Feira de Santana

Apae abre a Semana Azul para celebrar o Dia Mundial da Conscientização do Autismo 

Atualmente cerca de 300 pessoas são atendidos pelo Nepea. Na lista de espera são aproximadamente 500 aguardando o serviço. 

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Feira de Santana, através do Nepea, Núcleo Especializado para Pessoas com Espectro do Autismo, realizou nesta terça-feira (2) uma programação especial para abrir a Semana Azul em celebração ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, criado desde 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Atividades lúdicas, brincadeiras, muita música, entre outras ações, foram realizadas para celebrar a data e as pessoas que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Participaram da programação, crianças e adultos com TEA, pais, amigos, familiares, gestores da Apae, apoiadores da causa, entre outras personalidades. 

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A diretora da Apae, Mary Portugal, explicou que o evento tem o objetivo de expandir a conscientização do autismo tanto para as famílias que participam do Nepea, quanto para a sociedade em geral compreender os direitos e desafios enfrentados por esses cidadãos. 

Apae - Nepea
Mary Portugal | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“É o dia em que, principalmente nós que estamos aqui, trabalhando com essas pessoas para que as famílias também possam estar conscientizando a toda a comunidade sobre o autismo, sobre os desafios, sobre as dificuldades que essas pessoas enfrentam. Então, esse é o dia 2 de abril, mas durante toda a semana, nós estaremos também com atividades de conscientização. Hoje foi um dia festivo a nossa abertura, tivemos pela manhã na sede, a tarde agora aqui no Nepea, mas o objetivo nosso realmente é conscientização e luta em defesa dos direitos”, declarou. 

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Segundo a diretora, atualmente cerca de 300 crianças, jovens e adultos são atendidos pelo Nepea. Na lista de espera são aproximadamente 500 pessoas aguardando o serviço. 

“Essas pessoas são atendidas através de uma equipe multidisciplinar, composta de médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, musicoterapeutas, diversos profissionais. E mais o pessoal também da educação, pedagogos, psicopedagogos, professores especializados, professores de educação física. Existem três níveis do TEA, um, dois e três. Aqui na Apae a gente atende mais esse pessoal do nível três, um pessoal com maior comprometimento que precisa de todos esses atendimentos, principalmente para ser incluído na sociedade.”, explicou.

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Apesar dos inúmeros serviços que a Apae oferece para crianças autistas, ainda há muitas outras pessoas que ficam fora do alcance da instituição. No ano passado, o atendimento na unidade foi suspenso pela falta de repasse das verbas, o que interrompeu o tratamento de muitos jovens e crianças e adultos. 

“Infelizmente, a prefeitura não tem repassado com a regularidade o que a Apae necessita para manutenção dos seus trabalhos. Recursos que chegam do Governo Federal não são repassados, que deveriam ser repassados praticamente imediatamente”, afirmou o vereador Silvio Dias (PT) que também participou da abertura da Semana Azul.  

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, ele falou sobre a responsabilidade do poder público de garantir os direitos das pessoas com deficiência, principalmente em uma instituição tão impactante como a Apae.

“A prefeitura apenas é um intermédio para chegar aqui. O recurso não deve ficar preso na prefeitura. Recursos também que são alocados pelos vereadores, através de verbas de subvenção, não estão sendo pagos, o que dificulta a prestação de serviços por parte da Apae, um serviço de excelência, um serviço de qualidade, um serviço de acolhimento. As crianças atendidas, os adultos, se não estivessem sendo atendidos aqui nessa unidade, com certeza estariam pressionando ainda mais o serviço público municipal de saúde. A Apae consegue reduzir essa pressão no momento que trabalha acolhendo essas famílias, porque também não são só as crianças, são as famílias acompanhadas, e com isso dão uma condição de vida melhor”, pontuou Silvio Dias.

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O vereador ainda destacou que além de atender pessoas de Feira de Santana, a Apae através do Nepea, trabalha com as pessoas de cidades circunvizinhas que não possuem uma especialização multidisciplinar deste porte e que é fundamental a manutenção de uma estrutura como essa atuante. 

