O Acorda Cidade mostrou em algumas reportagens ‘pequenos’ grandes gênios de Feira de Santana. São crianças de apenas dois anos que são superdotadas e dispõem de muita inteligência considerando a idade delas. Uma história foi puxando a outra e hoje, os pais já pretendem se organizar para montar uma associação para reunir os filhos superdotados e quem sabe, encontrar ainda mais crianças especiais.
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A ideia surgiu da pedagoga Vanilde Silva de Araújo Reis, mãe do pequeno Rael, de 2 anos, que enquanto profissional de educação e acompanhante de seu filho, enxerga as possibilidades de desenvolvimento do garoto nos próximos anos. Ela também confirmou que outras mães com filhos que têm características superdotadas semelhantes também procurou ela para criar a entidade.
Logo após a reportagem do Acorda Cidade, surgiram convites para Rael participar de grupos fora do estado e toda essa troca ascendeu nela a necessidade de divulgar mais informação para encontrar outras crianças superdotadas na região para se fortalecerem.
“Hoje precisamos divulgar ainda mais essa informação do que é superdotação. Não são todas as crianças que vão ter a superdotação, quero deixar bem claro isso, porque algumas me procuram também achando que o filho tem. Mas sim, é necessária uma investigação. E essa investigação só vem de fato depois de uma identificação ou diagnóstico de um profissional. Porque a gente fica muito ali naquela linha tênue do que é TDAH e superdotação, porque eles compartilham algumas especificidades e nem todas as mães vão encontrar o diagnóstico”, comentou.
Para Vanilde que passou pela experiência de diagnosticar o filho, ela indicou o neuropsicólogo como a pessoa mais preparada para fazer essa identificação.
“Ele vai ver o comportamento da criança, não é apenas o neuropediatra através de exames que seu filho é isso ou é aquilo. Essas informações que a gente está passando aqui hoje eu acho que é para abrir os olhos também para uma questão que a gente só tem informação sobre autismo e TDAH. Hoje, Rael demanda mais informação do que todas as crianças da idade dele. De não se enxergar já iguais como os pares dele, quer brincar com pessoas adultas, ele quer brincar com crianças maiores do que ele. A conversa dele flui mais fácil com adultos”, observou.
O advogado Leonardo Carneiro é um superdotado e autista. Ele é o número 3.500 da Mensa, Sociedade Internacional de Alto QI. Ao Acorda Cidade ele explicou como descobriu as duas condições.
“Eu tinha acabado de voltar do Rio de Janeiro fazendo concurso para juiz no qual eu já estava no nível avançado no concurso, tive uma crise nos primeiros cinco minutos de prova, desembargadores, juízes me acolheram e eu tive que voltar para Feira de Santana sozinho, decidido a descobrir o que estava acontecendo, porque desde a minha primeira infância eu tinha aquelas crises. E aí eu procurei a doutora, eu passei 60 dias estudando por conta própria, tive uma suspeita, trouxe para a doutora, fizemos 10 sessões ao todo, ela detectou tanto o autismo que era deficiência, quanto a superdotação”, contou.
Leonardo também revelou suas perspectivas e experiências, enquanto um homem adulto, que tem a superdotação. Para ele é difícil conviver com uma condição extremamente rara entre as pessoas comuns.
“A natureza sempre dá com a mão e tira com outra. Então, se a natureza dá uma capacidade muito grande, ela cobra igualmente caro. É uma vida de dois sofrimentos. Eu costumo dizer que é como ser uma corda de violão esticada até os seus limites. Existem as pessoas com deficiência intelectual, que é como a corda do violão solta, bamba, existem as pessoas com inteligência normal preservada na média que é a corda do violão no seu tom perfeito e os superdotados é a corda esticada totalmente. É uma condição de muito sofrimento, no pessoal é difícil porque você se sente um estrangeiro no seu próprio mundo, você vive deslocado, você é um triângulo no mundo quadrado e você luta para se encaixar a vida inteira e não consegue. É uma questão de você ter oportunidade para ajudar”, declarou o advogado.
Ainda segundo Leonardo, a sociedade dá visibilidade ao superdotado quando é conveniente para o seu desenvolvimento, conforme os padrões construídos por ela.
“Se o superdotado fizer o que ele faz por natureza, que é questionar o que está posto, questionar os padrões, mostrando o quanto são tolos e o quanto não faz sentido e coisa melhor pode ser construída, aí não gostam da gente de jeito nenhum”, disse.
Pensando em esclarecer ainda mais sobre as características da superdotação, o Acorda Cidade também conversou com a neuropsicóloga, Marivânia Mota. Ela atende pessoas com a condição e explicou que eles já nasceram com o QI alto.
“A superdotação é uma condição em que a criança já nasce, é uma questão genética. Os pais começam a perceber os primeiros sinais por volta de até seis meses. Criança que fala muito cedo, que com oito meses quer comer sozinha. Então começam a aparecer os primeiros sinais que diverge do que é esperado para aquele momento do desenvolvimento e, a gente tem os marcos do desenvolvimento e uma criança superdotada, ela foge desses marcos com avanços muito grandes. Pode ser em uma área ou em várias áreas”, esclareceu.
Segundo a doutora, muitas famílias só conseguem reparar nos sinais quando os pequenos vão para a escola e começam a se diferenciar de outras crianças, porque elas aprendem muito cedo e muito rápido também.
“Existem as crianças que têm uma inteligência ou que tem um esforço, mas que não é tão discrepante no desenvolvimento. Mas essas crianças, podem aprender algumas habilidades muito cedo”, afirmou.
Ter o QI alto também não faz uma criança superdotada. Conforme a neuropsicóloga, eles precisam estar dentro de todo um contexto que considere três características norteadoras para o diagnóstico.
“A criança precisa dentro do seu desenvolvimento ter essas três principais características que são ter uma habilidade muito grande, bem acima do que é esperado em uma ou algumas habilidades; ela precisa ter uma motivação também muito alta, ter o interesse grande para resolver os problemas e a terceira característica seria como ‘pensar fora da caixa’. Em uma mesa, enquanto as pessoas pensam como resolver o problema, ele já pensou rapidamente. Então ele pensa diferente do que é comum se pensar. Então, ter uma inteligência muito alta é um fator”, explicou a especialista.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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