Feira de Santana

Servidores do Samu de Feira de Santana realizam reunião e ameaçam paralisar as atividades dia 28

Um auxiliar auxiliar de regulação descreveu a situação do Samu como caótica, com riscos à segurança dos trabalhadores e dos pacientes.

Servidores do Samu
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Os servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Feira de Santana alertaram para uma possível paralisação das atividades no próximo dia 28, devido a problemas constantes enfrentados pelas equipes. A pauta de reivindicações expõe precariedades nas condições de trabalho, que vão desde a situação de ambulâncias e indisponibilidade de materiais básicos até a falta de pagamentos e de diálogo por parte da gestão.

Na manhã desta segunda-feira (18) um grupo de servidores participaram de uma breve reunião para discutir o problema, que vem se arrastando há anos. Os demais servidores não participaram, segundo eles, por estarem em ocorrências.

Servidores do Samu
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Em entrevista ao Acorda Cidade, o técnico auxiliar de regulação médica do Samu, Rafael Silva, fez um apelo por melhorias e descreveu a situação do Samu de Feira de Santana como caótica, com riscos à segurança dos trabalhadores e dos pacientes. Na última quarta-feira (13) circulou nas redes sociais um vídeo de uma viatura da unidade em ocorrência que chegou para socorrer uma vítima de acidente, porém, a porta não abria (assista ao vídeo abaixo).

“A gente vem tentando dialogar com a gestão do Samu já há alguns meses. A gestão se omite até em receber a gente, a gente não tem mais outra alternativa a não ser paralisar as atividades. A gente está programando uma paralisação para o dia 28 deste mês, caso a gestão não sente para negociar com a gente. Todos os nossos pedidos, que não são exigências, são pedidos, são de coisas mínimas. O Samu hoje está numa situação que se vai para uma ocorrência de trauma, pega uma fratura exposta, e a gente tem que optar se lava a fratura ou se põe o paciente no soro, no acesso, porque não tem para os dois ao mesmo tempo. É regrado o soro, são regrados materiais básicos aqui para a gente trabalhar com a gestão do Samu”, afirmou.

Ele também pediu para que os vereadores e demais autoridades conheçam de perto a realidade enfrentada pela equipe do Samu. Rafael informou também que todas as ambulâncias não são colocadas para operar em sua totalidade, e que à noite o número de ambulâncias em operação, segundo ele, é reduzido.

Ambulâncias do Samu fora de operação
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Contamos hoje com oito ambulâncias, uma moto, duas UTIs, mas nem sempre está funcionando todas, porque na maioria das vezes está quebrada, à noite também esse número é reduzido, tem a questão também da falta de equipamento de materiais, tem ambulância hoje aqui que não tem respirador, tem ambulância hoje aqui que faltam materiais como gelco, cateter, o soro é fracionado, e água para esterilização de materiais, na verdade, é uma situação de caos, falta monitor respirador, é um caos esse Samu de Feira de Santana”, desabafou.

Representando outros servidores, que constantemente enviam reclamações anônimas ao Acorda Cidade, Rafael informou que a Delegacia Regional do Trabalho já tem conhecimento dos problemas.

“Estive lá e o pessoal que me atendeu falou que essas denúncias são de muitos anos. Então, o que estou dizendo não é algo que começou de agora para cá, e ainda piorou. Para você ter uma ideia, acontece de cada atendente falar em dois telefones simultaneamente, a ficha é feita à mão, não tem sistema, não tem rádio para comunicação com as ambulâncias”, denunciou.

Ambulâncias do Samu fora de operação
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Rafael também falou que há problemas com pagamentos de gratificações e salário.

“A única gratificação que os técnicos de enfermagem tinham era o AGE, e foi retirado. Foi o presente do prefeito Colbert em retribuição ao trabalho árduo que o Samu fez durante a pandemia. Para você ter ideia, o pessoal do Reda, que foi contratado recentemente, ganha em torno de mil reais a mais do que os antigos e trabalham menos porque a carga horária é menor, não existe perseguição, não existe humilhação maior que essa. Quem faz o Samu de Feira acontecer não é a gestão, não, a gestão fica numa sala, só delegando ordens para a gente que executa, então nós somos a ponta da lança, quem faz o Samu de Feira andar somos nós”, disse.

Rafael expôs também que a gratificação da Micareta do ano passado ainda não foi paga.