“Trabalho com carinho, trabalho de excelência, eu quero parabenizar toda a diretoria da Apae, mas também todos aqueles funcionários que trabalham com amor. Porque quem trabalha aqui não trabalha apenas por salário, trabalha pelo amor que tem a essas crianças, pelo amor que tem pelo trabalho que realizam muitas vezes, inclusive, trabalhando com salário atrasado em razão dessa falta de repasse de recursos que deveriam estar, de forma regular, chegando aqui. Então, esse é o momento da gente tratar da conscientização do autismo, mais uma vez, fica a chamada para que a prefeitura repasse com regularidade esses recursos que são da Apae para que esse trabalho continue sendo realizado”, afirmou.

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Para compreender melhor o transtorno, a psicóloga do Nepea, Natália Lima, explicou ao Acorda Cidade algumas características que podem definir o autismo. 

Apae - Nepea
Natália Lima | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O autismo é definido por um conjunto de condições que caracterizam o atraso no desenvolvimento da criança. Por exemplo, o atraso na fala, no desenvolvimento social, na comunicação. Através dos fatores do desenvolvimento que a criança apresenta. Até mesmo na pega da mama da mãe, aquela criança que tem a falta do olhar, do contato físico, aquela criança que chora muito. Hoje nós temos uma intervenção precoce muito frequente, justamente porque esses diagnósticos chegam para a gente bem cedo, não são mais tão tardios quanto antigamente”. 

O diagnóstico de autismo é dado conforme a necessidade do suporte e pode ser dividido entre três níveis, sendo 1, 2 ou 3, a depender do grau de desenvolvimento, como explicou a psicóloga. Quanto mais a pessoa tiver necessidade de desenvolvimento, maior será esse grau de suporte. Após a detecção, uma equipe multidisciplinar deve acompanhar a pessoa com autismo.

“Se o médico entender que a criança tem alguma necessidade para fazer uso de medicamento, ele faz essa intervenção medicamentosa. Algumas crianças não fazem esse acompanhamento com medicamento e outras sim”. 

Alguns estereótipos rotulam, principalmente as crianças com autismo, como agressivas ou inquietas, o que, segundo Natália, pode ser um comportamento esperado de qualquer criança.   

“Essas crianças que têm esse nível de agressividade precisam ser trabalhadas, até porque esse nível de agressividade não está dentro do diagnóstico. É mais comportamental, mais do fator ambiental. Então, a gente trabalha essa questão também com a criança para que essa frequência venha sendo diminuída”, explicou. 

Apae - Nepea
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A realidade da pessoa com autismo não é distante de uma pessoa com qualquer outro transtorno. Falta acessibilidade para estudar e para adentrar o mercado de trabalho. Apesar da Lei de Inclusão Brasileira, ainda é preciso conscientizar e reeducar a sociedade para respeitar a pessoa com TEA. 

“A gente percebe que as escolas estão buscando esse suporte maior, principalmente no serviço de psicologia. E o que a gente espera é que quem quer aprender venha buscar o conhecimento para que isso possa ser feito. Mas para a nossa realidade ainda é um pouco bem distante que essas escolas estejam adaptadas a receber essas crianças com tanta facilidade”, lamentou a psicóloga. 

Por isso, ações como a da Apae transformam o pensamento de quem convive com pessoas com TEA e ensinam tantas outras a compreenderem melhores maneiras de adaptar o ensino, o tratamento e o respeito a essas pessoas. Tudo isso, desde cedo. 

“A gente está trazendo esses pais e esses familiares aqui, para que eles possam entender como eles podem adaptar o ensino dessas crianças, a compreensão. Então, a gente traz isso aí mesmo, porque a educação dessas crianças, ela precisa ser inclusiva. A escola tem a obrigação de fazer atividades adaptadas para elas, no mesmo nível de conhecimento que elas têm e que as crianças da sala delas também têm. É adaptação mesmo”, ressaltou.

Sobre o repasse de recursos da prefeitura municipal para a Apae, o acorda cidade buscará mais esclarecimentos.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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