Dia Nacional de HQ’s

HQs: no dia dedicado às histórias em quadrinhos, conheça mais sobre este universo

Em Feira de Santana, o grupo Vision Comics propõe eventos mensais com os colecionadores na Avenida Getúlio Vargas.

Histórias em Quadrinhos
Gibi da Turma da Tina tem foco no público infanto-juvenil, abordando o tema violência doméstica e familiar contra mulheres. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Super-heróis, personagens enigmáticos, princesas, animes, monstros, vilões, pessoas comuns cheias de dons fazem parte do mundo dos personagens. Há muitos anos que o hábito de ler as revistinhas se tornou um hobby para lá de especial entre os apaixonados pelas Histórias em Quadrinho (HQ’s). No Brasil, diversos autores como Maurício de Souza, o pai da ‘Turma da Mônica’ e Ziraldo, criador do ‘O Menino Maluquinho’, dão continuidade a uma cultura que chegou no país no final do século XIX e é celebrada até hoje, 30 de janeiro, Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos.

Muitos personagens de HQ’s saíram dos gibis e invadiram as telas do cinema. Não é à toa que as bilheterias mais caras do mundo têm origem nas histórias em quadrinhos, como a dos Vingadores: Ultimato (2019), que chegou a faturar $858 milhões de dólares.

Histórias em Quadrinhos
Foto: Divulgação/Geeks Fsa-Vision Comics

Em Feira de Santana, várias pessoas gostam e vivem o universo das histórias em quadrinhos. Um admirador e entusiasta deste pedaço da literatura infantojuvenil é Mateus Menezes Barreto. Ele começou a tomar gosto pela leitura através das histórias da Turma da Mônica e dos desenhos da Disney.

Foi na adolescência que o gosto por super-heróis se sobressaiu e ele nunca mais parou de colecionar revistas. Seus personagens preferidos são o Batman e o Lanterna Verde.

Histórias em Quadrinhos
Foto: Divulgação/Geeks Fsa-Vision Comics

“Ao longo da minha infância, adolescência e essa jovem vida adulta, os principais personagens que realmente me cativaram e eu leio até hoje são os super-heróis, em especial o Batman e o Lanterna Verde. Nunca deixaram de ser presentes na minha vida. A gente, às vezes, faz uma breve pausa, mas sempre está retomando as histórias deles. É bem comum”, contou.

Por conta dos quadrinhos italianos, Mateus tomou gosto pela advocacia. Foi lendo “As aventuras de uma criminosa”, adaptado no Brasil como “Júlia”, que foi instigado a estudar Direito e conhecer as leis e o sistema criminal do país.

Colecionador nato, ele tem alguns quadrinhos considerados relíquias no mundo da literatura, como ‘A Saga do Tio Patinhas’. Este, ele esbanja em alguns encontros entre amigos e admiradores do mesmo hobby.

Os Encontros de Colecionadores de Mangás e HQ’s reúnem constantemente pessoas de todas as idades, sejam crianças, jovens ou adultos, que têm interesse em trocar experiências, vender e trocar quadrinhos, bem como conversar sobre o que há de mais inovador no mundo das histórias.

Histórias em Quadrinhos
Foto: Divulgação/Geeks Fsa-Vision Comics

Em Feira de Santana, Mateus faz parte do grupo Vision Comics, que propõe eventos mensais com os colecionadores em uma banca antiga da cidade, a Banca Brinco de Ouro, que fica localizada na Avenida Getúlio Vargas. Quem tiver interesse pode participar. Segundo Mateus, os integrantes estão sempre dispostos a auxiliar os novatos.

Histórias em Quadrinhos
Foto: Arquivo Pessoal

“A gente vê chegar muitos curiosos, tanto no encontro, como no grupo. A gente vai auxiliando, guiando-os, oferecendo histórias que a gente considera mais de introdução nesse mundo, materiais inclusive mais baratos, porque infelizmente colecionar quadrinhos no Brasil é muito caro. Mas, até com o pessoal do grupo, a gente consegue organizar isso bem e não deixar o novato, vamos dizer assim, assustado. E a gente sempre tenta auxiliar o máximo possível”, pontuou.

A leitura é uma janela muito vasta que pode trazer conhecimentos, gostos singulares e ampliar o repertório das pessoas. No país em que o hábito de ler não é algo tão incentivado fora dos ambientes escolares, promover o universo das HQ’s é uma maneira de estimular esta prática. Assistir às grandes bilheterias de super-heróis também pode atrair mais leitores.

Mas, para quem não gosta de super-heróis, Mateus reforça que há uma gama de personagens que podem atrair as pessoas, como os roteiros de faroeste e investigação criminal.

