Preocupados com o aumento da criminalidade e o grande número de usuários de drogas na região do Terminal Rodoviário de Feira de Santana, diversos órgãos de segurança pública, secretarias municipais e o Ministério Público do Estado (MP) se reuniram mais uma vez, nesta segunda-feira (27), para traçar estratégias e acabar com o estabelecimento de uma ‘Cracolândia’ no local.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a comandante do 64ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), Major Lilian Nascimento, se mostrou preocupada com o aumento da quantidade de usuários de drogas e a exploração sexual de crianças e adolescentes nas imediações do terminal.
Para a comandante, somente a polícia não terá condições de solucionar e pôr fim a esta situação.
“Nós temos tentado um diálogo com todos os órgãos envolvidos e tem sido bem frutuoso, e a gente tem estabelecido algumas ações para que a gente possa melhorar. A gente sabe que existe uma quantidade muito grande de usuários de drogas na região, que acabam se envolvendo em situações de violência, furtando objetos, cometendo assaltos, mais à noite. A gente tem aumentado a fiscalização, nós temos feito as operações de intensificação de policiamento, realizado mais abordagens nos locais, nas imediações, mas vemos que só ações de polícia não são suficientes. Por isso nós acionamos o Ministério Público, é uma ação integrada”, observou.
Segundo ela, a 64ª CIPM e o MP tem buscado esse diálogo com todos os órgãos envolvidos, tanto municipais quanto do estado, para que juntos possam planejar ações e tentar resolver o problema, através de um Comitê Integrado de Segurança Pública (Cisp).
“O Cisp já funciona há um tempo, desde 2015. Apresentamos as temáticas, as unidades trazem as demandas, e nós trouxemos essa questão para doutor Pedro Safira, que acolheu, entendendo a necessidade de resolvermos aquilo ali, principalmente por não se tratar apenas de um problema de polícia, trata-se de um problema social. Se tem pessoas em situação de rua, de vulnerabilidade pelo uso de drogas, se trata de uma ação social. Temos buscado resolver essa situação e creio que em breve vamos dar uma devolutiva à sociedade, com ações mais assertivas e a participação de outros órgãos.”
Prostituição infantil
As ações também buscam coibir a prostituição envolvendo crianças e adolescentes no entorno do Terminal.
“Tem algumas situações que observamos através de abordagens, justamente de pessoas menores de idade envolvidas com prostituição e vendendo drogas também. Estamos acompanhando, monitorando essa situação, trabalhando em conjunto com a Polícia Civil, que tem monitorado, e justamente buscando todo esse aparato, e estamos aqui para realizarmos essas ações assertivas. Essas ações são para agora, estamos trabalhando e definindo as estratégias de combate a essa situação nas imediações da Rodoviária”, frisou.
Estabelecimentos clandestinos
O promotor do MP, Pedro Safira, salientou que há muitas denúncias também de estabelecimentos funcionando de maneira irregular na região da Rodoviária, que tem servido de esconderijo para agentes promotores do tráfico e da exploração sexual infantojuvenil.
“Esse tema já foi trazido para a gente pela Polícia Militar. Fizemos hoje o terceiro encontro com a Polícia Civil, a Militar, secretarias municipais e o Corpo de Bombeiros, porque temos percebido um grande aumento da criminalidade naquela região. Nós temos recebido muitas denúncias que muitos estabelecimentos ali, muitos hotéis, pousadas, estão funcionando de forma irregular, sem alvará de funcionamento, sem alvará da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros, e sobretudo sem exigir a identificação dos hóspedes. Então muitas pessoas que atuam na criminalidade, no tráfico de drogas, como cafetões de exploração de prostituição infantojuvenil têm se hospedado nestes locais, tem alugado quartos, para a prática da criminalidade.”
Objetos roubados
Outro crime evidenciado pelo promotor é de receptação de objetos roubados por pessoas que se hospedam nos hotéis e pousadas, pois não são devidamente identificadas.
“Isso tem aumentado muito os índices de criminalidade, tem dificultado o trabalho de investigação da polícia e do Ministério Público, pois essas pessoas não são identificadas. Vamos intensificar a fiscalização nestes estabelecimentos, dentro de pouco tempo, vamos fazer ações nestes locais com apoio da Prefeitura, da PM e da Civil, o MP e o Corpo de Bombeiros também.”
Medidas
Conforme o promotor do MP, a Secretaria de Assistência Social já vem adotando algumas medidas, fazendo algumas ações, tentando diminuir a quantidade de usuários de drogas no local e fazendo com que essas pessoas retornem aos seus municípios de origem ou vão para abrigos.
“Mas, infelizmente, a prefeitura tem encontrado relutância dessas pessoas. Muitas delas já se envolveram na criminalidade, não querem se identificar, porque podem ter mandado de prisão em aberto, praticaram crimes ou porque preferem ficar na rua consumindo drogas, recebendo alimentos do assistencialismo, não querem retornar para seus municípios de origem e não querem ir para os abrigos. São alvos não só os estabelecimentos, mas também outras pessoas que estão sendo identificadas e estejam praticando crimes na região”, concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
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