Saúde

Dia Nacional de Combate ao Bullying nas Escolas: Saiba como identificar e ajudar as vítimas

A melhor forma de prevenir o bullying nas escolas é através da informação.

Criança
Foto: Freepik

O bullying (intimidação na tradução do inglês) é a definição de um comportamento agressivo, principalmente no ambiente escolar, que não possui motivações aparentes. Porém, as causas desta prática, que atinge crianças e adolescentes podem ser criadas devido a preconceitos raciais ou até mesmo o modo de ser.

Neste domingo (7) o país celebra o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A data, criada para dar visibilidade à importância da segurança e acolhimento no ambiente escolar, também reforça que o preconceito deve ser trabalhado na escola, como fator principal na redução da violência.

O Acorda Cidade conversou com a Psicóloga Clemilda Ferreira, que falou quais são os tipos mais comuns de bullying que tem início ainda na infância nas unidades de ensino.

Psicóloga
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“Normalmente, a violência psicológica e a violência física são as mais comuns. São aquelas pessoas que vão e agridem mesmo, e agridem cotidianamente a outra criança que fica mais retraída. A violência psicológica, é quando se faz comentários depreciativos sobre a pessoa, sobre um óculos que usa, ou sobre o tamanho do corpo, o tamanho da pessoa em si, se é mais alta, se é mais baixa, tudo isso transforma em bullying, quando ele começa repetitivamente a depreciar aquela pessoa dentro da escola”, disse.

Sinais

Os sinais de que uma criança ou adolescente enfrenta algum tipo de violência na escola também são comuns, destaca a psicóloga. A retração e a perda da vontade de frequentar o ambiente escolar são um deles.

De acordo com Clemilda, quando situações como esta ocorrem na rotina dos filhos, é também importante que os pais fiquem atentos aos sinais.

“Normalmente, a criança ou adolescente, ela começa a se retrair. Ela já é, sistematicamente, dentro da escola e dentro do ambiente social, mais retraída. Isso é um alerta até para os pais para observar porque ela é desse jeito. Então, quando uma criança começa a intensificar mais essa retração, tipo, não quer ir para a escola, ou não quer frequentar determinado ambiente. Quando a criança começa a não querer ir para a escola, algo há. Então, você tem que ficar atento, tem que chamar o professor, tem que chamar a coordenação, ou a coordenação chamar os pais para entender o que está acontecendo com aquela criança para tomar uma atitude devidamente urgente.”

Prevenção

A melhor forma de prevenir o bullying nas escolas é através da informação. Conforme a psicóloga, promover palestras e dinâmicas que possibilitem o reconhecimento do bullying são uma das estratégias para reduzir a prática.

“Na verdade, a escola precisa fazer um trabalho, um projeto dentro da escola inteira, falando sobre isso. A gente só combate algo falando sobre ele. Enquanto fica velado, ninguém sabe, as coisas acontecem, ninguém vê, faz vista grossa. Quando você fala sobre isso, as pessoas se alertam e dizem, ‘olha, eu também estou fazendo isso’. E isso é ruim. Então, tem que mostrar para o outro e para todas as pessoas que fazem parte daquele ambiente, de alguma forma, numa brincadeira, de forma lúdica, de uma forma séria, sentar, fazer um debate em relação a isso, para que as pessoas comecem a abrir os olhos para o que está acontecendo, até mesmo com o colega do lado que não percebeu”, contou.

Agressor

Além da execução de práticas de prevenção ao bullying, identificar e ouvir o agressor é crucial na construção de um ambiente seguro e saudável nas escolas. Isso porque, o responsável pela prática da violência pode também apresentar estes comportamentos devido a problemas pessoais.

“Quando uma pessoa é o agressor do bullying, muitas vezes ele passa por algum processo de agressão em casa, às vezes ele tem algum problema psicológico também, às vezes ele não tem nem uma atenção de que o que ele está fazendo está causando um mal tão grande para a outra pessoa. Então, quando você desencoraja, até fazendo com que a pessoa entenda o que está acontecendo e que aquilo que ele está fazendo não é bom, isso faz com que se quebre essa rotina diária”, disse Clemilda.

Segundo a psicóloga, tanto o agressor como a vítima precisam de atenção.

“É importante acolher, eu acho que o mais importante, não só a vítima, como o agressor. Porque é uma via de mão dupla, são duas partes. A vítima que está ali na sua posição de vítima e aceitando tudo aquilo e não tendo como recuar ou se defender daquilo. E o agressor que está ali o tempo todo agredindo, que também, às vezes, está inconscientemente fazendo aquilo, porque é uma forma de até chamar a atenção das pessoas para o que está acontecendo com ele. Então é importante acolher as duas famílias, tanto a família do agressor quanto a família da vítima. Eu percebo muito, quando as pessoas falam de bullying, em focar sempre na vítima. Mas, há duas partes ali, e as duas partes precisam ser cuidadas e nem sempre isso acontece”, reforçou.

Fase adulta

O bullying na infância pode causar traumas profundos que afetam a saúde mental e emocional das pessoas ao longo da vida.

Ainda de acordo com Clemilda Ferreira, embora menos discutido do que o bullying na infância, o assédio moral, caracterizado pela violência no ambiente de trabalho e na fase adulta, também podem desencadear problemas à vítima, afetando a autoestima e bem-estar emocional.

“Quando uma pessoa é agredida, em sua infância, e aquilo fica guardado, não se toma providência naquele momento, não se é tratado, quando ele se transforma em adulto, isso pode prejudicar na sua vida social, na sua vida profissional e até na sua vida familiar. Na verdade, quando se dá num ambiente de trabalho, não se chama mais bullying, se chama de assédio, criminalmente falando, o bullying normalmente se caracteriza em crianças no ambiente escolar, normalmente. E quando se fala de adulto é assédio moral, Mas é um bullying também, só é diferente porque o ambiente é outro”, concluir.

Ao presenciar algum ato de bullying, é imprescindível o apoio à vítima e a procura da ajuda profissional, como à direção escolar, psicólogos ou coordenação pedagógica.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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