Histórias em Quadrinhos
Foto: Divulgação/Geeks Fsa-Vision Comics

O estudante de Farmácia, Luís Fernando de Alcântara, de 21 anos, também é fissurado no universo das histórias em quadrinhos e tomou gosto pelo hobby através das revistas da Turma da Mônica. O tédio de ter que acompanhar seu irmão até uma consulta médica, se transformou em um momento mágico quando ele perdeu as horas enquanto se aprofundava nas histórias que encontrou na recepção da clínica.

Seu personagem favorito é o Batman, gosto influenciado por seu irmão mais velho, que também tem a preferência pelo herói que não tem superpoderes, mas comanda a Liga da Justiça bravamente.

Desde os 11 anos, Luís Fernando faz quimioterapia e convive com o câncer. Ao Acorda Cidade, ele contou as boas influências que retira através das histórias em quadrinhos e que lhe ajudam a vencer as adversidades da vida. É pela leitura que ele não se deixa abater.

“Ao longo da minha vida toda, eu tive situações em que precisava ter fé em algo, pensar em alguma coisa e não me deixar abater, e os super-heróis fizeram muito parte disso. Eles têm dificuldade também, eles tiveram que passar por isso, e olha como eles estão, o que eles fazem, o que eles são capazes de fazer. Desempenharam um papel muito significativo na minha vida, de inspiração e de me comparar a esses personagens que passavam por certas dificuldades também, mas que não se deixavam abater e estavam sempre lá, lutando contra o crime e tudo mais”, declarou.

São personagens como o Demolidor, que mesmo diante de uma deficiência visual, se tornou um super-herói que combate a criminalidade e protege o mundo em que Luís se inspira e encontra referências de superação.

O estudante afirmou que quando era criança não cuidava tão bem das revistas, mas quando foi amadurecendo e adquirindo as suas histórias com seu próprio esforço, passou a organizar sua singela coleção.

“Eu tenho uma HQ que é muito importante para mim, que é ‘Batman, o Cavaleiro das Trevas’, que tem a luta do Superman contra o Batman. Desde criança eu ouvi que existia essa história, mas eu não tive acesso a ela e um belo dia eu estava no shopping e passei por uma HQ muito linda, prateada. Quando eu vi era ela, eu comprei e até hoje tenho o exemplar; e eu acho que não vende mais igual a ela em lojas físicas, mas com algum jovem colecionador é possível encontrá-la”, contou ao Acorda Cidade.

Assim como Mateus, Luís também faz parte de muitos grupos da cultura das HQ’s. Através da internet ele troca muitas experiências com outras pessoas que também são apaixonadas pelo hobby. Inclusive, ele participa de um grupo de leilão online onde é possível arrematar as revistas.

Algo interessante sobre as reuniões com esses grupos é que eles se ajudam sempre que vão começar uma nova história. Como as histórias podem ter muitas edições, Luís explicou que quem já leu e tem mais experiência, indica por onde começar.

Seu gosto pela leitura e pelo universo dos super-heróis contagiou até mesmo a sua namorada, que hoje também é adepta da ‘cultura nerd’, como eles chamam. Apesar de influenciar todo mundo em casa através dos filmes, ele ainda não encontrou na cidade um grupo para fazer parte. Seu sonho é poder participar da Comic Con Experience, a CCXP, que reúne pessoas fantasiadas com seus super-heróis preferidos, autores, desenhistas, games e muito mais.

“As adaptações das histórias em quadrinhos para filme, para série, televisão é o que fez as pessoas passarem a consumir mais. Hoje em dia, querendo ou não, muitas pessoas têm dificuldade para poder parar e ler alguma coisa, de fato. E adaptar uma HQ para um filme também vai criar curiosidade na pessoa, de assistir ao filme, achar bom, gostar e procurar sobre a história em quadrinhos e começar a ler”, avaliou.

A Saga do Infinito, que reúne diversos filmes da Marvel Studios, como Homem de Ferro, Vingadores e Homem Aranha, o estudante começou a acompanhar ainda criança, foi somente no início da vida adulta que ele concluiu. Ele contou como foi a emoção de acompanhar essa trajetória.

“Eu fui acompanhando todos os filmes no cinema até o Guerra Infinita e o último que foi o Ultimato e sinceramente, para mim, hoje em dia, eu acho que nenhum filme vai superar o sentimento que foi poder assistir o Ultimato, que foram 10 anos de filmes, foi o fechamento de um arco inteiro de atores, de personagens, de história, foi uma emoção sem igual. Eu acho que a magia do cinema nunca mais vai bater em mim do jeito que foi ter presenciado o começo de um legado de filmes que durou 10 anos, isso foi surreal”, relatou.

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