Dia da Consciência Negra

Moviafro destaca a importância de combater desigualdades e enaltecer contribuições do povo negro

Segundo a professora, Marcela Barbosa, a desigualdade social no Brasil tem cor e tem gênero.

Moviafro destaca a importância de combater desigualdades e enaltecer contribuições do povo negro
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Neste domingo (20), celebramos o Dia da Consciência Negra. Uma data que deve ser pautada durante todo o ano, visando valorizar e dissolver as raízes da desigualdade que assolam e rodeiam, principalmente, o povo negro. A Associação Cultural Moviafro, principal representante do movimento negro em Feira de Santana, possui o objetivo de  recuperar a dignidade negra, a identidade, cultura e a memória afrobrasileira. Viabilizando a autoestima da comunidade negra, propagando e fortalecendo a cultura afro.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Val Conceição, Coordernador geral da Associação Cultural Moviafro de Feira de Santana, contou ao Acorda Cidade que este é um mês de reflexão.

“O mês da Consciência Negra para gente significa um momento de muita reflexão, sempre é um momento de retomada, e é um momento para a gente expor o que é que esperamos, não só para este mês da Consciência Negra, mas para todos os dias das nossas vidas. Então a gente aproveita para comemorar, refletir e convidar a sociedade para lembrar da gente também nos outros meses,” sinalizou.  

O aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, maior referência do movimento negro, é comemorado neste dia.

“Esta data é importantíssima, no 20 de Novembro lembramos da morte de Zumbi e nos traz também a reflexão de tudo aquilo que ele passou para que hoje pudéssemos estar aqui,” disse.

Para o Moviafro, o mês da Consciência Negra também é um mês de aniversário, como destacou Val Conceição.

“A Moviafro foi fundada em 20 de novembro de 2014, então estamos completando agora, oito anos de existência, se consolidando a cada ação afirmativa que a gente realiza, conquistando a cada ação, mais parceiros, homens e mulheres negros e brancos, antirracistas. É um entidade que abraça também os irmãos e irmãs antirracistas, não é uma entidade que é só formada por negros, mas por aqueles que têm um carinho especial e reconhcem a luta antiracista,” indicou.  

Falar sobre Consciência Negra é um desafio não só no município, mas em todo o mundo.  

“É um desafio no município, estado, país, no mundo. Por isso que eu falo que não podemos falar sobre a Consciência Negra somente neste mês, a gente luta do dia 1º de janeiro ao dia 31 de dezembro, a gente dorme e acorda, negro e negra. O mês da Consciência Negra precisa continuar existindo, mas é necessário que a gente possa deixar as pessoas cientes de que precisamos ter a Consciência para além do Novembro Negro,” observou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, a professora de história, Marcela Mendes Barbosa, salientou que a desigualdade no Brasil tem cor e gênero.

“A luta contra a desiguldade social é muito grande, principalmente para nós, população negra, porque a desigualdade social no Brasil tem cor e tem gênero, e é uma mulher negra. São desafios grandiosos, desde o pós-escravidão que deixou a nossa população negra à mercê. Não tivemos nenhuma condição, tanto de políticas públicas no pós-escravidão, em 1888, até os dias atuais. Temos tentado  suprir junto a algumas políticas públicas, como a Pólítica Pública de Cotas, para que negros e negras adentrem às universidades, inclusive eu estou professora após essas políticas de cotas, que buscam minimizar as desigualdades sociais vividas pelas populações negras brasileiras, diversas, periféricas… afinal, somos periféricos, somos de distritos, somos de quilombos, é uma população negra que também é diversa em suas vivências,” complementou.

Discutir o Novembro Negro, segundo a professora, é essencial para reduzirmos as desigualdades, principalmente após a pandemia. E serve também para debatermos condições, dando visibilidade ao povo negro.

“Nesse pós-pandemia estamos tentando nos estruturar para lançar os nossos jovens e crianças para terem uma melhor condição de vida, e uma melhor condição educacional, para reduzirmos junto a educação, esporte, lazer e outras políticas públicas, diminuir as desigualdades vivenciadas pelo povo negro  no Brasil. Para além do mês de novembro, queremos que as pessoas enxerguem que nós negros podemos estar nos espaços de poder… Logo estamos estudando, temos mestrado, temos doutorado, podemos ocupar os espaços de poder, e executar as diversas funções nos diversos cargos. As nossas condições dentro da periferia, o morticídio da população negra é algo que a gente precisa debater de janeiro a janeiro e é algo que estamos aqui lutando, não só em novembro. Estamos lutando para que a nossa voz seja amplificada para que tenhamos a redução de diversas desigualdades e que também não seja só um momento de luta, mas também queremos mostrar que os nossos ancestrais trouxeram não só a mão de obra escravizada, mas também trouxe vestimenta, religiosidade e cultura diversa,” relembrou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Marinalda Soares, Coordenadora do Núcleo de Ação Social Moviafro, destacou como o Moviafro atua no empoderamento, principalmente, das mulheres negras.

“Nós temos  o Miss Afro, no qual tentamos consciêntizar as meninas, jovens, a se autorreconhecerem negras e se autoidentificarem como mulheres negras. Mulher negra sofre preconceitos em todos os âmbitos, tanto estrutural, quanto fisicamente, dentro de casa, com seus companheiros, fora de casa, no trabalho e em muitos locais,” elencou.  

Nós somos negros, somos a maioria e a cor da nossa pele não define o nosso caráter, frisou Marinalda.  

“Podemos ser o que quisermos podemos estar onde quisermos, podemos ocupar os nossos espaços que foram negados há tempos. E nós estamos ocupando o nosso espaço de direito,” concluiu.  

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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