Transporte público: trabalhadores da empresa Rosa paralisam as atividades neste sábado (6)

ônibus empresa rosa no terminal central — Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Os motoristas e cobradores da empresa Rosa, do serviço de transporte coletivo urbano de Feira de Santana, voltaram a paralisar as atividades, na manhã deste sábado (6), por atraso do pagamento e do ticket alimentação.

Conforme apurado pelo do Acorda Cidade, a paralisação é de advertência com duas horas de duração, porém eles podem manter o protesto por mais tempo. Um dos motoristas informou que caso o pagamento não saia até o meio-dia, eles irão deixar os passageiros até o fim de linha dos bairros e recolher os ônibus para as garagens.

Se o salário não sair neste sábado, eles pretendem paralisar por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira (8).

Sindicato impossibilitado de protestar

O motorista Euder Soares afirmou que a paralisação está sendo feita sem a presença do sindicato que os representa (Sintrafs) devido a uma ordem judicial. Ele questiona por que apenas a Rosa está com problemas para honrar com os pagamentos dos rodoviários, já que a empresa São João está pagando em dia.

“Hoje a frota é reduzida. Sábado e domingo roda com 50% da frota, e fizemos essa paralisação de duas horas devido a falta de pagamento no dia 5 e do ticket alimentação. A São João está em dia, e por que a Rosa não? Novamente os rodoviários tiveram que cruzar os braços. Não avisamos a empresa da paralisação, avisos ao nosso sindicato. Só que o nosso sindicato está impedido de fazer paralisação porque tem uma ação na justiça da prefeitura que, se o sindicato intervir em qualquer manifestação ou paralisação ele toma uma multa diária de R$ 50 mil. Então infelizmente o sindicato está com os braços cruzados e falou para os trabalhadores que não podem fazer nada, então os trabalhadores resolveram parar e vão decidir até que horas ficarão paralisados. Se o pagamento não sair, vamos paralisar a partir de segunda-feira por tempo indeterminado.

terminal central — Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Cláudio Santos, também motorista, disse que o atraso desta vez foi de apenas um dia, mas que a paralisação ocorreu porque é um problema que vem ocorrendo desde o início do ano.

“A empresa desde janeiro vem nessa pegada de atrasar o salário. Sabemos que existe a dificuldade, mas há uma falta de respeito com os funcionários porque não dá uma satisfação. Ontem mesmo foi dia de pagamento e a gente está aqui hoje sem saber se era hoje se era amanhã o pagamento. Não aparece ninguém para dizer que que tal dia vai pagar. Ficamos 21 dias sem receber ticket alimentação.”

ônibus empresa rosa — Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Região norte sem transporte

Os veículos estão parados no Terminal Central, na Rua Doutor Olímpio Vital. A paralisação afeta principalmente os moradores da região norte da cidade, onde ficam os bairros Campo Limpo, Asa Branca, Novo Horizonte, Jardim Cruzeiro, Sobradinho, Campo do Gado Novo, Mangabeira, Parque Ipê, Pampalona e Cidade Nova, além dos distritos de Matinha e Maria Quitéria.

Prefeitura diz que a paralisação é ilegal e promovida pelo sindicato

Por meio de nota, a prefeitura de Feira de Santana afirma, ao contrário do que dizem os rodoviários, que a paralisação é do Sintrafs (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Urbanos de Feira de Santana). Confira na íntegra:

A Prefeitura de Feira de Santana recebeu a informação acerca de uma paralisação ilegal do SINTRAFS (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Urbanos de Feira de Santana) na manhã deste sábado (06). Veículos da empresa Rosa pararam no Terminal de Transbordo Central às 9h30.

O secretário de Transportes e Trânsito, Saulo Figueiredo, informa que está acompanhando a movimentação e acionou a Procuradoria Geral do Município para adotar as providências cabíveis a fim de restabelecer a normalidade da operação de transporte público urbano e a garantia do interesse coletivo.

Ele diz que não houve aviso prévio e formal acerca da paralisação, o que torna o movimento ilegal. “Não foi comunicado formalmente ao poder público, como previsto em lei”, explica.

Saulo observa que qualquer movimento grevista deve obedecer o que determina a legislação. “Transporte público é um serviço essencial. Paralisações ilegais causam enormes prejuízos para a população. Além de informar oficialmemte e previamente, deve ser disponibilizado um percentual mínimo da frota em circulação, conforme previsto em lei”, ressalta.

O secretário explica que “decisões judiciais recentes, tanto em Feira de Santana, como em outras cidades do país, foram desfavoráveis a esse tipo de movimento ilegal”.

Outro aspecto observado pelo secretário é o viés político-partidário do movimento. “O que observamos é que existe uma agenda de movimentos nesse sentido atualmente. Já aconteceu há alguns dias em Feira de Santana, quinta em Salvador, hoje novamente em Feira, e amanhã um novo movimento está previsto na capital. Recentemente também houve paralisação em São Luiz do Maranhão, e estado de greve em Belém”.