Quem trafega pela Avenida Transnordestina, na região norte de Feira de Santana, consegue observar uma grande quantidade de barracas instaladas ao lado do Centro Social Urbano (CSU), bairro da Cidade Nova.
A reportagem do Acorda Cidade esteve na manhã desta segunda-feira (30) em alguns pontos da Transnordestina para conversar com alguns moradores.
Natural de Salvador, Edil de Jesus Lima, 60 anos, contou que chegou em Feira de Santana em busca de familiares, mas não obteve êxito. Para continuar residindo na cidade, começou a trabalhar com reciclagem.
“Aqui residem umas seis famílias, teve até uma pessoa que ganhou uma casa aí do Programa Minha Casa Minha Vida, só que a casa dela é de escada, ela sofreu um acidente e não pode nem dobrar o joelho. A prefeitura conseguiu uma casa para mim lá no Solar da Princesa, na Gabriela, só que depois de um tempo, o dono chegou dizendo que era dele a casa e me botou para fora. Eu sou filha de Salvador, meus pais morreram e vim procurar os parentes aqui na cidade, só que não encontrei ninguém. Nisso daí, já são 15 anos vivendo desta forma, a família aumentando e todos morando aqui. A gente trabalha com reciclagem, recolhemos garrafas Pet, papelão, latinha, e vivemos de doações também. Tem gente que passa aqui, entrega 1kg de arroz, de feijão e a gente vai levando”, contou.
De acordo com a moradora, cerca de 18 pessoas estão morando ao lado do CSU, entre adultos e crianças.
O Acorda Cidade buscou maiores informações com o secretário de Desenvolvimento Social, Antônio Carlos Borges Jr. Segundo ele, mesmo com o município ofertando ajuda, muitas pessoas preferem voltar a ficar em situação de rua.
“Nós estivemos com a nossa equipe de abordagem visitando todos estes locais, seja no CSU, viaduto da Cidade Nova, e até mesmo aquele viaduto da João Durval. O que percebemos é que, geralmente no mês de dezembro, próximo do Natal e Ano Novo, muitas pessoas saem de suas residências ou saem por alguma questão de vulnerabilidade e seguem para estes pontos para receberem doações da própria comunidade. Nossa equipe oferta o Centro de Abrigamento, que fica na Praça do Tropeiro, onde temos um suporte com refeições, assistentes sociais, psicólogos, advogados, uma república para mulheres e outra para homens, mas o que constatamos é que elas se declinam para esta ajuda e retornam para estes pontos da cidade”, informou.
Com relação ao auxílio de aluguel, o secretário informou que este benefício é de modo temporário.
“Eles nos solicitaram um auxílio de aluguel, mas este benefício tem um prazo vigente, onde estas pessoas que estão sendo subsidiadas precisam também ter condições e buscar alternativas. De qualquer forma a nossa secretaria, de forma conjunta com outras, se mobiliza, nós temos o consultório de rua, que é uma equipe da Secretaria de Saúde, nós temos o Conselho Tutelar para verificar essas crianças que estão na rua, temos também a parceria da Secretaria de Educação, para que possamos de alguma forma encaminhar estas crianças para as salas de aula, então são ações que sempre estamos realizando em nosso município”, afirmou.
Segundo Antônio Carlos Borges Jr, cerca de 100 pessoas estão em situação de rua em Feira de Santana.
“No ano de 2022, nós fizemos uma pesquisa junto com uma Faculdade daqui de Feira, onde tivemos a participação de 20 estudantes com vários questionários, e as equipes foram em diversos pontos da cidade. Encontramos aqueles moradores que realmente residem na rua e encontramos também aquelas pessoas que passam boa parte do tempo na rua, mas tem algum local para passar a noite. Nós mapeamos 100 pessoas, e estes dados servirão para uma ação através de políticas públicas, tanto da secretaria de Ação Social, como também da secretaria de Mulheres e Educação, para que juntos possamos criar esta grande rede de proteção”, afirmou.
Questionado sobre a presença de crianças em sinaleiras pedindo dinheiro ou vendendo doces, o secretário afirmou que o Conselho Tutelar juntamente com o Ministério do Trabalho já está fazendo esta fiscalização.
Ainda de acordo com o secretário, ONGs e projetos sociais prestam apoio às pessoas em situação de rua.
“Nós temos várias ações e convênios com instituições aqui de Feira de Santana, a exemplo do Dispensário Santana, a Afas e outras. Temos também o apoio da indústria, que reserva 2% do imposto de renda anual e deposita para o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, e aqui eu registro o Juiz Walter, onde 120 crianças são atendidas, muitas fazem balé, música, capoeira, entre outras atividades, dando um suporte para todas elas que estão em vulnerabilidade”, concluiu.
Com informações dos repórteres Ed Santos e Paulo José do Acorda Cidade
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