”, contou.

Ao Acorda Cidade, o deputado relatou que as manchas no pescoço e na boca desapareceram, e embora ainda possua manchas nas mãos, ele não sente necessidade de fazer tratamento para removê-las.

“Eu convivo com isso. Hoje já temos muitas descobertas na medicina, mas é preciso saber conviver. E eu aprendi muito. Quando eu tive vitiligo, eu ia fazer 30 anos, para mim foi um susto”, disse.

Além disso, Zé Neto também compartilhou que chegou a realizar um tratamento com profissionais de Cuba, mudando sua alimentação, hábitos e estilo de vida, fatores que estão relacionados ao desenvolvimento da doença.

“E foi o que estabilizou e mudei a cabeça. Hoje eu converso com muita gente que tem vitiligo. Por volta de 1998, passei a ter sucesso no tratamento, tomando medicamentos naturais. Às vezes, quase ninguém nota que eu tenho. Quando as pessoas notam e me perguntam, eu oriento, porque não tem absolutamente nada fora do normal. O vitiligo nos ensina a entender que faz parte da vida esses enfrentamentos, sempre colocando como plano de fundo o psicológico, não passar da conta na cobrança pessoal e cuidar mais de si próprio”, frisou.

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