Feira de Santana

Maioria de denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes chega à delegacia através de escolas

Neste ano de 2022, de janeiro a abril, foram registradas na delegacia 60 ocorrências que dizem respeito a todo tipo de crime sexual cometido contra menores.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Neste 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, muitas ações são realizadas pelos órgãos públicos, de proteção e instituições sociais com o objetivo de chamar atenção para o tema. Em Feira de Santana, uma caminhada foi realizada no centro da cidade com a participação de vários setores e também neste dia, a Polícia Civil reforça o quanto é importante denunciar casos do tipo e que a sociedade atue de forma a zelar pelas crianças e adolescentes. A delegada Danielle Matias, titular da Delegacia do Adolescente Infrator (DAI) e também responsável pela Derca, apresentou dados sobre o assunto em Feira de Santana.

Ela informou ao Acorda Cidade que neste ano de 2022, de janeiro a abril, foram registradas na delegacia 60 ocorrências que dizem respeito a todo tipo de crime sexual cometido contra menores.

“Esse número vai incluir qualquer tipo de abuso que pode ser exploração sexual, estupro, estupro de vulnerável e vários outros crimes tidos como crimes sexuais e no entanto sempre tendo as vítimas menores, ou crianças ou adolescentes”, explicou.

De acordo com ela, desde 2021 com a pandemia de covid-19 mais controlada e o retorno de atividades escolares, foi possível perceber que houve um aumento das denúncias. Ela relatou que a maioria das denúncias chega à polícia através das escolas por se trararem de um ambiente onde muitas crianças se sentem seguras a falarem.

Danielle comentou que os abusadores tem um perfil de serem pessoas de confiança das famílias e das crianças e adolescentes e geralmente não manifestam qualquer tipo de suspeita. São pessoas próximas que frequentam a casa da família e tem acesso fácil às vítimas.

Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade

“É um abuso que a gente chama de intrafamiliar e muitas vezes acontece dentro de casa. Na pandemia tivemos crianças em casa e até vivendo muito próximas aos abusadores e para chegar à delegacia era bastante difícil. Então quando elas começaram a sair mais, a pandemia aliviar e o retorno das aulas, a gente recebeu uma enxurrada de ocorrências referentes a abuso sexual. A maioria chega através das escolas, e também por meio de ofícios, denúncias anônimas, através do Disk 100 e do Centro Integrado de Comunicação (Cicom)”, relatou.

A delegada também afirmou que o perfil das vítimas é em sua maioria do sexo feminino quando se trata principalmente em casos onde há o toque e a presença física. Em situações de abuso que ocorrem pela internet, segundo ela, não há um perfil de vítimas específico e ocorre tanto com meninos como meninas. No caso de abusos com meninos que existe o toque físico, ela contou que estes chegam com menos frequência à delegacia, muitas vezes não porque deixam de existir, mas as denúncias deixam de ser feitas até por questões culturais.

Danielle Matias explicou que uma vez que o abuso sexual ou crime de exploração sexual é constatado, a polícia inicia a investigação e vítima passa por três tipos de encaminhamentos.

“Encaminhamento para ser ouvida na escuta especializada, para o exame pericial junto ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) e sai com o encaminhamento para o acompanhamento psicológico que é importantíssimo para esse tipo de crime, isso tudo concomitante com a investigação”, pontuou.

Ela comentou também sobre a diferença entre abuso sexual e exploração sexual.

“Abuso sexual é tido de forma ampla, é qualquer tipo de crime sexual e não existe na lei o crime abuso sexual, existe o estupro, estupro de vulnerável, a importunação sexual, o aliciamento de crianças por qualquer meio de internet. A exploração sexual é um tipo penal, um crime que também abarca o abuso sexual e o abuso sexual é uma expressão que a gente usa de forma ampla para poder falar de crimes sexuais e não está tipificado. Não existe um crime que o nome seja abuso sexual. A exploração sexual que tem a ver com a questão de lucro, de dar algo em troca ao menor para que, por exemplo possa se prostituir, ter uma relação, dinheiro, ou qualquer outra coisa que venha favorecer a relação”, acrescentou.

A delegada alertou a sociedade para que não se omita em denunciar os crimes sexuais que envolvem crianças e adolescentes e que em virtude dos abusadores serem pessoas de ‘confiança’, de convívio no seio familiar, nunca se pode perder essas crianças e adolescentes de vista, independente de qualquer nível de confiança.

Leia também: Maio Laranja: Prefeitura realiza caminhada em combate aos crimes sexuais contra crianças e adolescentes

Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade

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