Atenção à Gagueira

Dia Internacional de Atenção à Gagueira: especialista destaca importância do tratamento ainda na infância

De acordo com a fonoaudióloga, o desenvolvimento da gagueira pode ocorrer entre 2 até 5 anos de idade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

É comemorado neste sábado (22), o Dia Internacional de Atenção à Gagueira. A data tem o objetivo de informar as pessoas sobre o que é a gagueira e como ajudar a tratar este que é considerado um distúrbio ou transtorno de fluência da fala.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a fonoaudióloga Sara Gabrielli, explicou que existem dois tipos de gagueira, aquele que pode ser adquirido após um derrame ou de forma natural.

“A gagueira é um tipo de interrupção na fluência verbal que se caracteriza por repetições ou prolongamentos. Geralmente a gente conhece duas, a gagueira que é adquirida normalmente após um derrame ou traumatismo craniano ou uma gagueira por desenvolvimento. Como próprio nome já diz, é algo típico e normal que acontece durante o desenvolvimento, e a fala por ser algo tão complexo, é meio que difícil e complicado para uma criança se organizar e se expressar”, informou.

De acordo com a especialista, o desenvolvimento da gagueira pode ocorrer entre 2 até 5 anos de idade.

“A gagueira se manifesta na infância, entre as idades de 2 até 5 anos. A causa é multifatorial incluindo fatores genéticos e neurofisiológico. As vezes, crianças sofrem de baixo autoestima e acabam sofrendo bullying na escola, e isso acaba influenciando e causa um prejuízo emocional na vida destas crianças, e muitas vezes, o ideal, é que essas crianças também tenham um acompanhamento com o psicólogo”, afirmou.

A gagueira tem cura?

Segundo a fonoaudióloga, não, mas é possível realizar tratamentos ainda na fase da infância, como forma de minimizar os impactos no futuro.

“Infelizmente a gagueira não tem cura, mas tem tratamento. Por isso que é importante que os pais possam realizar avaliações fonoaudiológicas o mais rápido possível, porque assim, aumentam as chances não apenas de melhorar a fluência, mas também minimizar os impactos sociais e emocionais decorrentes das expressões frustrantes dessa criança”, destacou.

Foto: Brenda Filho/Acorda Cidade

Thaciane Mendes, 20 anos, foi diagnosticada com gagueira ainda na infância. Ao Acorda Cidade, ela contou que a família percebeu algumas mudanças nas falas, como as repetições.

“Eu sempre gaguejei, até porque a gagueira não possui um diagnóstico específico, é percebido na fala, e no meu caso foram as repetições, então desde criança eu tive essa condição. Eu lembro que tive muitas dificuldades em conversar, não conseguia pronunciar as sílabas, levava mais de 10 segundos, tinha momentos que travava, que não falava nada, e já venho de uma família de gagos, ou seja, é uma genética, então o pessoal não se preocupou de fato com isso. Porém agora na fase adulta, eu me preocupo até porque trabalho na área da comunicação, trabalho com público, então é importante tratar”, destacou.

Por conta da gagueira, Thaciane já passou por muitos constrangimentos.

“Em certos momentos, eu demoro para falar, às vezes ocorre situações de repetições, então as pessoas não têm a paciência e acabam me interrompendo. Uma vez, estava entrevistando uma pessoa e no meio da frase, eu travei. A pessoa ficou muito irritada e simplesmente saiu, informou que eu não estava preparada o suficiente, mas eu precisava cumprir o meu trabalho naquele momento, então fui atrás da pessoa, expliquei a situação e dei continuidade com a entrevista”, pontuou.

Mesmo que esteja calma, Thaciane informou que gagueja e explicou que a gagueira é definida como um transtorno neurobiológico.

“A gagueira é definida como um transtorno neurobiológico, porque ela começa no cérebro são núcleos que não conseguem enviar os comandos na hora certa, então, como no meu caso é genético acontece sem que eu esteja no meu controle. Mesmo que eu esteja calma, eu vou gaguejar, porque é uma condição neurobiológica, mas existem casos de pessoas que sofrem de ansiedade por exemplo, e acabam gaguejando por conta disso,” explicou.

Atualmente trabalhando na área da comunicação, Thaciane contou ao Acorda Cidade que o estágio se tornou um grande desafio, mas enfatizou que não é motivo para baixar a cabeça.

“Como eu trabalho na área de comunicação, isso pra mim é um grande desafio até porque eu preciso utilizar a minha voz. Nem todo mundo entende que a gagueira é uma questão que está ligada a parte neurobiológica, acham que é emocional, porque eu estou nervosa, porque não me preparei, mas não é assim. Por isso que se torna um grande desafio, mas é importante que todas as pessoas, não deixem que as vozes sejam caladas, precisamos seguir com os sonhos, é necessário persistir, nunca deixem calar a sua voz”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva e da estagiária Brenda Filho do Acorda Cidade.

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