“Não saiu a remuneração da Micareta do ano passado, e o prefeito insiste em fazer essa festa de novo para passar o calote nos funcionários, porque a situação que a gente está hoje é de calote por parte da prefeitura municipal de Ferreira de Santana. Não fala, não responde, não dá informação, e para você ter ideia, é que quando chegar a Micareta, se a gente se recusar a trabalhar na escala extra, eles botam a gente na escala interna e põem ambulância na rua, obriga a gente a trabalhar na Micareta, mesmo sem pagar o do ano passado. Eu quero fazer um apelo também para a população, para a Comissão de Saúde da Câmara, que se não esteve no Samu ainda, que venham conhecer o Samu, venham conhecer a estrutura do Samu, e se possível venham também no dia em que chove, para ver a cachoeira que é dentro da sala de regulação. A gente correndo o risco até de morrer eletrocutado, por conta das más condições de instalação, as más condições de estrutura física da base, é um verdadeiro descaso”, concluiu.

O que diz o prefeito?

Cmei
Colbert Martins | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O Acorda Cidade questionou o prefeito Colbert Martins Filho sobre denúncias feitas. O mesmo respondeu que elas têm caráter político. Ele informou que o Samu recebeu novas viaturas e que receberá mais quatro, por meio do PAC Seleções, do governo federal. Além disso, a prefeitura realizou processo seletivo para ampliar o número de servidores no Samu, e a procuradoria-geral do município irá atuar para revogar a decisão judicial que determinou a reintegração de servidores contratados via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) que estavam atuando há cerca de oito anos.

“A frota do Samu foi totalmente renovada, graças a Deus, nós conseguimos renovar a frota inteira. Estes veículos são totalmente novos, foram adquiridos no final do ano passado, mais quatro virão agora no PAC Seleções. Os equipamentos são novos e em boas condições de funcionamento. A pessoa que falou é uma pessoa que fez um Reda em 2010, 2011, mas Reda só vale por quatro anos e eu fui notificado pelo Ministério Público para tomar uma medida quanto a isso, e tomei. Convoquei um novo Reda para o Samu, tanto que todos os novos contratados estão todos enquadrados na forma correta, e as pessoas mais antigas, como essa que falou, entraram na justiça e conseguiram a reintegração. Mas a nossa procuradoria está neste momento verificando a condição de que essa decisão judicial seja revogada, mas o que há de condição de equipamentos novos o Samu tem, com todas as suas boas condições. Eu fiz o que manda a lei. Reda vale por quatro anos, inclusive essa pessoa que falou estava há 8 anos, foi fazer a nova prova, não logrou êxito, e os que fizeram e assumiram então todos em dia. Eu já pedi à coordenadora Maisa Macedo para ir lá, mas de qualquer forma eu vou lá também checar as denúncias. Por trás disso existe um interesse político, sim, não há outro objetivo que não seja político”, declarou.

O que diz a Secretaria Municipal de Saúde

Estado dos equipamentos - amabulâncias do Samu de Feira de Santana - enviada pela SMS -2
Foto: SMS

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou ao Acorda Cidade, por meio de nota, que não há falta de materiais para realização das ações do serviço, e que as ambulâncias do Samu possuem respirador (ventilador mecânico), desfibrilador, cateteres e soros. Leia a nota na íntegra:

Estado dos equipamentos - amabulâncias do Samu de Feira de Santana - enviada pela SMS -2
Foto: SMS
Estado dos equipamentos - amabulâncias do Samu de Feira de Santana - enviada pela SMS -2
Foto: SMS

Nota de esclarecimento

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que as ambulâncias do Samu possuem respirador (ventilador mecânico), Desfibrilador, cateteres e soros. Não há falta de materiais para realização das ações do serviço.

O abastecimento de materiais do Samu é feito regularmente, e caso haja necessidade, é realizado um reabastecimento extra.

O órgão é referência na assistência para casos de urgência e emergência em Feira de Santana. Somente de janeiro até o dia 18, mais de 6.500 ocorrências foram atendidas. Em média, 90 chamadas são recebidas de forma diária. Na cidade, o serviço é disponibilizado 24h, por meio do número 192.

Em 2023, o Samu obteve diversos investimentos como a aquisição de cinco novas ambulâncias, descentralização das bases e realização de processo seletivo para preenchimento de 238 vagas com quadro de reserva.

Neste ano, o serviço instalou uma nova base no Shopping Popular para garantir uma resposta mais ágil às demandas de emergência, considerando a concentração de pessoas e atividades na região comercial. Além disso, também está previsto a aquisição de quatro novas ambulâncias, sendo uma de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).Vale ressaltar que a coordenação do SAMU sempre esteve à disposição para o diálogo com os profissionais.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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