Violência

Preso que tinha plantação de maconha está entre os mortos na guerra entre grupos criminosos

De acordo com o delegado, um dos líderes transferidos para Serrinha, tem ligação com o triplo homicídio que vitimou três mulheres no mês de março.

Polícia Militar - homicídio
Triplo Homicídio na Rua Nova | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Em apenas três dias, o município de Feira de Santana registrou 13 mortes na cidade. Diante da onda de violência, o policiamento na região foi intensificado nesse final de semana com o apoio do Grupamento Aéreo da Polícia Militar da Bahia (Graer), além da transferência de quatro líderes de organizações criminosas para o Presídio de Segurança Máxima de Serrinha.

A reportagem do Acorda Cidade conversou com o delegado Yves Correia, coordenador da 1ª Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (1ª Coorpin). Segundo ele, as investigações tiveram início na noite da própria sexta-feira (10).

Yves Correia
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A Polícia Civil tem trabalhado desde o momento que iniciaram estes ataques. A gente percebeu que foi direcionado de um grupo criminoso para outro grupo criminoso, e no mesmo momento que iniciaram-se esses ataques, a inteligência junto com a equipe tática foi para a rua fazer todo o trabalho de levantamento junto com o Silc, DHPP, DH, Catti, e conseguimos já no próprio levantamento perceber o grupo específico que estava atacando, fazendo o chamado “bonde”, e com isso buscamos testemunhas, buscamos imagens, buscamos diversos elementos comprobatórios para poder justamente, junto com o Ministério Público, junto com os irmãos da Polícia Militar, realizar operações cirúrgicas como acabou ocorrendo inclusive com a transferência de quatro lideranças criminosas de Feira de Santana. Perceba que quando estas lideranças foram transferidas, rapidamente já cessou, eu digo as investidas desses indivíduos no domingo, então é uma resposta de imediata”, afirmou.

De acordo com o delegado, uma das vítimas dos homicídios registrados nesses últimos dias na cidade, é um homem que foi preso em flagrante no dia 8 de maio, com uma plantação de maconha no quintal da residência (relembre o caso). Segundo o coordenador da 1ª Coorpin, ele foi liberado durante audiência de custódia.

Plantação de Maconha
Foto: Polícia Civil

“A Polícia Civil já tem diversos indicativos e autorias destes homicídios, inclusive é bom ressaltar, que uma das vítimas, foi daquela situação que a 2ª Delegacia Territorial junto com Catti Sertão prendeu. Ele foi preso na semana passada com aquela plantação de maconha, e foi uma das vítimas. Ou seja, ele foi preso, tinha sido solto na audiência de custódia e foi uma das vítimas, provavelmente é uma facção, viu que ele plantava droga lá e acabou executando. Percebe-se que você tem aí como principal motivação, como sempre praticamente, o tráfico de drogas, então é uma guerra de facções, cabe a nós da Polícia Civil investigar, buscar autoria e materialidade e responsabilizar estes indivíduos”, declarou.

No triplo homicídio registrado na sexta-feira (10) no bairro Rua Nova, um dos autores também foi baleado e morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Queimadinha.

Ao Acorda Cidade, o delegado Yves Correia informou que também se trata de guerra entre facções.

“Certamente ele era um dos integrantes deste bonde criminoso que estava lá atacando na Rua Nova. Ele foi alvejado, é o que a gente chama de legítima defesa, algum terceiro que a gente não sabe ainda se foi algum policial, alguma pessoa ou se foi até algum outro meliante trocando tiros com eles, o alvejou e acabou sendo morto. Lembrando que ele estava com o grupo criminoso, ele estava atacando e que matou essas três pessoas. É algo importante a dizer porque quando você tem um excludente de ilicitude, como legítima defesa, não há que se falar em crime, então a pessoa que atirou, atirou contra ele, estava em legítima defesa própria ou de terceiros ,de modo que se exclui a ilicitude e não há de se falar em crime”, pontuou.

O delegado aproveitou para reforçar que a Segurança Pública não é composta apenas pela polícia, mas também pela educação, principalmente a base familiar dentro de casa.

“Neste ano por exemplo, nós tivemos números recordes, são 262 prisões, mas lógico, Segurança Pública não é só feita com polícia, a gente precisa investir também logicamente na educação, tentar resgatar esta semente de jovens para eles não irem para o caminho do crime, então cabe também a família, cabem as escolas terem este cuidado, terem esta atenção para evitar de algum modo, uma fuga das escolas, uma fuga da família, porque infelizmente, eles se matam entre eles, um executando o outro, a maioria tem envolvimento com tráfico de drogas e quando não tem, estar andando com alguém ligado ao tráfico e acaba sendo morto naquele contexto. Perceba que o final para eles nunca vai ser bom, porque ou vai ser na cadeia ou vai ser essa vida aí curta, podendo ter um futuro melhor pela frente e sendo cessada na própria violência que eles alimentam entre eles”, destacou.

Entre os líderes de organizações criminosas transferidos para o Presídio de Segurança Máxima de Serrinha na manhã de ontem (12), está o homem apontado como responsável pelo triplo homicídio que vitimou Jaqueline Cruz de Jesus, 29 anos, Ana Beatriz dos Santos dos Santos, 19 anos, e Sara Victoria Brito Salomão, de 15 anos, no dia 26 de março deste ano, no Condomínio Residencial Reserva do Parque, no bairro Aviário (relembre aqui).

vítimas de triplo homicídio
Jaqueline, Ana Beatriz e Sara Victória

“Eles estavam de fato no presídio, ordenando e orquestrando ações. Não é a primeira vez, inclusive um dos que foi transferido, tem envolvimento com aquele triplo homicídio das mulheres, então isso já não é de hoje este envolvimento direto ou indiretamente com a criminalidade aqui fora. A razão pela qual vejo que como extrema importância e que muito provavelmente, lógico, tende a ter uma diminuição, mas repito, tendo homicídio pode ser um, pode ser 10, 15, 20, a gente vai trabalhar de forma serena com sabedoria e seriedade para buscar a autoria e materialidade para levá-los para a condenação da justiça”, concluiu.

Com informações repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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