O pai das crianças agredidas em uma praia na cidade de Salvador no último domingo (1º), deu entrevista na manhã desta quinta-feira (5) no Programa Acorda Cidade.
Ele reafirmou que agiu por um momento de desespero, mas logo se arrependeu do que fez.
“Eu agi como um pai desesperado, errei em ter corrigido minhas filhas daquela forma, eu deveria ter conversado, ter abraçado, e não ter feito o que fiz. Em nenhum momento eu tive a intenção de machucar, até porque eu amo minhas filhas, está sendo muito difícil passar por esta situação, já falei com meus amigos, mas cada dia que passa está ficando pior”, contou.
Segundo o pai das crianças, as contas das redes sociais já foram hackeadas.
“Eu sempre fui uma pessoa que acordei cedo para trabalhar, colocar o pão de cada dia na mesa, levar minhas filhas na escola, e hoje me dói não fazer isso porque não estou com elas. Para onde eu estava indo, eu levava minhas filhas, levava minha família, sempre amei todos. O pessoal está me julgando, estou recebendo ameaças, tive meu Instagram e meu WhatsApp hackeado, criaram um novo perfil como se fosse eu, mas não é o meu perfil de verdade, colocaram uma foto com minha mãe e ainda escreveram: ‘Sou pai e estou arrependido’, creio que foi para ajudar, mas na verdade o perfil não é meu. Inclusive já apaguei várias coisas da minha conta, coloquei como privado, mas criaram esse novo perfil com meu nome e minha foto”, disse.
Entenda o caso
De acordo com o pai das garotas que trabalha como ajudante de carga e descarga, também conhecido como ‘chapa’, as garotas de 6 e 10 anos respectivamente já tinham ido várias vezes no mar, mas em determinado momento, uma delas desapareceu.
“Elas já tinham ido várias vezes, tanto que eu tinha acompanhado, fui lá no mar, teve uma hora que a pequena estava meio que se afogando, tirei da água, e por várias vezes ficaram pedindo para voltar. Então da minha cadeira eu fiquei observando todas duas que estavam na beira do mar mas em determinado momento que tirei a atenção, a outra veio dizendo que a irmã tinha desaparecido. Então surgiu aquele desespero, era a primeira vez que eu estava naquela praia, então a pressão era maior, o pessoal até está comentando que eu estava bêbado, que estava drogado, mas não, foi um momento de desespero de olhar para a praia e não encontrar minha filha e só imaginar que eu iria voltar para Feira com minha filha dentro de um caixão”, informou.
Segundo o pai das crianças, a guarda das filhas é de forma compartilhada.
“A guarda das crianças é de forma compartilhada, mas elas estavam morando comigo, porque eu sempre cuidei delas, elas são apegadas a mim, então sentiram muito minha falta e moram comigo. Tanto que nos finais de semana, eu levo na casa da mãe delas, mas se eu fosse um monstro, um péssimo pai, eu sei que uma hora dessa eu já estaria morto, porque eu sei que errei, muitas pessoas estão me julgando, muitas pessoas estão também do meu lado, mas reconheço o meu erro e quero minhas filhas de volta”, relatou.
Ainda de acordo com o pai das crianças, a atitude de se apresentar na delegacia de forma espontânea, foi como ato de não se esconder da sociedade pelo que fez.
“Eu sou uma pessoa honesta, não sou nenhum criminoso, não sou bandido, então não tem porque ficar se escondendo, eu sei que errei e estou aqui arrependido do que fiz. Sou um ótimo pai para minhas filhas, reconheço meu erro e agora a Justiça vai decidir o que será feito”, contou.
O advogado que está acompanhando o caso, Daniel Vitor, informou durante entrevista ao Programa Acorda Cidade, que estas ações feitas pelo pai das crianças, após as agressões, podem influenciar na redução de algum tipo de pena.
“Essas ações dele aparecer espontaneamente e de aceitar que de fato errou, contribui inicialmente em algumas medidas, por exemplo, a não necessidade de uma decretação de prisão preventiva, até porque ele tem residência fixa, atividade laborativa, ainda que de maneira autônoma, ele também não apresenta antecedentes criminais. Então são benefícios que traz para ele, esta possibilidade de responder em liberdade se não houver a necessidade da prisão preventiva. Ainda estamos na fase pré-processual, ainda teremos o posicionamento da autoridade policial que vai remeter o procedimento para o Ministério Público que vai formalizar ou não, a ação judicial”, afirmou.
Ainda de acordo com o advogado, todo material será remetido para a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes praticados contra Crianças e Adolescentes (Dercca) de Salvador.
“A delegada Danielle Matias já colheu as peças aqui de Feira de Santana, já ouviu a mãe das crianças, no dia de ontem ouviu a madrasta das meninas acompanhada por mim, já ouviu o pai das meninas e está no aguardo do resultado da escuta especializada e dos laudos periciais, para que seja enviado para a Delegacia de Salvador, onde aconteceu o caso. Caso o delegado ache necessário, outras testemunhas também serão ouvidas”, concluiu.
Ouça a entrevista na íntegra
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