Corpo de Bombeiros recebe chamadas semanalmente para socorrer bebês engasgados 

Um engasgo pode ser fatal se não tiver o socorro correto e devido a tempo. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, mais de 94% dos casos de asfixia por engasgo acontecem antes dos sete anos de idade, situação essa que foi fatal para uma bebê de apenas 21 dias da cidade de Itabuna, no sul do estado. Ela morreu sufocada com leite logo após engasgar. Em Feira de Santana, esse tipo de ocorrência tem acontecido semanalmente, principalmente com recém-nascidos, como conta o sargento Santana, do Corpo de Bombeiros do município. 

Em entrevista ao Acorda Cidade, o militar esclareceu algumas medidas que podem ser decisivas no momento de prestar o socorro para as pessoas que possam estar engasgadas, além disso, trouxe informações que podem desvendar o aumento de ocorrências envolvendo os bebês. 

Os recém-nascidos são os que mais registram ocorrências deste tipo, segundo explicou o sargento. 

“Geralmente, é o leite materno que é o único alimento que o recém-nascido recebe da mãe e logo, quando ele nasce, ele começa a aprender a respirar e se alimentar ao mesmo tempo. Então ele aumenta a frequência cardíaca e a frequência respiratória. Só que, nesse processo, ele cansa e, quando ele cansa, ele adormece com a boca cheia de leite. Isso faz com que ele durma, ele nem engole e nem recebe mais leite. E isso provoca engasgo”, explicou o bombeiro militar.

Em caso de engasgo o atendimento correto, rápido e preciso pode evitar um óbito, por isso, o sargento alertou para a importância de todas as pessoas aprenderem sobre primeiros-socorros, para além de serem socorristas ou não. Os militares já estão realizando treinamentos nas escolas.  

“Toda tropa está apta e é treinada cotidianamente sobre vários temas, inclusive engasgo, para recém-nascido, para adolescentes, para adultos e jovens, para toda a faixa etária. O Corpo de Bombeiros, o 2º Batalhão Militar de Feira de Santana, já faz um trabalho sobre a Lei Lucas, ministra sobre vários temas, inclusive sobre engasgo, nas escolas municipais e escolas estaduais”. 

A Lei Lucas, criada em 2018, foi uma importante medida para promover a segurança nas escolas, tornando obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros para professores e funcionários de ensino públicos e privados de educação básica, bem como de estabelecimentos de recreação infantil. A legislação pretende garantir que os profissionais estejam preparados para lidar com situações de emergência, como engasgos e outros incidentes que possam ocorrer com as crianças e adolescentes. 

A norma passou a ser discutida na cidade, após a morte do pequeno Derick Trindade Guerrieri, de apenas 2 anos, perder a vida engasgado com um pedaço de pão enquanto estava sendo supervisionado em uma creche de Feira de Santana.  

Em Feira de Santana, o Corpo de Bombeiros tem atuado arduamente para prevenir esses casos e também socorrer as pessoas. Em parceria com o Cicom, Centro Integrado de Comunicação, que atende também as polícias civil e militar, chamadas são enviadas semanalmente com pedidos de ajuda.

“A gente recebe o chamado, o pedido de socorro através do 193 ou 190, através do Cicom, e o teledespaço está apto, ativo, para pedir para a mãe se manter calma e seguir as instruções, que cada caso será um caso. São duas etapas importantes. Do lado de lá da linha, a gente não sabe se a mãe tem um nível intelectual avançado ou é baixo. Então, precisamos passar toda a orientação de forma mais simples e objetiva. Primeira coisa, eu peço para a mãe se manter calma e depois eu passo as instruções, peço para ela me dizer como está a coloração ao redor da boca da criança, se a criança está respirando, eu peço para ela movimentar a criança, e ela vai respondendo as minhas questões e eu vou perguntando a ela e pedindo para ela fazer algumas atividades simples que logo a criança venha chorar, estimular essa criança a chorar, e ela vai responder e vai voltar a respirar”, explicou.